Nem um passo em falso | Confira nossa crítica

“Nem Um Passo em Falso” (2021) fala sobre bandidos comuns tentando se dar bem no mundo do crime, mas mal sabendo que a criminalidade se encontra até mesmo para aqueles que vivem acima das nuvens.

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Sobre o Diretor

Steven Soderbergh tem sempre a proeza de reunir um grande elenco para participar de tramas cuja as quais fazem diversos personagens se interligarem em uma situação muito maior do que eles imaginam. Em “Traffic” (2000), por exemplo, era uma espécie de torre de Babel sobre o universo do tráfico, da qual as três tramas eram narradas separadamente, mas se interligando de uma forma surpreendente.

Narrativa

“Nem Um Passo em Falso” (2021) fala sobre bandidos comuns tentando se dar bem no mundo do crime, mas mal sabendo que a criminalidade se encontra até mesmo para aqueles que vivem acima das nuvens.

Estrelado por Don Cheadle e Benicio Del Toro, “Nem um Passo em Falso” acompanha um grupo de pequenos criminosos em Detroit na década de 1950. Eles são contratados por uma pessoa anônima para roubar um importante documento. Mas quando seu plano dá terrivelmente errado, o grupo descobre que se envolveu em uma rede de conspirações muito maior do que poderiam imaginar.

O filme pega na realidade uma certa carona com a tendência de Hollywood em cada mais explorar o universo norte americano dos anos cinquenta, da qual a sociedade aparentava ser perfeita, mas que na realidade se vivia somente nas aparências. Se no filme “Suburbicon: Bem Vindo ao Paraíso” (2017), produzido pelos irmãos Coen, a imagem da família perfeita norte americana é desfeita, aqui a situação é semelhante, mas em meio a uma situação que desencadeia diversos desdobramentos inesperados na trama. Curiosamente, o primeiro ato lembra muito os filmes dos irmãos Coen, dando a entender que Soderbergh faz um pequeno aceno para os amigos que vieram com ele do cinema independente.

Visualmente o filme é arrebatador, onde Soderbergh usa umas lentes que nos passa uma sensação muito maior dos cenários e fazendo a gente só lamentar de não vermos essa experiência no cinema. Fotografia e edição de arte andam de mãos dadas, assim como edição caprichada e que não deve em nada a outros filmes como no caso dos realizados por Tarantino. Claro que isso não seria o suficiente se não houvesse um grande elenco e aqui talentos tem de sobra.

Elenco e Atuações

Tanto Don Cheadle como Benicio Del Toro estão ótimos em seus respectivos papeis, sendo que os seus personagens ambos em comum procuram abraçar um grande golpe que fará deles homens livres do crime. Minha grande surpresa é rever Brendan Fraser depois de muito tempo e que, embora esteja ótimo em seu papel, fico me perguntando se os anos de glória de Hollywood não fizeram mal a ele, pois ele se encontra quase irreconhecível atualmente. E se Ray Liotta ainda tem dificuldade para se expressar, Matt Damon, por sua vez, surpreende nos poucos momentos de cena e cuja as suas palavras sintetizam o fato que os personagens principais estão envolvidos em um esquema muito maior do que eles imaginam.

Veredicto

Falando nisso, o filme não procura retratar o típico embate entre heróis e mocinhos um contra o outro, mas sim nos revelando pessoas normais que optaram pelo crime, ou participar de uma justiça que já se encontrava corrompida naqueles tempos longínquos. Ao final do primeiro ato, por exemplo, constatamos que ninguém sai ganhando, mas sim somente os poderosos do andar de cima que nos obrigam a fazer parte de um sistema viciante e cuja as multinacionais como a GM está somente interessadas em expandir os seus negócios independentes das consequências no futuro. Só o que resta para alguns dentro da trama é terminar da maneira em que começou, continuar caminhando e vivendo com o que tem no bolso.

“Nem um passo em falso” é uma bela e eficiente prova que Steven Soderbergh ainda continua em boa forma.

Onde Assistir: HBO MAX