REVIEW | Jogo: Brave Fencer Musashi

Desenvolvido por: Squaresoft
Publicado por: Squaresoft / Square-Enix
Série: Musashi
Lançamento: 16 de julho de 1998 (Japão) e 31 de outubro de 1998 (EUA).
Gênero: RPG de ação
Modos: Single Player
Versões: PlayStation (original); PlayStation 3, PlayStation Portable e PlayStation Vita (PlayStation Classics).

Brave Fencer Musashi (em japonês “Bureivu Fensā Musashiden”, algo como “Espadachim Valente: A Lenda de Musashi”) é um game estilo RPG de ação, desenvolvido e publicado pela Squaresoft (atual Square-Enix), com início do desenvolvimento em 1997 e lançamento em 1998, para o primeiro PlayStation. O jogo envolve combate de espadas em tempo real, em ambiente tridimensional, com seguimentos side-scroll e elementos de RPG. O game conta ainda com personagens carismáticos, visuais cartunescos e trilha sonora marcante.

A história segue Musashi, um jovem espadachim que é convocado ao mundo paralelo do Reino de Allucanet , por sua governante Fillet, para defendê-lo de um ataque do Império Thirstquencher. Musashi é uma reencarnação do lendário Brave Fencer Musashi, que salvou o Reino Allucaneet de um monstro chamado Mago das Trevas (Wizard of Darkness) 150 anos antes. Ao ser summonado por Fillet, Musashi recebe a lâmina Fusion, e é encarregado da tarefa de obter a espada de sua encarnação original – Lumina, a Espada da Luminescência – antes do Exército de Thirstquencher. Embora Musashi não tenha intenção de salvar o reino, ele concorda em fazê-lo para retornar ao seu mundo original o mais rápido possível. Depois que Musashi recupera Lumina, ele descobre que a maioria das pessoas do reino Allucaneet, incluindo Fillet, foram sequestradas pelo Império Thirstquencher. Para resgatar todos os residentes de Allucaneet e derrotar o Império, Musashi começa a procurar os Cinco Pergaminhos, cada um possuindo um poder elementar capaz de aumentar bastante os poderes da espada Lumina; enquanto interage com pessoas de Allucanet e de uma pequena vila das adjacências.

Existem também vários minigames e puzzles espalhados por todo o mundo do game, o qual devem ser concluídos para avançar no enredo. As duas espadas que ele usa têm habilidades e usos variados. A espada Fusion, que se assemelha a uma katana, é usada para conferir golpes rápidos combinados e também pode ser usada para absorver as habilidades dos inimigos, por um curto ou longo período de tempo, em uma mecânica semelhante a Mega Man. A outra espada é Lumina, que não pode ser usada efetivamente em combos por si só; precisando dos elementos dos pergaminhos, que conferem novas habilidades, conforme o pergaminho adquirido. As duas espadas são frequentemente usadas em conjunto com certas técnicas que são concedidas por vários habitantes da cidade resgatados.

O jogo apresenta um sistema de relógio e dia-noite no jogo que afeta o comportamento dos habitantes da cidade e algumas das criaturas no campo, além de forçar o jogador a prestar atenção ao estado de fadiga de Musashi, que aumenta com o tempo, conforme a privação de sono aumenta, o que acaba deteriorando sua capacidade de combate. O jogador pode ir a uma pousada para recuperar a saúde de Musashi ou fazê-lo dormir ao ar livre sem uma recuperação completa, contudo correndo o risco de ser atacado por inimigos. Alguns dos coletáveis do game são as várias action figures – com modelos poligonais mais detalhados de quase todos os personagens e monstros (semelhante às diferentes versões de modelos dos personagens de Final Fantasy VII, quando em batalha ou fora dela) – disponíveis na loja de brinquedos do vilarejo. Ao longo do caminho, Musashi obtém partes da Armadura Lendária, que lhe concedem novas habilidades, como escalar ou realizar pulos duplos.

O produtor executivo Hironobu Sakaguchi afirmou que a ideia do jogo surgiu pela primeira vez em fevereiro de 1997. A ideia original era fazer Miyamoto Musashi lutar em um mundo alternativo ao de sua origem. Enquanto o jogo foi conceitualizado como focado na ação, Musashi foi originalmente concebido para ser um andarilho. No entanto, foi alterado pouco depois para um samaritano itinerante, a fim de que o personagem interagisse e ajudasse outros personagens. Durante o desenvolvimento, a equipe usou a ação como base, sendo esta crucial para a mecânica de combate do jogo. O diretor Yoichi Yoshimoto estava focado nos aspectos totalmente poligonais do jogo, que eram um desvio dos trabalhos anteriores de Square, algo totalmente diferente do que a empresa fazia em seus outros games.

