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The Sandman | Confira nossa crítica (Sem Spoilers)

Depois de noites mal dormidas, acredito que a maioria dos fãs, da HQ de Sandman, pode finalmente descansar. A Netflix fez um ótimo trabalho.

E quando digo que o streaming trabalhou bem, estou falando sério! Afinal, diante de um vasto quadro de adaptações que deixaram a desejar (alô, Death Note e Cowboy Bebop, estou falando de vocês), The Sandman veio para dar um respiro nesse emaranhado de live-action sem sentido.

Só que The Sandman tinha uma carta na manga: o seu produtor-executivo era o próprio criador de todo o universo em questão, Neil Gaiman.

Ficha Técnica
Título: The Sandman
Ano de Produção: 2021
Dirigido Por: Jamie Childs, Andrés Baiz, Louise Hooper, Mike Barker, Mairzee Almas e Coralie Fargeat.
Estreia: 5 de agosto de 2022
Duração: 480min
Classificação: 18+
Gênero: Fantasia
País de Origem: Estados Unidos
Sinopse: Em The Sandman, um mago tenta capturar a Morte (Kirby Howell-Baptiste) para barganhar pela vida eterna. Contudo, acaba prendendo seu irmão mais novo Morpheus (Tom Sturridge), o Rei dos Sonhos. Temendo por sua segurança, o mago o mantém preso em uma garrafa de vidro por décadas. Após sua fuga, Morpheus, também conhecido apenas como Sonho ou Sandman, parte em busca de seus poderosos objetos perdidos. Ele está determinado a trazer de volta a ordem para seu Reino e fará o que for preciso para restaurar seu mundo, agora deteriorado depois de sua ausência.

 

O que é The Sandman?

Em breve síntese, The Sandman é a adaptação da obra-prima de Neil Gaiman lançada nos anos 80, pela DC Comics, com o selo Vertigo. Este selo publicava histórias mais voltadas para o público adulto, como Monstro do Pântano, Hellblazer, V de Vingança, entre outras.

É na HQ que conhecemos a história de Morpheus, ou Dream, ou Oniromante, ou Lord Moldador, ou Kai’ckul ou João Pestana (sim, aqui no Brasil, ele tem, também, o seu nome bem peculiar).

Morpheus é um dos sete Perpétuos, que são representações antropomórficas de forças da natureza e dos seres vivos: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio (no original, todos iniciam com a letra D – Destiny, Death, Destruction, Dream, Desire, Despair e Delirium).

Composta de 75 edições e algumas spin-offs, a história de The Sandman possui, basicamente, 10 arcos:

Prelúdios e Noturnos (01 a 08);
A casa de Bonecas (9 a 16);
Terra dos Sonhos (17 a 20);
Estação das Brumas (21 a 28);
Espelhos Distantes (29 a 31 e 50);
Um Jogo de Você (32 a 37);
Convergência (38 a 40);
Vidas breves (41 a 49);
Fim dos Mundos (51 a 56);
Entes Queridos (57 a 69);
Despertar (70 a 73);
Exílio (74); e
A Tempestade (75).

Vale lembrar que a primeira temporada da Netflix, corresponde aos arcos Prelúdios e Noturno (episódios 1 a 6) e A Casa de Bonecas (episódios 7 a 10).

No entanto, podem ficar tranquilos! Não é necessário ler as HQs para entender a série. Isso porque, a adaptação segue a essência dos quadrinhos e consegue trazer encandeamento à série com bastante competência, sem subestimar o raciocínio do telespectador.

Essência Mantida

Quando digo que a referida série da Netflix não perdeu a sua essência, estou falando sério. Afinal, há frames em The Sandman que parecem um Ctrl+C e Ctrl+V das páginas de Neil Gaiman. Sem contar a fotografia, que é de saltar os olhos (e que o Coríntio não me escute).

O roteiro mantém, em sua maioria, os diálogos da HQ, com algumas modificações. E ver tudo isso transportado às telas, é simplesmente encantador como o próprio Reino do Sonhar.

Neil Gaiman é um exímio contador de histórias e The Sandman é uma obra focada em evolução, experiências, lições e diálogos, não só sobre os Perpétuos, mas de toda humanidade. O que poderia deixar a série um tanto quanto arrastada para um novo fã desavisado. No entanto, isso não aconteceu!

Os acontecimentos são tão frenéticos ao decorrer dos 10 episódios, que eu fiquei pensando: como eles conseguiram condensar, de forma cirúrgica, mais de 200 páginas?!

Elenco Primoroso

Sem dúvidas, são as atuações do elenco de The Sandman que dão mais vazão e expressividade à série.

