RESENHA | Filme: O Rei Leão (2019)

Rei Leão, umas das histórias mais famosas do cinema é relançada agora de forma realista para as novas gerações e promete levar multidões aos cinemas e também causar muitas discussões, muito por causa da sua contraparte animada lançada em 1994 que invariavelmente será base de diversas comparações.

Ficha Técnica

Título: O Rei Leão (The Lion King)
Lançamento: 18 de julho de 2019 (Brasil), 19 de julho de 2019 (EUA)
Dirigido por: John Fravreau
Elenco (vozes): Alfre Woodard, Beyoncé Knowles, Billy Eichner, Chiwetel Ejiofor, Donald Glover, James Earl Jones, John Kani, John Oliver, Seth Rogen, Eric André.
Gênero: Animação
Duração: 118 min

Sinopse

Simba é um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar faz com que Mufasa o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumindo pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam a mais uma vez ter prazer pela vida.

Considerado como um dos maiores lançamentos do cinema em 2019, a nova versão do Rei Leão chega com um realismo incrível, sendo difícil acreditar que tudo o que estamos vendo na projeção não seja de fato filmado em locação com animais reais. A sensação é de estar assistindo um documentário do NatGeo Wild ou Animal Planet tamanha a perfeição. E esse é um dos problemas do filme, já que toda essa perfeição técnica acaba atrapalhando em transmitir o que a versão desenhada de 1994 (leia a resenha aqui) tinha como maior trunfo: o carisma dos personagens. Se no original os personagens podiam ser mais caricatos e expressar seus sentimentos das mais variadas formas, na versão “live-action” isso não acontece, pelo simples fato de animais reais não conseguirem expressar sentimentos e emoções através de expressões faciais. Tudo é centrado no realismo o que torna estranho a interação entre eles.

O filme veio para mostrar que a tecnologia atual permite criar digitalmente, um mundo completamente foto realístico, sendo impossível distinguir se colocado ao lado de um documentário real, qual dos dois é de fato verdadeiro. Mas para tal feito a Disney poderia ter criado uma nova história e não ter pego um filme de seu catalogo e feito um Ctrl C + Ctrl V da versão original, incluindo mesmos diálogos, tomadas, planos e músicas. Para as pessoas que cresceram assistindo ao original isso se torna mais obvio e, portanto, pode acabar incomodando muito mais. Por ser real ao extremo, os números musicais não se encaixam, destoando do que acontece em tela. Ainda falando na trilha sonora e canções, elas estão mais contidas e sem o brilho e alegria das versões originais (tanto nas versões originais como nas dubladas). A única canção nova “Spirit”, é encaixada no momento certo da história e funciona melhor que todas as outras.

E se a proposta fosse copiar o filme de 1994, então que fizessem isso da forma certa, trazendo todas as cenas para essa versão, o que não acontece. Apesar deste ter 30 minutos a mais que o original, existem cenas não presentes que fizeram falta (conversa de Rafiki com Simba após a aparição do espírito de Mufasa por exemplo). Os minutos adicionais que muitos especulavam, iriam trazer um background para os personagens como Scar, na verdade são apenas cenas estendidas, geralmente de planos da paisagem não adicionando absolutamente nenhum novo detalhe a história. Até as hienas, que mesmo sendo vilãs eram um dos alívios cômicos do filme original, neste estão bem mais sérias e sem o destaque merecido, que poderia acontecer devido a maior duração do filme.

As atuações dos dubladores estão ok tanto na versão original como na dublada. Nada de espetacular, e nem tão pouco ruim (apenas com a ressalva de Ícaro Silva (Simba Adulto) na música Hakuna Matata que simplesmente não vai e chega a envergonhar). A Disney se encarregou de fazer os dubladores nacionais copiarem até os pequenos maneirismos das vozes originais para ser o mais fiel possível ao produto americano.  Timão, Pumba e Zazu são os personagens que mais se destacam e transmitem carisma, enquanto os leões adultos não se diferem e acabam sendo apenas genéricos. O babuíno Rafiki tornou-se um personagem mais sério para se adequar ao realismo do filme e acabou perdendo o encanto e a loucura divertida da sua contraparte desenhada.

Ao fim da exibição fica aquela pergunta no ar: “Era mesmo necessário fazer essa nova animação de um filme tão bem sucedido e ainda tão vivo e presente na vida de muitos?”. É óbvio que apesar disso o filme será um enorme sucesso de bilheteria e público. A Disney não é boba nem nada, sabendo que esse título é um dos mais queridos de todo público, era apenas uma questão de tempo até seu lançamento.

O Rei Leão é um filme tecnicamente perfeito, com linda fotografia e sequencias de encher os olhos do espectador. A Disney provou com esse filme que eles podem fazer o que quiserem. Quem nunca viu o desenho, pode gostar e se emocionar com essa nova versão. Porém para um filme ser bom de verdade ele não pode apenas ser bem feito, ele precisa de “alma”, carisma, precisa emocionar e cativar o público, e pelo menos para quem conhece o original, esse filme falha neste quesito, justamente por sua absurda perfeição técnica que ao mostrar animais tão reais em cena, acaba por tirar toda magia e encanto que poderia existir ao assistir eles cantando, interagindo e demonstrando sentimentos que são impossíveis de acontecer na vida real.

Trailer:

//www.youtube.com/watch?v=cQ7LgxMCzCg

~Marcos Viana


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