Teoria Geek – O Importante é se divertir!

Playground | Confira nossa crítica

Os tempos de escola são, por vezes, crucias na vida das jovens crianças. Infelizmente algumas delas sofrem nas mãos das demais que não tem noção do mal que elas provocam quando praticam o famigerado Bullying. “Playground” (2021) fala da geração atual que sofre desse mal e que, infelizmente, dependerá de suas próprias forças para saber sobreviver perante essa lição.

Playground poster
Ficha Técnica
Título: Playground (Un monde – Original)
Ano de Produção: 2021
Dirigido Por: Laura Wendel
Estreia: 1 de Junho de 2021
Duração: 73 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Drama
País de Origem: Belgica
Sinopse: Quando Nora testemunha Abel sendo intimidado por outras crianças, ela corre para protegê-lo. Mas Abel a força a permanecer em silêncio. Presa em um conflito de lealdade, Nora tenta encontrar seu lugar, dividida entre os mundos adulto e infantil.

 

Dirigido pela estreante Laura Wandel, Nora (Laura Wandel, 8 anos, uma atriz impressionante) está em seu primeiro dia de aula na escola. Assustada com tudo e com todos, ela tenta se apegar ao seu irmão mais velho, Abel (Gunther Duret), que a ignora. Abel sofre bullying, e pede para que Nora nao conte nada ao pai deles. Mas ao contar, Abel acaba apanhando ainda mais, e Nora se sente culpada.

Estamos em um cenário típico de um simples colégio, mas que acaba se tornando uma espécie de guerra psicológica não declarada, ao ponto de ficarmos até mesmo com tensão sobre o que acontecerá em seguida. Quem cresceu na escola e sofreu Bullying sabe como é essa situação, mas ao vermos essa situação através de uma outra perspectiva a sensação que nos passa é ainda mais conflituosa e jamais resolvida. Na abertura, por exemplo, vemos Nora chorar ao se separar do seu irmão que irá para a outra sala da escola, como estivessem sendo separados devido a um estouro de um conflito em que acabaram se envolvendo.

Embora novata, Laura Wandel surpreende em sua primeira empreitada na direção, ao criar planos-sequências surpreendentes, cuja a câmera jamais abandona Nora e fazendo com que acompanhemos todas os eventos através de sua perspectiva. Me lembrou, inclusive, o filme “O filho de Saul” (2015), onde vemos o protagonista tentar sobreviver perante horror do holocausto, mas aqui o horror é outro e que não deveria estar acontecendo. O ápice desse conflito é quando vemos Nora testemunhar o seu irmão sendo jogado no latão de lixo, mas não podendo fazer nada a respeito.

Ao ser praticamente 100% protagonista das cenas apresentadas, a jovem Laura Wandel nos surpreende pela sua atuação, principalmente pelo fato dela conseguir através do seu olhar passar todo o conflito e medo interno que a sua personagem sente a cada momento. Sua atuação é tão surpreendente que a maioria dos adultos em cena acabam se tornando somente sombras em sua volta, sendo que a maioria dos professores estão no piloto automático no seu dia a dia de trabalho e pouco podem fazer algo a respeito. Porém, vale destacar uma das professoras que dá a merecida atenção a Nora e ao seu pai que não esconde toda a preocupação que sente pelos seus filhos.

Curiosamente, o filme explora mesmo que nas entrelinhas questões que vão desde ao desemprego como também sobre o preconceito. Não ficamos sabendo, por exemplo, se o pai dos dois jovens está desempregado, ou se envolvendo em algo ilícito. Tudo é montado para que nós levantemos as nossas próprias opiniões e a diretora Laura Wandel consegue obter isso com grande êxito.

Na reta final, vemos os dois jovens se distanciando cada vez mais do que eles eram no princípio, sendo que Nora agora possui certo amadurecimento com relação a dor que foram se acumulando, enquanto o seu irmão corre sério risco de se tornar um monstro. O pátio do recreio, onde deveria ser um local para as crianças brincarem, acaba se tornando um cenário até mesmo de um possível crime e cabe o bom senso de um dos dois para poder frear antes que ambos caem no precipício da vida de uma forma tão precoce. Uma terra selvagem onde os pequenos encaram o horror logo cedo e que poderia sim ser impedido.
“Playground” é um soco no estômago pelo seu realismo com relação ao dia a dia de pequenos jovens que enfrentam precocemente o lado cruel do ser humano.

Lembrete: O filme infelizmente ainda não se encontra de forma legal em nenhum Streaming no Brasil.

Confira mais críticas aqui!


Conheça nosso canal no YouTube

Sair da versão mobile