Desenvolvido por: CyberConnect2, BANDAI NAMCO Entertainment |
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Publicado por: BANDAI NAMCO Entertainment, BANDAI NAMCO Entertainment America |
Gênero: RPG, luta, battle arena |
Série: Dragon Ball |
Lançamento: 17 de agosto de 2023 |
Classificação indicativa: 12 anos |
Modos: Singleplayer |
Disponível para: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X/S, Nintendo Switch e PC |
DRAGON BALL Z: KAKAROT – The 23rd World Tournament (O 23º Torneio Mundial) trata-se da 5ª DLC de história, a segunda do segundo passe de temporada de Dragon Ball Z Kakarot. A nossa review do game base, com os aspectos gerais do game, você pode conferir aqui. Uma review da 4ª DLC pode ser conferida aqui.
O 23º Tenkaichi Budokai
O 5º DLC de Dragon Ball Z Kakarot é focado no arco do 23º Budokai Tenkaichi (23º Torneio de Artes Marciais), onde Goku acaba se encontrando com uma misteriosa garota e enfrentando Ma Junior, o Piccolo Jr. (nosso querido Senhor Piccolo), na última saga do Dragon Ball clássico. É o ponto de transição do Dragon Ball clássico para a fase Z (divisão esta existente apenas no anime), com os personagens que amamos já beirando a fase adulta, com Son Goku na casa de seus 18 anos. O Tenkaichi Budokai é um torneio de artes marciais tradicional do mundo de Dragon Ball, localizado no arquipélago do sul, que reúne na competição os melhores lutadores da Terra, em intervalos trienais. Interessante notar que este é um dos momentos da franquia menos explorados nos games, em contraste com a infinidade de jogos existentes da franquia como um todo, sendo retratado apenas em três games até então: Dragon Ball Z: Super Gokuden: Kakusei-Hen (Super Nintendo), Dragon Ball Z: Super Butōden (Super Nintendo) e Dragon Ball Z Attack of the Saiyans (Nintendo DS).
O episódio começa com o encontro do protagonista com seus amigos na entrada das inscrições para o 23º Tenkaichi Budokai, depois de um time skip de 3 anos após os eventos da saga de Piccolo Daimaoh. Son Goku, agora crescido, é um indivíduo que perdeu muito de sua ingenuidade e agora é um lutador astuto, ainda mais experiente, e na maioria do tempo adota uma postura confiante e provocativa perante seus adversários. E um desses oponentes a quem Goku tanto deseja enfrentar neste torneio, é ninguém menos que Piccolo Jr, cria/reencarnação de Piccolo Daimaoh, a quem Goku derrotara anos antes, e agora busca vingança pela morte de seu pai e a dominação global, acabando assim com o clima de reencontro entre amigos. Será que Goku pode impedir novamente os planos do Clã Demônio?
Conteúdos exclusivos
Como dito acima, o material oferecido neste conteúdo adicional apresenta um arco pouco explorado em meio às sagas exaustivamente abordadas de Dragon Ball, sobretudo da fase Z, pela primeira vez com os personagens desse arco modelados em polígonos, diga-se de passagem, o que acaba conferindo um certo ar de novidade ao que é apresentado na tela. Até porque o material fonte, hoje em dia, pode parecer um pouco datado para muitos, afinal, trata-se de um material exibido HÁ EXATOS 35 ANOS (sim, a data de lançamento desta DLC foi escolhida intencionalmente como forma de celebração da estreia do arco no Japão). Tudo aqui é apresentado de forma mais dinâmica, fluida e objetiva, sem deixar de cobrir os detalhes importantes da trama. As cutscenes têm uma qualidade muito boa e a maioria ocorrem em tempo real, com muitas poucas pré-renderizadas.
Destaque para alguns dos conteúdos apresentados aqui, como um pouco do passado de Tenshinhan ainda quando treinava sob a tutela do Mestre Tsuru e seu irmão caçula Tao Pai Pai, antes de se converter aos guerreiros Z, e o período após as núpcias de Goku e Chichi. Ao todo, além dos episódios da história principal, o conteúdo extra oferece 6 das famosas side quests bobinhas de Kakarot, com histórias para encher linguiça para você que busca justificar de alguma forma o valor investido.
O grande destaque aqui, porém, fica para a primeira batalha do game, que pode ser uma grande surpresa para muitos, por não ser o foco deste arco, mas acrescenta bastante à contextualização da história contada aqui, inclusive para aqueles que estão presenciando esses eventos a primeira vez. Um ponto que deixa a desejar, porém, é que das lutas do Torneio, apenas 3 você assumirá o controle, as outras lutas ocorrem somente sob a forma de cutscenes ou slideshow.
Uma nova mecânica de jogo: Batalha Terrestre
Em termos de gameplay, foram acrescentadas duas mecânicas, a primeira delas sendo a batalha terrestre, onde sua ausência no game base foi sentida. Apesar de o game base ser focado predominantemente na fase adulta de Goku, onde ele já conhecia o bukujutsu (técnica de voo), algumas das batalhas de Dragon Ball Z ocorriam também a nível do solo, então era de se estranhar este ser um dos poucos games de Dragon Ball onde não se lutava no solo.
