Persona 5 Tactica | Confira nossa review

 

O anúncio de Persona 5 Tactica foi uma surpresa muito agradável, considerando que eu esperava um jogo de luta com os personagens de Persona 5, mas, em vez disso, fui presenteado com a primeira incursão da série em um RPG tático. Essa reviravolta gerou uma ansiedade genuína sobre o que a ATLUS seria capaz de entregar com esse jogo. Agora, com as mãos no jogo, finalmente posso compartilhar minhas próprias conclusões, as quais você pode conferir neste review.

Uma história familiar

O elenco de Persona 5 retorna para uma nova incursão em seu próprio universo. O jogo se desenrola pouco após os eventos do título original, onde os Phantom Thieves estão reunidos no Café LeBlanc, desfrutando da companhia uns dos outros enquanto assistem a uma reportagem sobre o desaparecimento de um candidato a primeiro-ministro do Japão.

A atmosfera tranquila e descontraída entre amigos é abruptamente interrompida quando um símbolo surge na porta do LeBlanc, começando a brilhar intensamente. Ao abrir a porta, o grupo de amigos se vê vestindo as familiares roupas dos Phantom Thieves, mas em um ambiente completamente novo. A partir desse momento, a trama de Persona 5 Tactica começa a se desenrolar.

Os Phantom Thieves são subitamente transportados para um local conhecido como Kingdom, um ambiente sob o domínio de Legionários e um líder opressor. A regente deste primeiro Kingdom é Marie, que tem como objetivo realizar um grandioso casamento enquanto mantém toda a população escravizada e hipnotizada. Não demora muito para que nossos aliados sejam afetados, deixando apenas Joker (nosso personagem) e Morgana ilesos. No entanto, somos resgatados por uma nova figura chamada Erina, líder da Rebel Corps, um grupo dedicado a combater a opressão desses governantes. Rapidamente, unimos forças para resgatar nossos aliados e derrubar a governante Marie.

A narrativa se desenrola principalmente por meio de cenas que evocam o estilo de uma visual novel, sendo ocasionalmente substituídas por animações em 3D de qualidade excepcional em momentos especiais. Com uma abundância de diálogos que vão desde os relacionados à missão principal até os opcionais, o jogo aprimora a situação e estabelece diversas dinâmicas com Erina. Em geral, esses diálogos são agradáveis, e nenhum deles se prolonga desnecessariamente, mas infelizmente o jogo não possui legendas em português do Brasil.

Uma gameplay nada familiar

Em Persona 5 Tactica, somos apresentados ao primeiro combate tático de toda a série. Dessa vez, as batalhas são segmentadas em arenas específicas, cada uma repleta de coberturas variadas, armadilhas, barris explosivos, inimigos e distintos objetivos. Com um total de 52 missões, algumas das quais desafiadoras, o jogo exige uma exploração meticulosa das suas mecânicas. A maior mecânica do jogo é a de cobertura, quando um personagem está em cobertura ele ganha resistências a dano. Contudo esse sistema não funciona nada bem, por exemplo: se um inimigo estiver de costas para você, mas por acaso está encostado em uma cobertura, ele ainda terá o bônus de resistência.

Durante as batalhas, o jogador pode formar uma equipe com três personagens, cada um equipado com seu Persona e uma arma de fogo única. Cada confronto apresenta um objetivo principal e várias metas secundárias opcionais, como concluir a batalha em, no máximo, cinco turnos. A diversidade de objetivos é notável, e o combate é gratificante, demandando a utilização estratégica das habilidades, utilizando recursos como voltage ou triple trick para realizar ataques especiais. Contudo, em caso de erro nas estratégias, a opção “undo” permite desfazer a última jogada.

Os confrontos contra chefes são particularmente excelentes, oferecendo uma experiência dinâmica e divertida devido aos desafios proporcionados por esses inimigos especiais. No entanto, o Persona 5 Tactica, de maneira geral, pode parecer fácil devido ao sistema “Batom Pass,” herdado do jogo original, mas com funcionamento adaptado. Caso um dos personagens seja derrotado em combate, é possível substituí-lo usando uma carga do Batom Pass (normalmente disponível em três unidades).

Além do combate

Quando não estamos em combate, nosso time se reúne numa versão distorcida do Café LeBlanc, nele o jogo oferece amplo espaço para a personalização dos personagens, com recursos como uma loja para aquisição de itens, a Velvet Room que possibilita a criação de novos personas e uma árvore de habilidades ativas e passivas para os personas principais dos protagonistas.

Ao término de cada batalha em Persona 5 Tactica, o jogador é recompensado com experiência, dinheiro, personas e GP para aprimorar suas habilidades, proporcionando uma dinâmica gratificante. Podemos gastar o dinheiro na loja permitindo a compra de diversas armas de fogo com estatísticas variadas, como alcance de ataque e dano.

A Velvet Room, um clássico que retorna do jogo original, possibilita a fusão dos personas adquiridos ao final de cada combate. Esses personas fundidos são equipados como “sub-personas”, ou seja, cada personagem mantém seu persona principal e incorpora habilidades do “sub-persona” criado na Velvet Room, permitindo combinações eficientes e inusitadas.

Por fim, a árvore de habilidades utiliza o GP para aprimorar os atributos, como HP ou SP, de cada personagem, além de oferecer melhorias nas habilidades únicas de cada persona. Esse sistema integral de personalização adiciona camadas estratégicas e táticas ao jogo, enriquecendo ainda mais a experiência do jogador.

Obras de arte dentro de um jogo

A direção artística de Persona 5 Tactica seguiu por um caminho completamente diferente em comparação aos jogos da série principal. Nesta versão, somos apresentados a uma espécie de representação chibi dos personagens. Embora não seja meu estilo artístico preferido, acabei desenvolvendo um apreço por essa abordagem. Quanto à ambientação do jogo, as fases são notavelmente diversas e bem elaboradas. Cada Kingdom faz uso inteligente de sua atmosfera única, introduzindo novas mecânicas de gameplay e visuais cativantes.

Os menus e animações são estilosos, visualmente agradáveis e uma verdadeira delícia de assistir. Contudo, é lamentável que o jogo não tenha tradução para o português brasileiro, uma oportunidade sem dúvida desperdiçada. No que diz respeito à trilha sonora, é simplesmente excelente, especialmente as músicas durante as batalhas contra chefes, que certamente conquistarão um lugar de destaque na sua playlist do Spotify.

Persona 5 Tactica: Vale a Pena?

Persona 5 Tactica transcende sua natureza de mero spin-off; o jogo recebeu a atenção e dedicação necessárias para se destacar, criando sua própria identidade como um RPG tático repleto de mecânicas, desafios e possibilidades. É uma experiência completa em si mesma. No entanto, é inegável que foi especialmente desenvolvido para os entusiastas do quinto título da série, sendo uma extensão não canônica dos eventos ocorridos em Persona 5. Nesse sentido, afirmo que se você é um fã de Persona 5, Tactica é uma experiência que vale a pena. No entanto, talvez não seja a introdução ideal para aqueles que estão começando no mundo dos RPGs táticos ou na série Persona.