Jair Rodrigues: Deixa que Digam | Confira nossa crítica

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Com um misto de imagens históricas, entrevistas e cenas em que Jair Oliveira (Jairzinho) interpreta o seu pai, Jair Rodrigues: Deixa que Digam é uma homenagem ao cantor para efetivamente “deixar que digam”e que digam muito.

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Ficha Técnica
Título: Deixa que Digam 
Ano de Produção: 2022
Dirigido Por: Rubens Rewald
Estreia: 27 de abril de 2023
Duração: 90 min.
Classificação: 10 anos
Gênero: Documentário. Biográfico. Musical.
País de Origem: Brasil
Sinopse: Em resumo, o documentário Jair Rodrigues: Deixa Que Digam se dedica a explorar à trajetória artística e pessoal de Jair Rodrigues. Aliás, Jair foi um músico e cantor brasileiro, considerado por muitos, um precursor do gênero que viria a ser conhecido como rap, por ter lançado, ainda nos anos 1960, isso porque, o samba “Deixa isso pra lá”, tinha versos mais falados do que cantados. Suas performances também foram popularizadas graças à sua coreografia com as mãos. Ademais, o filme aborda a construção de seu estilo único. Desde os primeiros passos no samba, até a consagração por “Disparada”, o filme também explora a relação do artista com a política nacional. 

Alegria = Genialidade

A importância do presente documentário não é só trazer a alegria contagiante de Jairzão (Jair Rodrigues), mas também, para exaltar a sua genialidade com a música.

Principalmente, em relação àquela que concede nome ao presente, Deixa que Digam, que como a própria obra enfatiza, é considerada como uma das músicas precursoras do rap.

Jair = Jair 

Um dos pontos altos do presente documentário, além das entrevistas e vídeos do enorme acervo do saudoso cantor, é a atuação de Jair Oliveira (Jairzinho), como intérprete do seu pai.

O ator e cantor, de uma forma espetacular, conta a história na perspectiva de Primeira Pessoa, transmitindo toda a essência do seu pai, desde o timbre da voz, sua atitude, o jeito em que a postura fica ao dizer um “causo” e todas as gesticulações tão presente no icônico cantor.

Sensibilidade = Profissionalismo

Uma das coisas que mais me marcou em Deixa que Digam é o fato que durante todas as décadas de sua carreira, Jair Rodrigues se renovava e surpreendia a cada apresentação.

Um desses casos, é a história da música Disparada! Aqui, o cantor demonstra que não era só “apenas” o sambista que todos conheciam, mas sim, um artista completo.

Isto é, a obra enfatiza o profissionalismo de Jair Rodrigues, mesmo diante da alegria que sempre apresentava. Digo isso, pois, erroneamente, muitos não dão credibilidade a alguém “sempre alegre”, o que não deveria ocorrer, na verdade. E com o seu trabalho, Jair quebra esse paradigma! Tanto que vemos e nos alegramos com a cara de espanto das pessoas da plateia, quando ele canta Disparada pela primeira vez.

Aliás, o ótimo exemplo é a interseção entre a história em que Jair Oliveira conta, na perspectiva do seu pai, e o vídeo de Jair Rodrigues, em que ele em silêncio inicia a sua arte com a música composta por Geraldo Vandré.

Rubens Rewald conseguiu captar essa sensibilidade do cantor, quando entendeu a história e a carga da canção à época. Evidentemente, foi o divisor de águas entre o sambista e o intérprete de Disparada. Uma vez que, aqui, Jair compreendeu todo o dramatismo da letra, ascendendo ao estrelato de forma definitiva.

Jair = Política

Algo que não concordei com o documentário é o fato de dizer que Jair Rodrigues era neutro ou apolítico em meados dos anos 70. Nesse caso, há de aclarar a situação, com uma frase de Aristoteles: “O Homem é um animal Político”, ou seja, a política e a sociedade são inerente ao ser humano.

Pois, ainda, que não falasse abertamente sobre, Jair de forma genial cantava sobre, pois suas músicas refletiam o contexto social-político, além de valorizarem as raízes africanas, como por exemplo, com a Festa para um Rei Negro de 1971.

Cantar = Interpretar

Outro tema interessante, na qual concordo plenamente, é a mensagem da presente obra no sentido de que o cantor não deve somente cantar a música, e sim interpretá-la.

Nesses casos, Jair Rodrigues fazia muito bem. É o caso do choque, com Disparada; a valorização de suas raízes, como o Samba-Enredo do Salgueiro; ou suas mudanças de gêneros musicais, como a sertaneja, Majestade, o Sábia.

Jair = Acervo

Embora o incêndio da Record tenha apagado muito do material do cantor, Jair esteve tão presente com sua arte, que há infinitos documentos maravilhosamente inseridos nesse documentário. Dentre eles, sua co-parceria com a também saudosa Elis Regina ou com entrevistas com as icônicas Hebe Camargo e Dercy Gonçalves.

Mas não se engane, o documentário não é monótono. Isso porque, a transição é orgânica entre as entrevistas, imagens, vídeos e, é claro, a história contada e interpretada por Jairzinho.

Samba = Família

Uma das coisas que você capta com o documentário é o fato de que o samba, igualmente, é parte integrante da família de Jair Rodrigues.

Tanto que se percebe isso com os depoimentos de sua esposa ou, ainda, com as músicas ou companhia nos palcos com seus filhos Jair Oliveira e Luciana Mello.

Veredicto: Jair Rodrigues – Deixa que Digam

Confesso que não sou muito adepta ao gênero documentário. No entanto, quando ele é leve, orgânico e, obviamente, a figura homenageada é pura alegria e sentimentalismo não tem como não se encantar.

No entanto, não espere algo polêmico, pois não é a intenção nem o foco de Jair Rodrigues – Deixa que Digam. E, sim, uma homenagem que todos devem apreciar. Isto é, tanto àqueles que o conheceram quanto àqueles que nunca ouviram um cantor que cantava sorrindo com o seu icônico gesto de mão.

Até mais, e Obrigado pelos Peixes!

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