O Pacto | Confira nossa crítica

Guy Ritchie surgiu como uma grande promessa durante a década de noventa com o seu primeiro e grande clássico “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (1998). De lá pra cá ele alternou tanto filmes de sua autoria como o recente “Magnatas do Crime”(2020) como também oferecendo os seus serviços ao realizar filmes blockbuster como “Aladdin” (2019). Já neste “O Pacto” (2023) ele realiza dos dois modos, tanto em apresentar um filme que é de acordo com o seu modo de filmar, como também em apresentar algo que possa atrair a massa e os agradar.
Ficha Técnica
Título: O Pacto
Ano de Produção: 2023
Dirigido Por: Guy Ritchie
Estreia: 21 de abril de 2023
Duração: 123 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Drama. Ação. Guerra.
País de Origem: Espanha. Reino Unido. Irlanda do Norte.
SinopseA história vai seguir o Sargento John Kinley (Jake Gyllenhaal), um homem que “em sua última missão no Afeganistão se juntou ao intérprete local Ahmed para fazer um levantamento da região. Quando sua unidade é emboscada em patrulha, Kinley e Ahmed são os únicos sobreviventes. Com combatentes inimigos em perseguição, Ahmed arrisca sua própria vida para carregar Kinley ferrido por quilômetros de terreno extenuante para a segurança. De volta ao solo americano, Kinley descobre que Ahmed e sua família não receberam passagem para a América, como prometido. Determinado a proteger seu amigo e pagar sua dívida, Kinley retorna à zona de guerra para resgatar Ahmed e sua família antes que as milícias locais os alcancem primeiro.”

O filme se passa durante a guerra do Afeganistão, onde o Sargento John Kinley (Jake Gylenhaal) recruta o intérprete local Ahmed (Dar Salim) para acompanhar a equipe na missão de neutralizar o maior número possível de instalações do Talibã.

Porém, no confronto, Kinley acaba sendo atingido e é gravemente ferido. Para salvar o sargento, Ahmed não pensa duas vezes antes de colocar a própria vida em risco e carregar Kinley através de cenários perigosos para escapar dos inimigos. Porém, Kinley volta para casa e descobre que, no Afeganistão, Ahmed está sendo perseguido pelo Talibã. Com as autoridades se negando a enviar ajuda, John decide retornar para o campo de batalha por conta própria para ajudar o homem.

Passado vários anos desde que os EUA invadiram o Afeganistão é mais do que notório que o nascimento dessa guerra veio de uma grande mentira para não dizer uma grande piada. Ao menos o cinema tem nos lançado títulos bons de guerra que têm retratado o conflito, não para endeusar exatamente o país norte americano, mas para nos darmos conta que uma vez estando lá não importa qual lado ganhe, pois em ambos os casos sempre haverá perdas incalculáveis. Guy Ritchie, portanto, procura anivelar os dois lados do conflito, principalmente através das duas figuras centrais da trama.

John Kinley, por exemplo, nada mais é do que um de muitos capitães que entraram nesta guerra achando que faria alguma diferença, quando na verdade a situação é ainda mais complexa do que se imagina.

Já Ahmed tem motivos os suficientes para ajudar o lado americano, não sendo exatamente um traidor do seu povo, mas porque a guerra o faz se preocupar somente com a sua família e sair vivo dessa. Dois lados de uma mesma moeda e que acabam adentrando uma encruzilhada inusitada.

Como todo bom diretor de cenas absurdamente boas, Guy Ritchie faz o seu dever de casa como ninguém, ao fazer das cenas de ação se tornarem quase frenéticas quando elas acontecem no momento exato e conseguindo assim a nossa atenção como um todo.

Não esperem, porém, algo absurdamente do que já foi visto de sua autoria em filmes como “Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras” (2012), pois se naquele longa ele acelerou ao máximo na questão do uso de sua câmera, aqui a situação se envereda mais para o lado verossímil, como se o realizador quisesse fazer algo quase documental para dizer o mínimo.

O resultado segue a proposta do que hoje os cinéfilos cada vez mais querem, ou seja, menos CGI e mais a pirotecnia e da qual era usada nos bons e velhos tempos do cinema.
Na questão do elenco principal tanto Jake Gylenhaal como Dar Salim estão ótimos em seus respectivos papeis, sendo que o primeiro já está mais do que familiarizado com filmes de guerra, pois basta vê-lo atuando no ótimo “Soldado Anônimo” (2005) para termos uma vaga ideia.

Já Dar Salim surpreende ao construir um personagem em que num primeiro momento se apresenta como ambíguo, já que não temos uma noção sobre até onde vai a sua fidelidade com o seu capitão e fazendo a gente temer por uma possível desavença em meio ao conflito desenfreado. Porém, ele se mostra ainda mais complexo do que nós imaginamos, principalmente por aceitar uma missão altruísta com a possiblidade de não receber nada em troca, mas que põem prática por acreditar que é a coisa certa.

Baseado em fatos verídicos, o filme possui um ato final até mesmo previsível e que vai contra as nossas expectativas. Porém, isso não ameniza a qualidade do filme como um todo, principalmente quando temos a chance de ver um diretor tendo a liberdade de fazer algo de acordo com a sua visão e agradando aquele cinéfilo exigente como eu que aprecia um cinema mais autoral. “Pacto” é um filme de guerra coerente, onde retrata soldados não lutando mais pelo seu país, mas pelos seus parceiros ao lado que embarcaram em um conflito já sem nenhum sentido.

Onde Assistir: Prime Video.

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