Já se foi o tempo em que o público-alvo das animações era só o infantil. Agora, muitas delas contam com temas universais como ansiedade, depressão, crise de pânico, dentre outras.
Perlimps se vale desse artifício para tratar sobre temas como guerra e desmatamento. E faz isso de forma brilhante, como uma verdadeira fábula, encantando crianças e adultos.
Título: Perlimps |
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Ano de Produção: 2022 |
Dirigido Por: Alê Abreu |
Estreia: 9 de fevereiro de 2022 |
Duração: 80 min |
Classificação: Livre |
Gênero: Animação |
País de Origem: Brasil |
Sinopse: Em síntese, Claé e Bruó são dois agentes secretos que trabalham para reinos inimigos. Eles finalmente descobriram que estão na mesma missão: salvar os Perlimps dos terríveis gigantes que cercaram a Floresta. |
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Animação em aquarela
Perlimps é totalmente colorida! É como se um desenho em aquarela tivesse criado vida. Tanto que não espere efeitos animados a la Pixar ou DreamWorks. Aqui, tudo parece feito à mão, como se uma criança tivesse, realmente, colorido uma história que ouviu por aí.
A princípio, os movimentos mais lentos dos personagens possam incomodar, mas depois se entende que é tudo premeditado.
Afinal, essa animação brasileira é uma história com temas mais sensíveis, mas que se contados para uma criança, pode-se tornar lúdico, sem subestimar a mente infanto-juvenil.
Isso porque, conforme o filme transcorre, você consegue identificar vários assuntos, mesmo com outros nomes, como:
1º) A construção de uma hidrelétrica, chamada de “A Grande Onda”; 2º) Guerras, com divisão de povos entre “Sol e Lua”; 3º) Ou, ainda, a forma que os personagens chamam os humanos: “Gigantes”.
Esses últimos, aliás, apesar de demorarem a adentrar à história, quando entram, a animação mostra a que veio. Uma vez que se quebra o ar calmo do filme e cria-se um caos de máquinas e veículos, como se você estivesse na pele dos próprios animais da floresta.
Dessa forma, nos poucos minutos de filme, você já começa a entender que está assistindo a algo muito mais transcendental do que uma simples aventura para crianças. Algo que me remeteu a filmes como O Menino do Pijama Listrado e A Vida é Bela, claro, que menos trágico.
Personagens cativantes
Em resumo, há três personagens em Perlimps, dublados magistralmente por Stênio Garcia, Giulia Benitte (a Mônica do live action da Turma da Mônica) e Lorenzo Tarentelli.
Claé e Bruó são dois agentes de povos distintos: os povos do Sol e da Lua. Suas culturas são tão diferentes que se verifica pelas cores e pelo modo em que cada personagem vive.
Claé, é uma raposa do povo do Sol. Ela é o típico personagem, 8 ou 80. Isso quer dizer, que o personagem propaga o imediatismo e, claro, não tem paciência para muitas coisas. Além disso, sobrevive a inúmeros aparatos cibernéticos.
Bruó, um urso do povo da Lua, é um tanto quanto desconfiado. E não tem nenhuma ligação com a tecnologia, o que mostra uma sensibilidade com os demais seres, ao seu redor.
Perceba que, como todo clichê, eles precisam unir forças para um bem maior. Mas não se engane, a história é muito mais rica do que um simples conflito entre povos.
Além disso, como voz da experiência, temos o ancião João de Barro, ao melhor estilo Mestre Oogway de Kung Fu Panda. É o personagem que já viveu, já errou e quer se reencontrar com a sua criança anterior.
Trilha Sonora escolhida a dedo
As músicas de Perlimps são um espetáculo à parte, desde um cântico tranquilo, quando estamos em meio à mata fechada, ao mesmo tempo que passa por cantos da MPB, nos momentos de aventura e descontração dos personagens.
Contudo, com a vinda dos “Gigantes”, a música é acentuada a um grau mais metálico, com sons graves e toques de guitarra.
Logo, é o contraste entre a calmaria da selva e o barbárie do toque do homem.
Veredicto: Perlimps
Devo dizer que Perlimps não é uma história, e sim uma fábula. É o conto de temas atuais e sensíveis por meio de cores e sutilezas que só um público infanto-juvenil seria capaz de imaginar.
Com uma ilustração aquarelável; personagens cativantes e bem trabalhados; e uma trilha sonora digna de compor nossas playlists, o filme demonstra, em pouco menos de uma hora e vinte, que o cinema brasileiro é capaz de fazer coisas extraordinárias e que, ainda, tem muito mais a oferecer.
Obs.: Amei a referência a Star Wars.
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