SIFU | Confira nossa review

Sifu nos coloca dentro de um filme de artes marciais, mas parece querer que o vilão leve a melhor na história.

 

Você já ouviu falar no ditado “a prática leva a perfeição”? Essa afirmação sugere que para ser bom em alguma coisa, é necessário praticá-la muitas vezes. O grande problema é que já existem até estudos comprovando que algumas pessoas não chegam lá e uma dessas pessoas, pode ser você.

Sifu aposta numa dificuldade desafiadora que fará boa parte dos jogadores acabarem desistindo da experiência com o jogo. A princípio, você pode até achar que é um grande mestre do Kung Fu, eliminando seus adversários com golpes precisos e impactantes. No entanto, a brincadeira acaba quando um chefe surge e suga toda empolgação do seu peito.

A Sloclap é a desenvolvedora independente que está por trás dessa obra. Criada em 2015 – em Paris –, a mesma já desenvolveu o famoso jogo de ação online Absolver, presente atualmente no PC, PlayStation 4 e Xbox One.

UMA HISTÓRIA DE VINGANÇA

Por mais que as palavras sejam poucas, você irá ficar cativado pela emoção presente nas cenas. A direção de fotografia, os traços escolhidos e a dublagem criaram uma atmosfera que realmente captura a atenção do jogador para dentro da trama. Por sinal, pode colocar um sorriso no rosto, a Sloclap fez o favor de localizar a interface e legendas para português do Brasil.

“Sifu é a história de um jovem estudante de kung fu em uma trilha de vingança, caçando os assassinos de sua família. … Ele deve contar com seu domínio único do kung fu e com um pingente misterioso para prevalecer e preservar o legado de sua família.”

O jogo da início 8 anos após o ocorrido, onde nosso personagem principal – podendo ser menina ou menino – irá atrás dos 5 assassinos responsáveis pela chacina. A história de Sifu ocorre em um único dia, e cada parte do mapa corresponde a um horário diferente e conta com a presença de um assassino, além de sua gangue com características próprias.

O ENVELHECIMENTO É A MARCA DE SIFU

Em Sifu o jogador não morre, apenas envelhece. Porém vamos deixar claro, você não morre por lesões externas, mas ao estourar a casa dos 70, já era. Começamos com 20 anos, repletos de energia e vitalidade e ao envelhecermos trocamos essas duas qualidades por apenas uma, força.

O jogador não morre por conta de um pingente especial formado por moedas, e basicamente cada moeda representa uma década. Logo quando você alcança 30 anos, perde a primeira moeda e no lugar dela é recompensado com um pouco mais de força e punido em vitalidade.

No entanto, não vá pensar que você tem direito a 50 vidas, pelo contrário. Existe um contador de mortes, uma espécie de punição. Quanto mais você morre, mais o contador aumenta e ao renascer, sua idade vai de acordo com ele. Digamos que você morreu três vezes num mesmo confronto, então para renascer, você vai envelhecer 3 anos – e se cair de novo, vai envelhecer mais quatro. Porém é claro que o jogo fornece ferramentas e oportunidades para reduzir a contagem, mas nunca a idade.

É HORA DO FIGHT

O jogo é totalmente voltado para a ação, com uma jogabilidade criativa e explosiva. Mas não podia ser diferente, quando o diretor criativo da Sloclap utilizou a ajuda do seu próprio Sifu – Benjamin Colussi – para dar vida ao personagem principal. Os movimentos de Kung Fu são tão bem feitos, que nos fazem lembrar facilmente de Yip Man e de seu aluno mais conhecido, Bruce Lee.

A variedade de golpes é realmente digna de nota, mas não vem totalmente liberada ou não teríamos um sistema de progressão, não é mesmo? É pra isso que existe literalmente uma árvore de habilidades em sua Wuguan – escola de artes marciais -, que ao interagirmos permite trocar experiência por novos golpes, e esses podem ser desbloqueados de duas maneiras.

• Temporário: Significa que você o desbloqueou apenas naquele momento, então se acabar morrendo em definitivo ou reiniciar o nível, ele irá desaparecer.
• Permanente: Significa que na mesma jogada, além de você desbloquear, comprou ele mais 5x e a partir de agora ele estará sempre desbloqueado, mesmo se você retroceder os níveis.

