RESENHA | Filme: O Homem nas Trevas (Don’t Breathe, 2016)

Terror na medida certa: O Homem nas trevas (Don’t breathe, 2016) estreia na Netflix e merece sua atenção.

Excelente trama que envolve elementos de suspense, gore e tortura estreou recentemente no site de streaming Netflix e é uma ótima dica para fãs de filmes de terror.  Cheio de viradas emocionantes, filme tem todos os requisitos que um terror precisa: sustos, tensão e violência sem soar piegas.  O filme custou U$ 9 milhões e lucrou U$ 157,1 milhões no ano de seu lançamento.

Dirigido por Fede Alvarez, o mesmo que foi responsável pelo reboot de 2013 de Evil Dead (A morte do demônio) , o filme “O homem nas trevas” traz consigo uma “luz no fim do túnel” para quem ama terror por ser divertidamente violento. O filme é simples, direto ao ponto, sem cenas exageradas e/ou gritos fora de hora. Ele provoca a tensão necessária e suficiente para causar ansiedade e temor em quem o vê.

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Sinopse

Rocky, Alex e Money são ladrões que ganham dinheiro invadindo casas de pessoas ricas em Detroit. Money fica sabendo sobre um veterano de guerra cego que ganhou muito dinheiro pela morte de sua única filha. Pensando ser um alvo fácil, o trio invade a casa isolada do homem em uma vizinhança abandonada. Após se verem presos lá dentro, os jovens invasores têm que lutar por suas vidas ao descobrirem que a vítima não é nada inofensiva.

 

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Ficha técnica

Nome: O homem nas trevas (Don’t breathe)
País de origem: EUA
Ano de produção: 2016
Gênero: Terror
Duração: 88 min
Classificação: 16 anos
Direção: Fede Alvarez
Elenco: Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto

Obs: esta resenha NÃO contem spoilers

A trama de “O homem nas trevas” é até simples: 3 jovens querendo mudar para Califórnia fazem pequenos furtos e veem uma oportunidade única para assaltar um veterano de guerra cego que possui uma bolada em casa fruto de um indenização após ter a filha morta em um acidente de trânsito. O que realmente chama a atenção neste filme é como a ação se desenrola em toda a trama sem parecer piegas, sem parecer exatamente igual a dezenas de outros filmes de invasão doméstica que você já deve ter assistido. É impossível não lembrar da franquia “Uma noite de crime” e o vários filmes que o seguiram, ou talvez “Os estranhos”, “Eles”, “Temos vagas”, “Hush, a morte ouve” e diversos outros na mesma toada. Aqui a violência parece bem realista, bem palpável. Confesso que fazia muito tempo que não via um filme tão bom, sem aqueles sustinhos clichês de outros subgêneros do terror como “Invocação do mal”, “A freira”, “Anabelle” ou qualquer outro da franquia “Invocaverso”.

Ao não trabalhar com o sobrenatural, mas com uma trama realista de violência, “O homem nas trevas” talvez tenha acertado mais que seus outros irmãos que tomaram os cinemas nos últimos anos desde 2000: ao invés de apelar para o fantasmagórico e os jumpscares super clichês, o filme assusta mesmo porque faz a gente pensar que tudo aquilo visto dentro do filme pode, um dia, acontecer conosco. Ainda mais em um país miserável e cheio de violência como o nosso: a coisa mas comum é ouvir histórias de pessoas que, e em algum momento da vida, tiveram suas casas furtadas ou ouviram casos reais e horripilantes de violência doméstica, envolvendo assassinato, estupro, tortura ou latrocínio.

Dirigido e roteirizado por Alvarez, com produção assinada por Sam Raimi (dos primeiros homem-aranha), o filme é um suspense ágil e bem elaborado, que tenta jogar descaradamente com os valores do espectador. Na história, Rocky (Jane Levy) e Money (Daniel Zovatto) são um casal de ladrões ordinários que cooptam o amigo Alex (Dylan Minnette de 13 reasons why) para suas trapaças. Ele é filho de um segurança particular residencial e, sem o conhecimento do pai, pega chaves e alarmes para os roubos do trio, quando não há ninguém em casa. “O Homem nas Trevas” lembra em muitos momentos o recente “Hush – A Morte Ouve”, já que explora bastante a deficiência do protagonista. No filme citado, o que se explora é a audição e aqui a visão. O diferencial é que o grande protagonista é mesmo o Blind Man (Stephen Lang, ótimo no papel), um dos personagens mais controversos e vingativos do atual cinema de terror mainstream.  Nunca pensei que teria tanto medo de um personagem cego.

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A fotografia  é bem dark mesmo e achei uma ótima escolha: pois sendo escura e suja, ela cria um clima de opressão, tensão incrível. A escuridão contribui com o clima de medo, de onde nunca sabemos o que esperar dela. Em diversas cenas, a tensão é tão grande que você se vê igual aos personagens na tela prendendo a respiração em meio ao silêncio de segundos que parecem intermináveis em um sádico jogo onde já não existem mocinhos e vilões tão claros. A cena da perseguição no porão é beeeeeem tensa e memorável!

Por fim, o filme é realmente uma obra-prima dentro deste gênero tão mal tratado nos últimos anos que é o terror. Para fãs desse estilo que gostam de uma trama mais inteligente, o filme é mais do que recomendado: torna-se obrigatório. Cheio de viradas o tempo todo, nós telespectadores ficamos surpresos ao não saber mais quem é vítima e quem é o vilão. A partir daqui, não posso contar muito, mas é exatamente isso que faz “O homem nas trevas” muito mais perspicaz, divertido e tenso do que qualquer outro terror de invasão domiciliar desta década.

Excelente terror!

//www.youtube.com/watch?v=uKY0dYfOibI