Scorn é um jogo específico para um público específico.
Desenvolvido por: Ebb Software |
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Publicado por: Kleper Interactive Limited |
Gênero: Puzzle |
Série: Scorn |
Lançamento: 14 de outubro de 2022 |
Classificação indicativa: 18 Anos |
Modos: 1 Jogador |
Disponível para: Xbox One, Xbox Series, PC e Cloud (Game Pass Ultimate) |
Começando essa review de maneira simples e direta, Scorn é bom. Scorn é um jogo com uma proposta, e se agarra a ela com força, ele não é, e não tenta, ser um jogo popular. Por isso, Scorn acaba entregando uma experiência estranha, mas também diferente, criativa, e única em uma indústria onde o genérico tem se tornado o padrão.
Não posso negar, porém, que Scorn se vendeu errado. Um survival-horror com combate e puzzle como os trailers fizeram parecer, não refletem o jogo, na verdade, Scorn é em sua estrutura, um jogo completamente de puzzles com pequenos elementos de FPS e uma ambientação que pode causar desconforto. Mas não medo.
O mundo em Scorn
Mais uma vez sendo direto, visualmente falando, Scorn é incrível. Não existe nada igual na indústria, a ambientação e arte baseada no trabalho de “HR Giger” criador de toda a estética da franquia “Alien, o Oitavo Passageiro” de 1979 direciona o jogo muito para o chamado “body horror”, onde muitas vezes, no cenário se acha partes parecidas com corpos tendo até uma pitada de um erotismo mórbido e grotesco. É sem igual, o mundo de Scorn incomoda, é estranho, hostil, medonho, e muito único, mas ainda, estranhamente lindo. A trilha sonora melancólica, ausente, e pesada ajuda ainda mais no clima tenso do jogo.
No mais, a história de Scorn, é interessante, mas não presente. Você não sabe o que é, porque é e não sabe qual seu objetivo, o art-book do jogo ajuda com várias informações, mas no geral a história de Scorn é bem subjetiva, na minha visão, é interessante deixar a cabeça viajar e imaginar o que causou esse mundo estranho e o que acontece após o jogo, mas entendo também, que muitos não vão gostar desse aspecto.
Uma pedra no sapato
Na curta experiência que foi jogar Scorn, tive poucos problemas em relação a bugs. O jogo tem controles bons e responsivos para sua proposta, um jogo de puzzles. Entretanto, o combate está presente. Scorn conta com inimigos visualmente criativos e interessantes, e até um chefe final. Mas se tratando de combate, não só é a pior parte do jogo, como é horroroso.
E não, não é um exagero. Já se espera que o ponto fraco de jogos assim seja o combate, visto que o foco não é esse, mas em Scorn, o combate causa mais medo que o suposto survival-horror apresentado. Armas fracas, munição em falta de maneira extrema, poucas oportunidades de regenerar vida, inimigos fortes e rápidos, personagem lento, falta de opção para desviar ou defender. Basicamente o combate de Scorn se resume em tentar não apanhar e apanhar igualmente, não é necessariamente difícil, mas é chato. E sua chatice quebrou para mim completamente a imersão agradável da ambientação de Scorn.
Pessoalmente não entendi a necessidade do combate no jogo, visto que uma experiência de puzzles com uma gameplay comum e ambientação incrível já seriam o suficiente para o sustentar. De qualquer maneira o combate está lá, e não tem o que defender nele, simplesmente, era melhor não estar no jogo.
Uma crise de identidade positiva.
Como comentei, Scorn se vendeu errado. Por isso existem duas maneiras de avaliar o jogo, pelo que ele apresentou e pelo que ele realmente é. Pelo que ele apresentou, Scorn não cumpre muito do que parecia prometer. Não só pelo combate horrendo, mas também pela falta completa do elemento medo em um suposto survival-horror. Scorn simplesmente não assusta, ele é tenso, é pesado, é desconfortável, mas, não assusta.
Agora avaliando o jogo pelo que realmente é, vendo Scorn como um jogo curto de puzzles com uma ambientação nova e criativa, o jogo é simplesmente incrível e único. Uma experiência forte, memorável e diferente em meio a um mar de jogos genéricos. Podendo até mesmo ser uma grata surpresa a pessoas que derem uma chance ao jogo esperando algo diferente.
Scorn: Vale a pena?
Depende, Scorn é único e por isso, não será popular. O jogo tem seus pontos altos em elementos que não são o foco da maioria dos jogadores, como puzzles e ambientação. O jogo roda bem em todas as plataformas e sua presença de cara no Game Pass faz com que eu possa facilmente recomendar que jogue Scorn, teste, e caso agrade, aí, sim, vale a compra. Gostei, sim, do jogo e acho ele extremamente interessante, mas como disse no começo, é um jogo específico para um público específico. Por isso, por mais que tenha gostado do jogo, simplesmente não posso recomendar ele para todos. Se você quer um survival-horror, Scorn não é para você! Mas se você quer um jogo de puzzles, unicamente baseado em puzzles, com uma ambientação diferente, uma história interessante e um mundo nunca visto antes na indústria de jogos, então Scorn é um prato cheio.