Mega Man Battle Network Legacy Collection | Confira nossa review

Revivendo as aventuras da internet da época do MSN!
Ficha Técnica
Desenvolvido por: Capcom
Publicado por: Capcom
Gênero: RPG 
Série: Mega Man, Mega Man Battle Network
Lançamento: 14 de abril de 2023
Classificação indicativa: 10 anos
Modos: Single-player, Multiplayer
Disponível para: PlayStation 4, Nintendo Switch e PC, via Steam

 

Na indústria dos games, não são raras as franquias que tentaram se reinventar ao longo dos anos, mesmo que falhando miseravelmente, em muitos casos. Uma dessas franquias que por várias vezes arriscou se reinventar, e mesmo que não agradando uma parcela de fãs de uma ou outra de suas séries, foi a franquia Mega Man, sempre entregando títulos com qualidade digna, mesmo que inovando muito pouco entre uma sequência e outra. Uma dessas reinvenções trata-se da série Mega Man Battle Network (Rockman.Exe  no Japão), lançada para o portátil da Nintendo, Game Boy Advance, em 2001,  época em que todos estávamos empolgados com no início do século 21, e a internet estava se popularizando nos lares.

A série foi bastante popular durante o reinado do Game Boy Advance.

Battle Network contextualiza justamente como a internet passou a ser essencial para praticamente tudo na vida dos seres humanos, estando presente em desde um simples PC até um mero forno. A série durou de 2001 até 2006, com 6 lançamentos anuais (com os 2 primeiros games lançados no primeiro ano). A série então retorna, no formato de coletânea, em uma compilação que inclui todos os seis jogos numerados da série, incluindo ambas as versões de Battle Network de 3 a 6, em dois volumes digitais (Vol. 1, de 1 a 3, Vol. 2, de 4 a 6), ou um único volume físico.

Bem vindo ao ano de 200X!!

A história começa no ano de 200X, época em que a raça humana está na “era da rede”. Todo mundo tem um PET (Terminal Pessoal), essencial para a vida cotidiana, semelhante ao que os smartphones são para nós hoje, permitindo acesso a e-mail, telefonemas, agenda, armazenamento de dados, compras, notícias etc. Todo PET usa um programa de simulação de personalidade chamado NetNavi (Internet Navigator). Ao personalizar o programa NetNavi do PET, o usuário pode dar ao NetNavi uma personalidade única – e até mesmo conversar com ele. Mega Man é o NetNavi de Lan Hikari, uma criança moradora da pacata cidade de ACDC (Não confundir com a banda de rock). Muitos itens do dia-a-dia agora estão conectados na rede, como televisões, fogões, geladeiras e assim por diante. Por causa disso, obviamente os crimes virtuais também aumentaram, visando explorar justamente as vulnerabilidades das novas sociedades altamente conectadas por meio de hackers ou vírus. Um desses grupos é conhecido como WWW (World Three), e é responsável por vários incidentes sérios. A relativa paz da cidade de ACDC é destruída quando os infames terroristas começam a espalhar o caos. MegaMan e Lan decidem enfrentar o problema de dois lados – o mundo real e o ciberespaço, encontrando  novas pessoas interessantes e versões digitais dos clássicos Robot Masters da franquia ao longo do caminho.

A série dessa vez aborda um estudante combatendo uma organização criminosa hacker, mas nem por isso figuras conhecidas de outros games da franquia deixam de marcar presença.

Conectar, Mega Man! Força total!

Os games da série Battle Network são do gênero RPG, perspectiva em que ocorrem dois momentos de exploração no overworld, com a câmera em uma perspectiva isométrica: uma, no mundo offline, com Lan; e outra, no mundo online, com Mega Man. Já nas batalhas, controlando também Mega Man, as lutas ocorrem em tempo real, aqui com a câmera em uma perspectiva lateral, com movimentação livre em um campo de batalha onde Mega Man ocupa 1 quadrado do campo, podendo se movimentar por 9 quadrados ao todo, correspondendo a metade do campo, e os inimigos ocupam outros 9 quadrados do campo, totalizando 18 quadrados no campo de batalha.

É a última vez: não me manda convite de Colheita Feliz!!

As lutas, mesmo em tempo real, também possuem elementos de combate por turnos, em que a cada poucos segundos, você pode selecionar chips de batalha (battle chips) com determinados tipos de efeitos ou ação, e uma nova seleção fica disponível apenas após passado mais alguns segundos. As batalhas ocorrem de forma randômica ao se aventurar na internet fictícia do game, controlando Mega Man. Conforme você vence as batalhas e progride no game, vai adquirindo novos chips de batalha.

“Desista Mega Man! Não vou te mandar depoimento no Orkut!”

