RESENHA | Filme: Perfume de Mulher (1992)

Um filme que vai tratar de diferentes assuntos, uma história que não é muito complexa mas tem um plot muito bom, você vai aprender muitas coisas com esse filme envolvendo honra, integridade e caráter.

Nome Original: Scent of a Woman

Direção: Martin Brest

Roteirista: Bo Goldman

Cinematografia: Donald E. Thorin

Edição: William Steinkamp, Michael Tronick e Harvey Rosenstock

Sinopse: Frank é um militar aposentado, cego e impossível de se conviver junto. Sua sobrinha contrata Charlie para cuidar dele no dia de Ação de Graças. Charlie aceita o trabalho para poder pagar por uma viagem de volta pra casa no Natal, porém eles não contavam com a ideia de Frank em passar o dia em Nova York.

A atuação de Al Pacino é perfeita interpretando o personagem Frank Slade, ele consegue absolutamente nos fazer acreditar que ele é uma pessoa cega, você acredita totalmente, a movimentação que ele faz com o rosto sem piscar ou se quer parecer de que ele precisa piscar. Também o fato de que ele interpreta um militar veterano que enlouqueceu e ficou perdido é ótimo, ele consegue fazer você perceber que ele está perdido sem o filme precisar dizer isso com diálogos, ele possui os perfeitos tons de voz para falar e oferecer diferentes sentimentos para o personagem com esses tons, sem a necessidade do roteiro ficar explanando nada, ele consegue ser dominante e grosso com a voz, dando ordens como se estivesse no exército , ou quando ele se sente inútil pelo que houve durante a sua vida ou até mesmo charmoso e inteligente, um personagem com múltiplas camadas, Al foi perfeito para esse projeto e personagem. Chris O’Donnel também fez um trabalho muito bom, seu personagem é meio devagar e inocente com um forte caráter, perdido no que está acontecendo nas situações e tentando ajudar de algum jeito nelas, eu acredito que fez um bom trabalho com a sua entonação e pureza. Gabrielle Anwar teve uma rápida e pequena participação aqui, porém ela com toda a certeza merece algum reconhecimento também, sua apresentação foi muito legal, representando uma mulher com uma vida que ela pensava que estava bem, com expressões no rosto e com todo o corpo ela expressou o quanto insatisfeita estava antes e depois do encontro com Frank, e também quão incrível ela se sentiu enquanto com ele, vivendo uma vida em um momento.

A trilha sonora é ótima, possui uma melodia que auxilia em te colocar dentro do filme, explica e expõe o que está acontecendo com os personagens, pelo que eles podem estar passando, e faz com maestria quando se trata do personagem Frank Slade.

Uma cena em especial que faz esse filme ser algo único, é a sequencia da dança de Tango, uma sequencia linda e uma aula de como tratar uma mulher, a bondade na voz e aparência de Al Pacino nessas sequencias, mesmo durante a cena de dança ele convence de que o personagem seja cego perfeitamente, é inacreditável, a voz que ele usa no momento e a graciosidade foi na medida correta, a sequencia toda tem algo em torno de 5 minutos, e possui grandes frases e momentos memoráveis.

Há uma cena de conflito que mostra um pouco mais de quão bom ator Pacino realmente é e quão bom foi o papel de O’Donnel, a dor durante essa cena e a tentativa de salvar e libertar de ambos os personagens foi insanamente tensa, bem dirigida e interpretada. Você nota o que está acontecendo na situação antes mesmo do personagem, o que nos deixa tensos e pensativos do que está por vir, do que pode acontecer, há várias cenas de tensão que me deixaram sem palavras durante o longa. Momentos de calma e desespero a partir do mesmo personagem tentando alcançar o seu objetivo, todos ótimas, Al Pacino transmite dor e cansaço. A cena também mostra que mesmo quando você pensa que é inútil de qualquer modo e ninguém se importa, você pode ser incrível sem se quer notar, em várias coisas diferentes.

Pelo final do filme, há um dos melhores monólogos de filmes, quando Frank dá o papo sobre caráter, honra, integridade com tanto amor e sem perder completamente a cabeça, mostrando que ele ainda é ele mesmo, mesmo após todos os seus conflitos. Ele diz que coragem e honra são muito importantes para nos manter limpos, para manter nossas almas intactas, sem nos vender para outros por quaisquer motivos que seja. Discursando sobre tudo isso de um modo muito engajado e apaixonado, expondo sua dor e fraqueza. Durante o filme, também têm momentos de ensinamentos e quotes metafóricos sobre cometer erros na vida e continuar tentando, sem medo das coisas não seguirem como o planejado, só continue dançando.

Uma cena que é uma licença poética, para alguns pode ser um problema, mas para mim foi bem boa. A sequencia no carro foi como uma última tentativa, e mudança de aspectos em ambos os personagens, Charlie entendo a situação e tentando dar para Frank um outro suspiro de alegria e significado, enquanto Frank pegou e fez o que pode, o que levou para um dos melhores momentos do filme, o conflito entre os dois.

Para mim esse filme é perfeito, a atuação venceu tudo e colocou o filme lá no topo, o percurso do personagem foi ótimo e levou para algo grande e muito dramático da melhor forma, não apenas chocando, mas também ensinando.

 

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