RESENHA | Série: One day at a time (Um dia de cada vez)

Se emoção é o que você espera ao escolher uma série, preste muita atenção no que virá a seguir!
Apesar de ser considerada uma série de comédia, inspirada em uma sitcom de 1975 de mesmo nome, One Day At a Time (Um dia de cada vez) traz uma lufada de ar fresco com temas atuais e extremamente pertinentes.



Gênero:
comédia e drama

Formato: sitcom

Temporadas: 3

Episódios: 39

Exibição: 2017 – atualmente

One Day At a Time apresenta personagens cativantes e uma narrativa inteligente. O mais louvável na mesma, é o fato de que o humor, a política e certos valores morais, misturam-se de maneira muito natural e, assim, acaba por trazer leveza e, ao mesmo tempo, conteúdo crítico a ser discutido. Gênero, orientação sexual, machismo, preconceito, estereótipos, racismo, saúde mental e políticas migratórias são apenas alguns dos temas tratados ao longo dos episódios. Na série, existem momentos de diversão, em que o exagero e as piadas levam-nos a rir, mas também existem inúmeros outros nos quais realmente paramos para refletir sobre o que é transmitido ali. Então não fique surpreendido quando, em meio a lágrimas, um sorriso tomar conta, ou vice-versa.

A série, One Day at a time, se passa nos Estados Unidos e retrata a vida de uma família cubana-americana: Penelope, a protagonista, é um exemplo vivo de força e determinação, mas também repleta de inseguranças. Ela é uma ex-militar que serviu ao exército como enfermeira e sofre de sequelas como ansiedade e depressão causadas pelo seu tempo de serviço, bem como uma lesão no ombro esquerdo. E pensa que acaba por aí? Saiba que não. Apesar de tudo que passa e passou, ela ainda tenta adaptar-se a um novo estilo de vida, visto que passa pelo processo de divórcio.

Elena, a filha, puxou à sua mãe no quesito de força. Apesar de ser teimosa e extremamente problematizadora, ela é uma adolescente que tem alta consciência social e é ativista fiel em movimentos feministas, LGBTQ+, preservação do meio ambiente e outros. Ela enfrenta problemas pessoais e tenta encontrar-se em meio aos problemas do mundo e todo o drama familiar. Lydia, a avó, que através de um programa social conseguiu escapar do regime de Fidel Castro e iniciar uma nova vida, é católica, um tanto quanto tradicional e leva as origens no peito de forma fervorosa. Poderemos vê-la, em certos momentos, com atitudes altamente intolerantes e até machistas, contudo, vale dizer que as oportunidades de melhora e evolução vão sendo devidamente apresentadas ao longo dos episódios.

Alex, o caçula de Penelope, é um adolescente carismático que tenta buscar a constante validação dos colegas de escola. A evolução dele é gradativa, começando com um personagem altamente narcisista — atitude essa que claramente prejudica o ambiente e a convivência familiares — e que, com o tempo, vai permitindo-se ser mais flexível, dando então abertura a debates, papos e aprendizado. Por fim, mas não menos importante, Schneider, o melhor amigo de Penelope, é dono do prédio onde a família mora. Diga-se de passagem: ele é um grande “solteirão mulherengo”. É o típico homem hétero, branco, rico e privilegiado. Frequentemente poderemos vê-lo em situações inconvenientes em que é inevitável a tiração de sarro com o mesmo. Apesar disto, ao longo da série, ele vai demonstrando ser uma ótima pessoa e também evoluindo como ser humano.

No fim das contas, One Day At a Time é tudo – e mais um pouco – que esperamos de uma sitcom e que, de forma responsável, traz-nos uma emocionante e aprofundada noção da importância da família e de consciência coletiva, dando abertura para discussões que, com certeza, acrescentarão às nossas vidas e permitir com que estejamos em constante evolução. Sendo um original Netflix, lá você terá acesso ao conteúdo. Garanto que vale a pena conferir.

~Sara Melo