RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army | Confira nossa review

Raidou
Ficha Técnica
Desenvolvido por: ATLUS
Publicado por: SEGA
Gênero:: JRPG
Série: RAIDOU
Lançamento: 19 de junho de 2025
Classificação indicativa: 14 anos
Modos: Um jogador
Disponível para: PC, PS4, PS5, XBOX SERIES, NINTENDO SWITCH 1 E 2

 

Eu joguei o Raidou original lá no PlayStation 2, muitos anos atrás. Lembro bem da ambientação estilosa e do clima sombrio bem característico do universo Shin Megami Tensei, mas na época confesso que não me aprofundei tanto quanto gostaria. Persona sempre foi minha franquia favorita da vida, então acabei naturalmente me afastando desses spin-offs mais obscuros. Mas agora, com o lançamento de Raidou Remastered: The Mystery of the Soulless Army, tive a oportunidade perfeita pra revisitar essa história e, dessa vez, com outro olhar. Recebemos a key do jogo e aqui vai minha análise completa.

História: Uma Tokyo noir com demônios e conspirações

O jogo se passa em uma versão alternativa da era Taisho, no Japão, onde você assume o papel de Raidou Kuzunoha XIV, um jovem detetive com o título de Devil Summoner, basicamente alguém que consegue invocar e controlar demônios. A premissa começa com uma simples investigação sobre o desaparecimento de uma jovem, mas logo se transforma em uma trama cheia de reviravoltas, experimentos militares, autômatos sem alma (daí o título) e conspirações envolvendo tecnologia e ocultismo.

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É um enredo bem mais sério e politizado do que a maioria dos jogos da série Persona, com uma pegada mais densa e até melancólica em alguns momentos. A ambientação noir, combinada com os elementos sobrenaturais, funciona muito bem, e a narrativa evolui de forma constante, embora com um ritmo mais lento no início.

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O destaque vai para os personagens secundários, principalmente o Gouto, o gato falante com alma de mentor que ajudam a manter o tom leve mesmo nos momentos mais pesados. O único problema dessa remasterização é a falta de legendas em português Brasil.

Jogabilidade – Um combate em tempo real que ainda tem charme

Ao contrário dos sistemas clássicos de turnos da série principal, Raidou Remastered mantém o combate em tempo real do original. A ideia é que você controle Raidou diretamente, atacando com espada ou pistola, enquanto pode invocar demônios para lutar ao seu lado. Esses demônios têm habilidades específicas: alguns curam, outros atacam com magias elementais  e você pode trocá-los dinamicamente em combate.

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É um sistema que envelheceu com dignidade, mas não dá pra negar que ainda é meio travado. O remaster melhorou alguns aspectos de responsividade, como a velocidade dos comandos e o balanceamento de algumas lutas, mas o combate não tem a mesma profundidade estratégica que se vê, por exemplo, em SMT V ou Persona 5. Ainda assim, a variedade de demônios e o uso deles tanto em batalha quanto fora (para resolver puzzles ou interagir com NPCs) garantem uma boa dose de experimentação.

Progressão – Fusão de demônios, level up e investigações

O sistema de progressão gira em torno da tradicional fusão de demônios da série, que aqui ganha um toque mais experimental. Você coleta essências, sacrifica demônios e forma novas criaturas para expandir seu leque de opções. O jogo te incentiva a explorar todas as possibilidades e brincar com combinações, como sempre.

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Além disso, Raidou sobe de nível, melhora atributos, e pode desbloquear habilidades novas conforme vai evoluindo. Mas o diferencial está mesmo nas investigações. Durante os capítulos, você precisa explorar cenas de crime, interrogar pessoas, usar seus demônios para descobrir pistas e até assumir formas alternativas para se infiltrar em locais proibidos. Isso dá um toque quase Ace Attorney ou Detective Pikachu à fórmula, o que achei bem legal.

O único ponto negativo é que a progressão pode parecer repetitiva em certos trechos. Há momentos em que você fica preso grindando ou repetindo caminhos, o que quebra um pouco o ritmo da história.

Aspectos técnicos e artísticos – Um remaster que respeita a alma do original

Visualmente, o jogo recebeu um bom trato. Não espere gráficos modernos no nível de um Persona 3 Reload, mas o remaster faz um excelente trabalho em atualizar texturas, suavizar modelos e aumentar a resolução para algo digno dos padrões atuais. O design dos personagens como a obra do lendário Kazuma Kaneko que continua icônico, e os cenários misturam tons de filme noir com um ar sobrenatural que casa perfeitamente com o tema.

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A trilha sonora é outro ponto forte. Composta por Shoji Meguro, ela mistura jazz, rock e batidas eletrônicas suaves, criando uma ambientação que te mergulha naquele Japão estranho e cheio de segredos. É um daqueles jogos em que vale a pena jogar de fone.

No lado técnico, o remaster roda muito bem. Testei no PC, e não tive nenhum problema de desempenho. As telas de carregamento são rápidas, os menus foram modernizados (ainda que um pouco simplistas), e agora temos opções de idioma e controles mais responsivos. Só senti falta de mais conteúdo extra ou making of, algo que contextualizasse mais a importância do título.

RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army: Vale ou não a pena?

Se você é fã de Shin Megami Tensei, esse remaster é quase obrigatório. Ele resgata um capítulo importante e muitas vezes esquecido da franquia, apresentando uma história única, com temas mais adultos e uma jogabilidade experimental que ainda tem seu charme. Para quem vem de Persona (como eu), Raidou é uma chance de ver um lado diferente do universo mais sombrio, investigativo e histórico.

Dito isso, o jogo não é para todo mundo. O combate pode cansar, a progressão às vezes trava, e o ritmo da história é mais contemplativo. Mas se você entrar com as expectativas certas e curtir uma boa ambientação noir sobrenatural, Raidou Remastered: The Mystery of the Soulless Army entrega uma experiência sólida e cheia de personalidade

Teoria Geek agradece a SEGA pela cópia de imprensa disponibilizada gratuitamente para PC para a elaboração desta análise.