Serviços de jogos e o pêndulo de Schopenhauer!

Game Pass

O que serviços de jogos como Game Pass, EA Play, Ubisoft+ e outros têm a ver com um filósofo alemão do século XIX? Sim, eu sei, é um título esquisito, uma ideia estranha, mas calma, vai fazer sentido! Recentemente muito tem sido discutido sobre a compra do momento. Como todos já estão carecas de saber, a Microsoft está adquirindo a Activision Blizzard por 69 Bilhões de dólares e entre os muitos resultados desse movimento, estão a chegada de diversos jogos ao serviço Game Pass.

Com isso, se levantou uma discussão que teve como resultado um texto muito interessante sobre o “Paradoxo da Escolha” e como esse fenômeno se encaixa com o atual momento que vivemos na indústria do entretenimento! Fenômeno esse que me fez pensar, muito, sobre como o consumismo atual funciona. Afinal, por qual motivo a felicidade seria limitada pelas opções em excesso, quando pela lógica, deveria ser o contrário? Bem, debatendo com um grande amigo sobre o assunto, acredito que cheguei a uma resposta!

A acessibilidade atrelada aos serviços!

Não é segredo que serviços mudaram a indústria. Seja na música com o Spotify, filmes e séries com a Netflix e agora jogos, tendo como grandes exemplos o Game Pass e a nova PS Plus, os serviços apareceram para ficar! A quantidade enorme de conteúdo, atrelada a um valor muito mais acessível do que o fornecido pelas compras únicas fizeram do novo modelo de distribuição de jogos um grande sucesso mesmo em seus estágios iniciais!

Com isso, muitos, que antes não tinham acesso a esses produtos de entretenimento agora podem se deleitar de horas de diversão e se afogar na dopamina gerada por lançamentos! Mas claro, como tudo na vida, existe um contraponto. Afinal, da alegria do consumo, sai o que seria a tristeza do excesso. E aí entra, o “Paradoxo da Escolha”!

Menos é mais?

Resumidamente, o “Paradoxo da Escolha” se resume em uma instância onde, a pessoa, por ter muito acesso e uma quantidade absurdamente grande de opções, um paralelo claro aos serviços no entremetimento, se sentiria sufocada! O que resultaria no menor interesse da mesma naquelas obras que não seriam mais vistas como algo tão especial, e por fim, em uma infelicidade causada por esse desinteresse. Claro, isso não se trata de um “Status Quo” visto que cada pessoa reage de maneira diferente a diferentes estímulos. Porém, é uma questão justa!

Não estaríamos nós, como consumidores, em sua maioria, fadados a essa infelicidade causada pelo excesso das opções? Afinal, de onde veio o desinteresse, o enjoo, o excesso, se não desses serviços que agora fazem parte do nosso dia a dia! Bom, as respostas podem variar, mas na visão daquele que escreve, a resposta é não.

A necessidade das escolhas!

Em uma situação como a que vivemos hoje, não só na indústria do entretenimento como no geral, eu pessoalmente, vejo a variedade de possibilidades com muita alegria! Falando sobre os jogos, ver mais pessoas, jogando mais jogos, às vezes realizando um sonho de finalmente ter acesso a lançamentos, é fora de série!

Com o maior número de possibilidades, com os novos métodos de distribuição, temos agora o que pode vir a se tornar a maior base de consumidores de jogos em todos os tempos! E isso pessoalmente me empolga! Sendo algo tão animador para mim, se torna impensável que tamanha vantagem seja o causador de tamanha insatisfação. E aí entra o bendito pêndulo.

O pêndulo de Schopenhauer.

Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão do século XIX, que de maneira interessante, levantou uma tese que pode muito bem se aplicar ao entretenimento. Segundo Schopenhauer, a vida humana é como um pêndulo que oscila, sem parar, entre a dor e o tédio. Dois extremos, sendo, a dor de querer muito algo, porém não possuir, e no fim, o tédio por finalmente conseguir aquilo, resultando em uma sensação de vazio. Em seu conceito, a felicidade e prazer está presente em um pequeno momento da vida, onde o pêndulo está no meio do seu caminho! Aquele fatídico momento em que você conseguiu o que tanto queria, e ainda não teve tempo de enjoar ou se decepcionar!

Convenhamos, quem nunca passou por isso? Comprar um celular novo e desgostar depois de um ano, comprar um jogo e terminar ele tão rápido quanto uma bala, resultando na famosa “depressão pós-jogo”. São instancias normais dá vida, que em seu conceito, também se aplicam aos serviços. Muitas pessoas passaram muito tempo, desejando ter acesso a certos jogos, e agora que esse acesso veio todo de uma vez o pêndulo chegou do outro lado.

E isso não significa que o problema esteja nos serviços, nas opções e no acesso que beneficia a muitos, e sim, na minha visão, em como algumas pessoas consomem esses serviços. Talvez por abrir jogos demais, talvez por se forçar a jogar o que não gosta e às vezes simplesmente pela sensação da necessidade de jogar tudo que chega ao serviço! Essa angústia causada pela dor de querer jogar esses jogos resulta na felicidade rápida e logo o enjoo por já conseguir o que se queria. Então, o que fazer?

Quebre o ciclo!

A resposta é simples e direta. Quebrar o ciclo vicioso! Se focar em um único jogo, re-jogar jogos, tentar descobrir algo novo, entre outras coisas. Muitas são as maneiras de escapar do ciclo de desejar, ter e enjoar. No fim do dia, jogos servem apenas para uma coisa, divertir. Na minha visão, o que se pode fazer, é focar no que importa. Não importa se seus jogos veem de uma assinatura, de uma compra, etc. Não importa se é um lançamento ou um jogo da velha guarda, no fim, o que importa é a diversão que esse jogo traz.

No mais, vejo como algo ótimo que, cada dia que passa, mais pessoas tem acesso a esse passatempo que tanto amo por meio dos serviços. Seja como for, o que importa é se divertir com esses jogos e não a forma que os adquirimos! Sendo assim, experimente! É claro, o efeito do pêndulo eventualmente pode acontecer, mas isso não significa que ele precise ser o que limita a diversão. Se você se sente preso no pêndulo, inove, tente algo diferente! Uma nova plataforma, uma nova experiência, um novo estilo! Afinal, por que se prender a algo quando existem tantas opções de como podemos nos divertir?

Claro, talvez essa seja apenas uma reflexão de um rapaz emocionado com a alegria que o aceso aos jogos causam para muitos, mas, no fim das contas, é para isso que eles servem não é?


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