RESENHA | LIVRO: O Silêncio dos Inocentes – Thomas Harris

Quando ouvimos falar de O Silêncio dos Inocenteslogo lembramos do icônico personagem Hannibal Lacter vivido nas telonas dos cinemas por Anthony Hopkins sem esquecer jamais a sagaz agente do FBI Clarice Starling, interpretada por Judie Foster.

  • Sinopse do LivroCinco mulheres são brutalmente assassinadas em diferentes localidades dos Estados Unidos. Para chegar até o criminoso, a jovem agente do FBI Clarice Starling entrevista o ardiloso psiquiatra Hannibal Lacter, cuja a mente psicopata está perigosamente voltada para o crime. Ao seguir as pistas apontadas pelo dr Lacter, Clarice envolve-se em uma teia mortífera surpreendente.

Um fato surpreendente do livro está logo nas primeiras páginas: o autor, Thomas Harris, comenta sobre a pessoa que inspirou o assassino Hannibal Lacter: o também médico Doutor Salazar. – Sempre fiquei curiosa sobre esse Dr. Salazar – Então, fui atrás de pesquisar sua verdadeira identidade. Acabei por descobrir que o mesmo se chama Alfredo Ballí Treviño, que na época em que Harris foi para a prisão estadual Nuevo Leon em Monterrey – México, o criador da trilogia Hannibal foi entrevistar um dos presidiários – Dykes Askew Simmons – mas, no fim da sua entrevista com Simmons, conversando com o médico do presídio (que era nada mais, nada menos, que Treviño), descobriu, posteriormente, que o mesmo era um detento e não um médico contratado para cuidar dos que ali residiam. 

A história do Dr. Alfredo B. Treviño, até mesmo pela descrição dada por Thomas Harris, nos faz realmente perceber que o personagem foi baseado neste indivíduo. Podemos resumir a história desse médico, como o “médico dos pobres”, pois o mesmo apenas matava pessoas abastadas, economicamente.

Já no livro em questão, apresenta elementos-chaves bem desenvolvidos para a construção de um enredo fascinante, verossímil e que nos prende do início ao fim.

A agente do FBI Clarice Starling é a personagem principal da trama, possuindo um bom desenvolvimento tanto nos aspectos referentes ao seu papel ao longo do livro, como também no desenvolvimento psicológico da “mocinha”, uma vez que seus encontros com o famigerado Dr. Lacter são permeados de uma atmosfera que nos faz lembrar de um jogo bem estruturado de xadrez em que, ambos tentam ver até onde podem ter influenciar e manipular o outro.

Essa característica é bem percebida no primeiro contato entre os dois (Hannibal e Clarice), principalmente por parte do vilão, que acaba até mesmo desenvolvendo uma obsessão pela Starling, que entrando em mais detalhes, é uma figura feminina num meio que predomina em sua maioria homens, já que ela trabalha para o serviço de Ciência do Comportamento do FBI.

Extremamente inteligente, sagaz e com ótimos instintos, além de ser muito empática,  Clarice enxerga as vítimas como mulheres que para seus familiares fizeram toda a diferença, trazendo para o enredo um olhar mais humanizado para as vítimas que na maioria dos livros do mesmo gênero, tem apenas um papel encontrar o assassino, proporcionando uma visão muito mais rica dos crimes, que revela muito sobre o serial killer Buffalo Bill, não podemos deixar de comentar a ajuda que O Canibal – Hannibal traz a ela, mesmo que seja de forma manipulada.

A grande sacada do livro é que o fator que liga a Agente do FBI com o Buffalo Bill, é a mente brilhante e perversa do psiquiatra, criando uma atmosfera viciante, em que ficamos sempre esperando o seu próximo passo/jogada, o que nos faz até mesmo questionar simpatizando com um personagem que cometeu atrocidades com vidas humanas. Sendo o mais interessante de Hannibal é que o mesmo não tem bem um papel definido como vilão ou mocinho da história, mas com toda certeza faz toda diferença na trama.

” Nada aconteceu comigo, policial Starling. Eu aconteci. Você não pode traduzir-me a um jogo de influências. Vocês trocaram o bem e o mal pelo behaviorismo, policial Starling. Puseram todo mundo vestindo fraldas morais – nada mais é culpa de ninguém. Olhe para mim policial Starling. Você pode afirmar que eu sou mau? Eu sou mau, policial Starling?” – Hannibal Lacter.

 

Portanto, O Silêncio dos Inocentes é um livro fantástico, extraordinariamente estruturado, que nos faz pensar se toda essa trama poderia ser real, juntamente com os personagens. Podemos nesse livro,  ainda, entender a mente do Buffalo Bill, até mesmo o significado dos seus simbolismos – no caso da mariposa e a maneira que são encontrados os corpos -, o que nos remete a entender o porquê dos assassinatos e qual a motivação, tornando até um pouco o serial killer “humanizado”, ou seja, perdendo aquela monstruosidade que advêm dos assassinos.

Assim, esse livro – no qual eu só tenho elogios para falar – deve ser uma leitura “obrigatória” daqueles que gostam do gênero policial, uma vez que possui todos os elementos para construir uma obra de sucesso, que até mesmo quando foi adaptada para o cinema, em 1991, ganhou cinco estatuetas do Oscar.

Para os leitores que ainda não tiveram a oportunidade de ler, no link abaixo, dá para baixar sem custos e nos formatos PDF, EPub e, também, leitura online.

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• O Silêncio dos Inocentes •

~Lara Oliveira.