Para muitos que assistiram o filme 500 Dias com Ela, acreditam que Summer seja a vilã, por vários motivos. Visto que Tom é o protagonista, é fácil cair nessa perspectiva, pois os espectadores querem que o rapaz acabe com a garota no final. Assim, a maneira como Summer pisoteava corações e buscava egoisticamente sua própria felicidade poderia ser visto como algo muito ruim, inclusive irritando o público, mesmo não se atentando para certos detalhes claros da personalidade dela. No entanto, no final do filme, fica claro que Tom é na verdade o vilão de sua própria história.
Não importa suas escolhas, Summer nunca se desviou de sua verdadeira natureza, deixando claro desde o início que ela não estava buscando um relacionamento ou amor verdadeiro neste romance porque não acreditava na ideia de almas gêmeas após o divórcio de seus pais. Ela até cortou a única coisa que mais amava na abertura de 500 Dias com Ela, seu lindo cabelo liso e negro, com sentimento algum em sua feição, um indicador de quão fria ela poderia estar a partir daquele momento.
500 Dias com Ela nos apresentou o vilão errado o tempo todo
O fato dela não ser vilã era explicado através de suas atitudes, por ela ser tão maluca, uma erva daninha balançando ao vento e alguém tão inquieta que Tom nunca deveria ter pensado em se estabelecer com ela, mesmo com tantos indícios de que não daria certo. Mais uma vez, ela sempre deixando claro sua natureza, mas Tom continuou tentando transformá-la em uma princesa em um conto de fadas, mesmo quando ela pediu para não ser.
Podemos notar mais da personalidade de Tom, quando ele e seus amigos usaram termos depreciativos como por exemplo “vadia” para mulheres que não demonstraram interesse, mesmo depois de rejeitá-los educadamente. Tom acabou ficando louco por Summer, tanto que seus amigos e sua irmã mais nova, Rachel, perceberam, que isso não era nada bom. Quando ele ficou pegajoso e o relacionamento desgastado, Tom teve um colapso em seu trabalho de redator de cartões comemorativos, onde seu chefe, Vance, franziu a testa para um cartão que ele escreveu que dizia: “Rosas são vermelhas, violetas são azuis … f * ck você, puta!”
Dizer isso sobre alguém que não traiu (não que isso seja certo também), mas apenas terminou é muito humilhante e venenoso. Resumiu o que Rachel deu a entender a Tom mais tarde, que ele nunca foi emocionalmente capaz de estar em um relacionamento. E essa imaturidade obsessiva foi comprovada com ele culpando a arte, a música, as cartas e o idealismo do romance por seus próprios erros, entrando no comercialismo quando sua perda de Summer foi devido à sua personalidade maníaca e ao fato de ele nunca a ter ouvido em primeiro lugar.
Summer se esquivou de Tom em vários momentos em 500 Dias com ela
Ela até chorou no final de A Primeira Noite de um Homem, deixando claro que não acreditava em casamento e que as parcerias de longo prazo acabavam fracassando. A reação de Tom, no entanto, foi a negação e forçá-la a ficar com ele por mais tempo, embora ela quisesse descansar, tudo para que ele pudesse manter a fachada de que eles estavam apaixonados. É um jogo de reféns emocionais, forçando a questão quando Summer, alguém que nunca disse a palavra “amor”, queria ser livre e sem compromisso. Tom, por outro lado, buscou desculpas e nunca se culpou por sufocar o relacionamento, optando por chamá-la de devoradora de homens.
Se Tom reconhecesse suas armadilhas, isso poderia ter ajudado com seus modos autodestrutivos. Não reconhecer suas próprias falhas mostrou que ele nunca soube o que constituía um relacionamento saudável. Na verdade, ele foi movido pela luxúria e não pelo amor, como ele se enganou ao pensar. Até Rachel teve que lembrá-lo de se concentrar em toda a sua experiência com Summer, não apenas nas partes boas, e parar de se lembrar dos aspectos superficiais: seu gosto musical, sua aparência, o sexo e o amor pelos filmes que eles compartilhavam.
Infelizmente, Tom nunca aprendeu a lição, o que é ainda mais evidenciado no final de 500 Dias com Ela. Ele não a conhecia quando eles foram para o mesmo trabalho de arquitetura, mas em vez de se concentrar na entrevista, ele voltou para convidá-la para um café. Ele deveria estar se concentrando em conseguir o emprego dos seus sonhos, aquele que adiou durante todo o filme, mas Tom mais uma vez usou a desculpa de ser um romântico incurável para pintar alguém que acabou de conhecer como “aquela”. É sintomático dele forçar o ângulo do “amor à primeira vista” novamente, e não ter tempo para se curar e ficar sozinho. Sabendo que Summer escondeu seu noivado dele, ele realmente deveria ter olhado para trás, feito uma autoavaliação e percebido que precisava parar de correr atras dos mesmo erros. Em vez disso, ele é viciado nesse tipo de comportamento imaturo, e é por isso que Tom era seu pior inimigo, o vilão do seu próprio enredo.