Era de se permanecer cético, se o game funcionaria bem com a ausência de algo do tipo, quando era o tipo de batalha ainda predominante no arco em questão. Porém, a CyberConnect2 se saiu muito bem, e conseguiu adaptar um combate ao solo ao esqueleto do game base e só deixou ainda mais evidente o quanto este fez falta no game principal. Em muitos momentos, as lutas chegam a lembrar as da série Storm, da franquia Naruto, oferecendo um embate mais intimista, mas que ainda apela para magias extravagantes em certos momentos, um ponto negativo ao meu ver (mas presente também no game base e nos outros conteúdos adicionais), em que você chega a se perguntar onde personagens com tão baixo poder de luta (àquela época) armazenavam tamanha quantidade de ki. Mesmo com o combate restrito ao solo, você ainda pode atingir certas alturas para esquivar-se de ataques ou se preparar para desferir um ataque mais potente aéreo, fazendo uso do botão de pulo.
Algo que me causou uma certa estranheza, porém, foi a a arena do torneio. No mangá/anime a arena original é mais compacta, tendo sido expandida na saga Boo para dar mais liberdade aos lutadores. Aqui, no entanto, ela foi adaptada para o mesmo tamanho da saga Boo, ou até mesmo maior que isso. É compreensível que isso foi optado para permitir uma maior liberdade nas lutas, entretanto, peca um pouco no quesito da fidelidade.
Se você é veterano nos games modernos de Cavaleiros do Zodíaco / Saint Seiya já deve ter quebrado muitos controles, e se você possui um estoque de Dualshocks/Dualsenses guardados em seu armário e não sabia o que fazer com eles sem nenhum game novo dessa franquia no horizonte, se prepare para tirá-los da embalagem. Um recurso bastante comum da franquia CDZ e até mesmo em outros fighting games, é o reanimar de personagem, a segunda mecânica acrescentada aqui, que ocorre quando o personagem controlado perde todo seu HP, e tem a chance de se recuperar parte do HP e voltar ao combate ao se apertar freneticamente os controles, para que este reaja antes que seja eliminado pela contagem. Falando em ser eliminado, cuidado para não ficar próximo às bordas da arena, pois você pode ser lançado por seu oponente para fora da arena, resultando assim em uma eliminação imediata, sem qualquer chance de reanimação.
Na parte de exploração fora do ringue, Goku também não pode fazer uso de sua técnica de voo, mas conta com o auxílio de sua fiel amiga Kinto’un (nuvem voadora) para alcançar os lugares mais altos. O saiyajin naturalizado na Terra também pode batalhar nos arredores do torneio, nas limitações da ilha Papaya, contra bandidos inspirados no Bear Thief, um dos primeiros inimigos que Goku enfrenta na franquia, aliados a outras variantes de inimigos do game base.
Demais aspectos técnicos
A ilha Papaya é retratada com fidelidade, incluindo até mesmo o restaurante Delicious Saikan, onde o Mestre Kame geralmente levava seus alunos após o torneio. Porém, acredito que tenham removido por engano o Hospital Papaya no conteúdo DLC, pois este estava presente na versão moderna da ilha, no game base. A CyberConnect2 também faz um trabalho incrível recriando momentos icônicos da série em forma de jogo, desde a combinação brutal de golpes Meteor Combination de Goku contra Piccolo até momentos íntimos menores, como seu casamento improvisado com Chi-Chi com todos assistindo boquiabertos sem entender nada. No entanto, não é apenas o cenário e a recriação do conteúdo original de Dragon Ball que é único aqui. Pequenos detalhes como Goku usando uma onda de choque em vez de uma explosão de Ki e dependendo da Kinto’un para atingir maiores altitudes são apenas a cereja do bolo e provam quanto amor foi investido. A sequência final de encerramento do torneio, ao som de Makafushigi Adventure chega a marejar os olhos até de um brutamontes babariseijin.
The 23rd World Tournament: Vale a pena?
Assim como as demais DLCs de Kakarot, o conteúdo aqui é relativamente curto, com cerca de 2 a 3 horas de duração, mas ainda assim é uma das melhores DLCs de Kakarot, graças a finalmente nos dar algo fora da fase Z de Dragon Ball e ainda por cima retratar com tamanha fidelidade o material no qual se baseia. Jogar como Kid Goku pela primeira vez em mais de uma década na batalha contra o Grande Rei Demônio Piccolo é um dos melhores pontos do material, assim como ver versões mais jovens do elenco principal e personagens que Akira Toriyama há muito esqueceu, como Tenshinhan, Yamcha, Imperador Pilaf, Oolong e até mesmo Lunch. Fica uma sensação de reencontrar velhos amigos que há muito tempo não víamos. Porém, o preço desse reencontro é bastante salgado para um conteúdo relativamente curto, custando R$74,90 na PSN / Microsoft Store / Nintendo, porém, um pouco mais em conta na Steam, custando R$57,90. Ainda assim, é algo que merece ser conferido, mesmo que em alguma promoção! A CyberConnect provou ser mais do que competente para desenvolver um material cobrindo Dragon Ball clássico com as mecânicas de Kakarot, seja na forma de novos DLC, seja na forma de um game inteiramente novo!
Eu não escolhi esse caminho. O caminho, ele me escolheu. Leia mais aqui