O protagonista do game é inspirado na figura real de Miyamoto Musashi, que viveu em um dos mais conturbados momentos da História Japonesa, o Sengoku-Jidai, ou “Estados em Guerra”, um período histórico de transição, em que começava a Era Tokugawa (1603-1868), época que os tradicionais métodos dos samurais eram aos poucos substituídos por armas de fogo, ainda que primitivas na época. Musashi simbolizou o auge do bushido (caminho do guerreiro), no qual um homem que empunhava uma espada representava o máximo da realização individual, sendo um dos heróis mais queridos e admirados do Japão.

Assim como Musashi, o personagem Kojiro foi baseado também em um espadachim japonês homônimo, Kojiro Sasaki. Musashi e Kojiro compartilharam um longo relato de rivalidade ao longo da vida, daí o mesmo relacionamento de atrito que foi referenciado entre os dois dentro do jogo. A lenda diz que os dois espadachins se prepararam para duelar, no entanto, Musashi chegou várias horas atrasado para irritar propositadamente Kojiro e seus apoiadores. Uma referência presente no game a Kojiro e ao duelo lendário é quando Musashi o encontra e a princesa Fillet nas margens da Ilha dos Dragões, uma ilha ingame vagamente inspirada na ilha de Ganryu, o local escolhido para os rivais de longa data realizarem seu famoso duelo.

Ao desenvolver os personagens do jogo, Sakaguchi não tinha uma opinião positiva de quão popular o jogo se tornaria. No entanto, depois que a equipe projetou os gráficos e a jogabilidade, ele ficou surpreso com o trabalho, comentando que estava mais interessante. Os personagens foram desenhados por Koji Matsuoka e ilustrados por Tetsuya Nomura (o mesmo de Final Fantasy VII, Dissidia, Kingdom Hearts). A partitura musical do jogo foi composta e produzida por Tsuyoshi Sekito, que nunca havia trabalhado com a Square. Quando o jogo foi localizado para um lançamento em inglês, os tradutores tiveram que mudar os nomes originais japoneses, que faziam referência a bebidas alcoólicas, por nomes de refrigerantes, devido a problemas com a classificação indicativa. Isso resultou na perda de várias piadas no processo de tradução. O título em inglês do jogo também foi alterado de “Brave Fencer Musashiden” para “Brave Fencer Musashi”, a fim de evitar confundir jogadores não japoneses sobre o nome do personagem, pois “Musashiden” significa “história de Musashi”.

Brave Fencer Musashi vendeu aproximadamente 648.803 cópias no Japão em 1998, tornando-se o 17º jogo mais vendido do ano naquela região. O jogo recebeu 32/40 na avaliação da revista Famitsu. Recebeu também críticas positivas de outros veículos, com o Metacritic conferindo 81 de 100. A GameSpot, elogiou os gráficos, chamando-os de “muito bem-feitos” e superiores aos outros RPGs “quadrados” da época. A IGN e a GamePro também elogiaram o “excelente design visual” do jogo. As análises da GameSpot e da GamePro também elogiaram a qualidade da dublagem e a trilha sonora. A jogabilidade também foi recebida positivamente, com elogios sobre o gerenciamento do tempo do jogo, o prazer dos elementos de ação e a grande variedade de elementos de RPG. Muitos críticos compararam o game à série The Legend of Zelda, alguns considerando-o como concorrente direto dessa série, enquanto outros consideravam a comparação inválida, pois Musashi se concentrava muito mais na ação do que nos elementos RPG, resultando em um jogo que não era um concorrente direto.

Após o lançamento do jogo, foram feitos planos para uma sequência, mas foram adiados por anos. O jogo recebeu uma sequência, para o PlayStation 2, intitulada Musashi: Samurai Legend (Musashiden II: Blademaster no Japão), desenvolvida pela Square-Enix e lançada na América do Norte, Japão, Europa e Australia em 2005, com uma encarnação diferente de Musashi, mais adolescente, e em um mundo totalmente diferente do original do PS1. Infelizmente, o game teve uma recepção bem menos positiva que seu antecessor, com notas apenas medianas. Uma adaptação simplificada para celular exclusiva do Japão, intitulada Musashi: Mobile Samurai, foi lançada também em 2005.

Infelizmente, desde Samurai Legend, a franquia de Musashi não recebeu mais nenhum game, sendo a última “atualização” para a série um simples vídeo de montagem comemorando o 20º aniversário do jogo, em 16 de julho de 2018. Em uma era de remasters e remakes, só o que resta para os fãs da franquia é ter a esperança de que um dia o game receba um remake à altura de Crash, Spyro e tantos outros de sua geração.

 

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