Noites Alienígenas | Confira nossa crítica

​​Noites Alienígenas nos mostra que o Acre existe e faz coisas espetaculares. Venha comigo embarcar nessa espaço nave.

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Ficha Técnica
Título: Noites Alienígenas
Ano de Produção: 2022
Dirigido Por: Sérgio de Carvalho
Estreia: 23 de março de 2023
Duração: 1h31min
Classificação: 16 anos
Gênero: Drama. Nacional
País de Origem: Brasil
Sinopse: Em resumo, Rivelino, Sandra e Paulo são três amigos de infância e da periferia que se reencontram na cidade de Rio Branco em um contexto trágico de chegada das facções criminosas do sudeste do Brasil para a Amazônia.

O Acre Existe!

Sejamos realistas! Posso afirmar com propriedade que a Sétima Arte está vivenciando a sua pior era. Tudo que sai, e quando sai, é com efeitos visuais mirabolantes, barulhos ensurdecedores e os incansáveis filmes de super heróis.

Eu não posso ser hipócrita! Afinal, gosto de filmes dos homens e mulheres que lutam contra o mal com suas capas e, claro, que eu espero que venha mais, mas convenhamos, a magia da obra cinematográfica se perdeu… E muito.

E no meio dessa nonsense, deparo-me com o excelente Noites Alienígenas, como se fosse um alento em meio a tanta obra “plastificada”.

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Vou logo dizendo para quem ainda não sabe. Sou acriana (ou acreana). Ei! O Acre existe. Existe e sabe fazer filmes.

Embora eu tenha nascido no estado, moro há 30 anos em São Paulo. E o que sei da minha terra? Muito menos do que crê a minha vã filosofia.

Permita-se ser abduzido

Ao assistir a Noites Alienígenas eu fui realmente abduzida. Não por seres extraterrestres da minha querida Star Wars, e sim pela realidade nua e crua do estado do Acre.

Sérgio de Carvalho, autor do livro homônimo, e, pasmem, diretor da obra adaptada, conseguiu em pouco menos de duas horas mostrar como é o estado acriano.

O baque foi tão grande que as lágrimas saltaram dos meus olhos sem eu perceber.

A trajetória de Noites Alienígenas se passa em um Acre da periferia, em um Acre que sofre com a vinda das facções do sudeste ao Norte Amazônico e o quão triste isso se tornou.

Com alternâncias agonizantes e, ao mesmo tempo, espetaculares de um plano detalhado em que a câmera passa por uma cobra ou, ainda, um close up em que literalmente estamos juntos da jornada de Rivelino (Gabriel Knoxx) e Paulo (Adanilo), o filme te inquieta desde o primeiro segundo.

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Principalmente, porque ele não quer que você seja apenas um mero espectador, ele quer que você esteja onipresente em cada lugar, em cada delírio, em cada incerteza da perspectiva dos seus personagens.

Confesso que foi perturbador, mas não de forma negativa. Afinal, como você pode explicar algo sem ter “vivenciado”?!

E com Noites Alienígenas, foi dessa forma, isto é, o espectador pode dizer que “experimentou” a alienação religiosa, a dificuldade da desintoxicação das drogas, o som alto do famoso “piseiro”, a perseguição, o medo e a morte.

Vários pontos de vista: o mesmo sofrimento

Outra questão interessante foi trazer a história, o ponto de vista daquelas que mais sofrem com toda essa realidade, as mães.

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E nesse caso, Carvalho demonstra de forma visceral, três mães reais: uma mãe indígena em conflito com a crença do seu povo e os ideais de uma religião totalmente alheia aos seus ensinamentos milenares; uma mãe jovem e solo (Sandra, interpretada por Gleici Damasceno) , que crê que pode fazer a diferença; e, ainda, aquela que desistiu de tentar e só recorre em último caso quando percebe que o cerco está se fechando.

“Ah! Mas eu não gosto de filme brasileiro?” Então, nesse caso, realmente dê uma chance, porque se trata de um longa-metragem com um roteiro incrivelmente adaptado, dinâmico e fluido. Você ri, se diverte e chora, tudo em um mesmo filme.

Veredicto: Noites Alienígenas

Sim, o Acre existe e Noites Alienígenas é a prova disso. Com sua direção e roteiro muito bem trabalhados, uma fotografia digna de ser emoldurada e atuações sem igual (inclusive do nosso querido sotaque), o filme é um presente ao povo brasileiro.

É a prova de que o longa-metragem pode te proporcionar várias sensações, mas a melhor delas é o da esperança nos povos da Floresta.

É o Acre para o mundo!

Obs.: para quem não sabe, o Acre vem enfrentando inundações devastadoras ao longo desses dias, inclusive a produtora Saci, que fez este excelente filme, também sofreu com as enchentes. Quem quiser ajudar com algo, confira fontes confiáveis como MPAC.

Até mais, e Obrigado pelos Peixes!

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