Uma atualização que valeu esperar o computador

O que pode ser observado de material extra e mudanças presentes na coletânea:

  • Os games de 3 a 6 possuem duas versões, assim como quando lançados na época, com exclusividade de chips em cada versão, na melhor cópia descarada homenagem à Pokémon, estimulando a interação entre jogadores por meio de trocas.
  • Opção para jogar em quatro resoluções diferentes, e com opção de filtro para suavização de pixels. No entanto, não há opção de jogar sem bordas.
  • Uma versão poligonal de Mega Man está presente no menu principal, interagindo com o jogador ao toque de um botão, enquanto se seleciona os jogos, porém, caso prefira, outro botão permite silenciá-lo. Mega Man aqui tem os mesmos dubladores do anime Mega Man NT Warrior (vozes americana e japonesa).
  • Assim como coletâneas anteriores da franquia, uma galeria de arte também está presente, reunindo mais de 1.000 peças de arte, incluindo até mesmo artes dos games spin offs ausentes nesta coletânea.
  • Um player de música, com 188 músicas de toda a série.
  • Uma das grandes novidades fica sendo um modo versus local ou online, por meio de partidas privadas ou públicas que podem aumentar o rank de um jogador.
  • A coletânea conta com uma nova tradução para o inglês, dessa vez, bem mais próxima do original japonês do que no lançamento original dos games.
  • Vários recursos que foram distribuídos apenas no Japão, agora podem ser obtidos por download gratuito e estão disponíveis fora do Japão pela primeira vez, como chips de batalha exclusivos de eventos no Japão.
  • As cartas Modification do Nintendo e-Reader, agora são chamadas de Patch cards, podendo ser habilitadas para os jogos do segundo volume da coleção, disponíveis de imediato, totalizando 499 Patch Cards.
  • Uma opção para jogadores casuais chamada de “Modo Buster MAX”, que multiplica o dano do tiro do MegaBuster por 100, facilitando assim a vida de novatos nos games da série.
  • Trocas de chips de batalha entre os jogos.
  • Trocas de Mudanças de Estilo em Mega Man Battle Network 2.
  • Trocas de programas Navi Customizer entre jogadores em Mega Man Battle Network de 3 a 6.
  • Trocas de Navis com o recurso Waiting Room no Mega Man Battle Network 4, abrindo torneios gratuitos para obter fichas secretas exclusivas e acesso à versão oposta do Navis em torneios de história.
  • Trocas de Pastas em Mega Man Battle Network 6.
  • Comparação de bibliotecas de dados entre jogadores em Mega Man Battle Network de 3 a 6.
  • Comparação de registros de tempo de deleção Omega e SP em Mega Man Battle Network de 4 a 6.
  • O material Boktai, até então exclusivo do Japão, está disponível na segunda coleção, excetuando-se as Crossover Battles.
  • Bônus de pre-order disponíveis na forma de quatro faixas de música pré-arranjadas (2 por volume) e skins especiais para MegaMan.EXE no menu, Hub Style no Volume 1, e Dark MegaMan.EXE no Volume 2.
  • Bordas para decorar o fundo da tela com 10 frames diferentes em cada volume, que podem ser usados para todos os jogos individuais.
“Olá, eu sou o Chatbot GPT… digo, Mega Man.EXE!!”

Conexão discada?

Infelizmente, assim como nas coletâneas anteriores da franquia, muito títulos derivados que fizeram parte da série não estão presentes na coletânea, o que é uma pena, pois deixariam o pacote mais completo ainda. O visual pixelado, em uma tela grande, pode assustar os marinheiros de primeira viagem, mesmo com o filtro de suavização. O mesmo vale ser dito das músicas, em formato midi, que não combinam muito com um console moderno, podendo ter sido adicionada a opção de versões modernizadas de cada trilha.

Mega Man Battle Network Legacy Collection: Vale a Pena?

Mega Man Battle Network Legacy Collection é indiscutivelmente um presentão para aqueles que estavam carentes por aventuras no universo do ciberespaço do robozinho azul da Capcom, por mais que não sejam novas aventuras e por mais que a coletânea tenha pontos falhos, como visual pixelado demais para uma TV moderna e músicas que podem dar dor de cabeça depois de algumas horas de jogatina. Mesmo que não seja o pacote definitivo da série, ainda assim engloba os títulos principais, abordando a história, do início ao fim, e quem sabe, servindo como um mergulhar de dedos na banheira, para uma possível continuação em algum futuro.

Cópia de imprensa disponibilizada gratuitamente para PlayStation 4 pela Capcom para a elaboração desta análise.


Eu não escolhi esse caminho. O caminho, ele me escolheu. Leia mais aqui