O sistema de progressão não para por aí, e ainda permite o uso de estatuetas para regenerar sua vida, além de garantir melhorias de acordo com sua idade, pontuação ou experiência. Essa melhoria envolve uma maior durabilidade de armas, regeneração ao abater adversários e entre outras coisas, zerar o contador de mortes.

CENÁRIOS INTERATIVOS

Sifu não é apenas uma obra bonita, mas cultural. O mestre de Kung Fu, Benjamin Colussi morou por diversos anos na China e trouxe seus ensinamentos também para a arquitetura e layout da cidade que dá vida ao jogo. Mas sua participação não parou por aí, até mesmo os figurinos, decorações e móveis foram desenvolvidos de acordo.

A exploração também é importante no jogo, pois permite a você encontrar documentos que contribuem com o enriquecimento da história. Contudo, o mais impactante para o jogador, será encontrar os atalhos. Se em uma primeira jogada você pecar com o número de inimigos a serem abatidos, os atalhos vão lhe colocar um sorriso no rosto.

Encontrando uma chave ou um cartão de acesso, saiba que ela o pode direcionar para uma rota totalmente nova que evitará vários confrontos indesejáveis. Essas novas rotas podem colocar o jogador direto numa luta contra o chefe e evitar assim muitos riscos.

Voltando a falar do cenário, saiba que ele não é apenas uma ambientação bonita para fazer uso do Modo Foto, mas uma ferramenta que deve ser utilizada. Contra gangues é importante utilizar o espaço, sempre evitando ficar no meio dela. Já os objetos são verdadeiros salva vidas, jogar um banco que derruba o oponente ou uma garrafa que o atordoa temporariamente é realmente muito útil. Tão útil que quando chega um chefe e o cenário não tem interação, é desolador.

UMA OBRA DE ARTE CHINESA

Se algo vai lhe chamar a atenção é a trilha sonora, produzida por Howie Lee com uma mistura de influências chinesas e música eletrônica contemporânea. A música é algo realmente notável, e ajuda a entrar no clima tanto da narrativa, quanto das lutas. Porém não é só ela que chama a atenção, até mesmo seus efeitos sonoros são ótimos – Não tem nada mais gostoso, que escutar o som de um pedaço de bambu batendo no torço do inimigo.

O empenho colocado na iluminação e no conjunto de cores também surpreende, não apenas pelo seu capricho, mas pela variedade. Cada sala tem algo de novo e inusitado!

JOGANDO NO PLAYSTATION 5

Sifu apresenta diversas funcionalidades que deixam o jogo muito mais atraente no console, e isso se dá pelo uso adequado do DualSense. Diversos itens no cenário, apresentam sons no auto falante, garantindo um efeito 3D bem agradável. Seja o som do crepitar de algo queimando, ou de um ventilador com fitas trepidando.

A sensibilidade também é alta, você sente a chuva na palma da mão, sente os golpes. A experiência é tão boa que vicia e mascara sua vontade de desistir do desafio.

SIFU: VALE A PENA?

É preciso entender antes de comprá-lo que este é um jogo exigente. Enquanto o combate com os adversários é equilibrado e fluído, as lutas contra alguns chefes podem exigir um estilo do qual você não está acostumado. A Sloclap peca por não nos preparar o suficiente, nos forçando a aprender estratégias de combate praticamente sozinhos. Contudo, uma vez que você aprende a mecânica a ser usada, se sentirá um verdadeiro Sifu e desfrutará do jogo outra vez.

Ele também possui um alto fator replay, pois com os atalhos e novas habilidades você vai sentir vontade de voltar nos níveis anteriores para tentar reduzir sua idade ou encontrar algo novo. Sifu então, não é um jogo para todos os públicos, mas certamente é um prato cheio para quem anseia por um bom desafio dentro de uma obra memorável.

ONDE COMPRAR

EPIC GAMES
Digital Deluxe Edition de Sifu – R$94,99
Standard Edition de Sifu – R$75,99

PLAYSTATION STORE
Digital Deluxe Edition de Sifu – R$264,90
Standard Edition de Sifu – R$214,90

O Teoria Geek agradece a Sloclap pela chave de PlayStation 5 fornecida para a produção dessa análise.

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