Embora muita gente tenha imaginado o vocalista do The Cure ou Tom Hiddleston em Amantes Eternos para viver Morpheus, acredito que Tom Sturridge fez um trabalho ótimo e eficaz com o seu Sonho. Principalmente, em momentos mais dramáticos do personagem em que a câmera foca nos olhos do ator.

Um destaque que não podia faltar é a participação de Kirby Howell-Baptiste. Assim como Tom tinha uma responsabilidade desigual em seu Sonho, a atriz tinha um grande feito: interpretar um dos personagens mais carismáticos da história de Neil Gaiman, a Morte. Aliás, para muitos fãs, ela é a personagem predileta. E a atriz entregou de forma ímpar, carregando sozinha, em sua interpretação, toda a imponência e maturidade necessária para aconselhar o seu desajustado irmão mais novo.

Da mesma forma, Vivienne Acheampong foi certeira com sua Lucienne (na HQ, Lucien). A fidelidade que a bibliotecária tem com o seu mestre é tanta, que ela demonstra tudo isso no olhar, na voz e nos gestos para o seu senhor. Lucienne não age como se temesse Sonho. Na verdade, ela transmite uma sensação de respeito, ainda que não concorde com alguns dos atos de seu Lorde Moldador.

Já um dos personagens que poderia se tornar caricato, mas creio que não ficou, foi Coríntio. O ator Boyd Holbrook fez um excelente trabalho com o seu personagem, dando um carisma que salta nas telas, como saltava nas HQs. Perdoe-me, Morpheus, mas houve breves momentos em que torci por sua criação.

Isso sem contar com outros atores que não podem ser esquecidos, como a presença imponente de Desejo (Mason Alexander Park), a audácia de Johanna Constantine (Jenna Coleman) e a insanidade de John Dee (David Thewlis).

O Corvo me Representa

Ainda que tenhamos somente a fala de Patton Oswalt, dublando o corvo Matthew, não podemos deixar de lado as suas hilárias interações com os demais personagens.

Aliás, a série acertou em dar mais uma proposta ao personagem, do que somente um alívio cômico, uma vez que Matthew acaba por se tornar a própria voz do telespectador. É tanta coisa surreal que vai acontecendo com o seu mestre, que o corvo lê os nossos pensamentos e simplesmente replica aquilo que nós diríamos em cada situação.

Sem dúvida, um dos melhores personagens da série.

Pesadelos também existem

É claro que nem só de sonhos habita a série da Netflix. Há, também, pesadelos passíveis de ajustes em suas próximas temporadas.

A primeira delas é o CGI. Ora, sabe-se que a série é de fantasia, e que um Reino do Sonhar só existiria nos nossos sonhos ou com esse artifício. No entanto, com tantos avanços tecnológicos sobre esse meio, é de entristecer que, em muitos momentos, é claramente possível perceber que os atores estão diante de um quadro verde. Acredito que essa obra-prima, a qual visa alavancar a Netflix, necessita de mais credibilidade e tato com uso dessa ferramenta tão usada nas mídias audiovisuais. Se isso for ajustado em possíveis temporadas vindouras, não há como negar que The Sandman será um dos melhores acertos do streaming da TuDum.

Outra questão, talvez pelo meu lado fã, é a claridade muito exacerbada da série, que pode perder um pouco do seu ar mais sombrio. Creio eu, que se a luminosidade fosse um pouco mais fria, como o episódio 5, por exemplo, seria muito mais rentável aos olhos.

Veredicto: The Sandman

Podem cair tranquilos nos braços de Morpheus! A Netflix soube fazer a lição de casa e nos entrega uma adaptação digna do espírito da obra-prima de Neil Gaiman, ainda que possua poucas falhas perfeitamente possíveis de serem ajustadas nas, tão sonhadas, próximas temporadas.

E como fã das HQs, creio que a adaptação em live-action foi eficaz em trazer as páginas à tela. Até, mesmo, em suas mudanças, para que o leitor assíduo não perca o interesse, porque a série copiou página por página de sua HQ favorita. Sobre isso, é importante deixar claro que é necessário, também, o elemento surpresa. Afinal, que chatice seria assistir a algo em que você não possa novamente se surpreender?!

Menções Honrosas

1: Mervyn Pumpkinhead dublado pelo nosso querido, Luke Skywalker, Mark Hamill.

2: A batalha de RPG de Morpheus no Inferno, ao melhor estilo Caju e Castanha.

3: Definitivamente, os episódios 5 e 6.

Até mais, e Obrigado pelos Peixes!

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