Identidade | Confira nossa crítica

“Identidade” (2021) é um retrato delicado sobre duas mulheres próximas, mas que optaram em viver em realidades diferentes uma da outra.

Identidade
Ficha Técnica
Título: Identidade
Ano de Produção: 2021
Dirigido Por: Rebecca hall
Estreia: 17 de agosto de 2023
Duração: 1h 38min
Classificação: 12 anos
Gênero: Drama
País de Origem: EUA
Sinopse: Em Identidade, Clare (Ruth Negga) é uma elegante e ambiciosa mulher negra de pele clara que, durante a década de 1920, decide viver sua vida se passando por branca e se casando com um homem branco rico e preconceituoso. Já Irene (Tessa Thompson), sua colega da época de escola de pele igualmente clara, vive imersa na comunidade afro-americana e é casada com um médico negro. Quando as duas se reencontram, já em idade adulta, de classe média, elas se envolvem na vida e nas inseguranças uma da outra e suas escolhas e jornadas causam conflito, mas também atraem uma a outra para seus respectivos mundos. O inesperado reencontro das duas amigas do colegial, acende uma obsessão mútua que ameaça as duas realidades cuidadosamente construídas.

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Preconceito em pleno século 21

Embora estejamos em pleno século vinte e um é impressionante como ainda há preconceito em volta, seja contra as pessoas negras ou contra os LGBTS e fazendo com que muitos fiquem inseguros com a realidade em sua volta. Porém, houve tempos piores, mais conservadores, onde pessoas se escondiam dentro do armário ou fingiam ser de outra cor para sobreviver perante uma realidade ignorante e opressora. “Identidade” (2021) é um retrato delicado sobre duas mulheres próximas, mas que optaram em viver em realidades diferentes uma da outra.

Direção e Narrativa

Dirigido pela estreante e também atriz Rebecca Hall, vista recentemente no filme “A Casa Sombria” (2021), o filme conta a história de Clare (Ruth Negga), uma elegante e ambiciosa mulher negra de pele clara que, durante a década de 1920, decide viver sua vida se passando por branca. Já Irene (Tessa Thompson), sua colega da época de escola de pele igualmente clara, vive imersa na comunidade afro-americana. Quando as duas se reencontram, suas escolhas e jornadas causam conflito, mas também atraem uma a outra para seus respectivos mundos.

Hall e seu diretor de fotografia, o espanhol Edu Grau, filmam “Identidade” usando a proporção de tela 4:3, que troca o aspecto retangular da maioria das produções contemporâneas por um “quadrado” por vezes sufocante. Isso é proposital, já que assistimos a protagonista Irene nas ruas de uma cidade grande e sentimos que ela está apreensiva por alguma razão. A lógica é clara, já que estamos nos anos vinte, época em que o racismo ainda era forte nos EUA e o medo que a protagonista está sentindo naquele momento é mais do que verossímil.

Já irene é um caso diferente, pois optou em abandonar as suas raízes para se abrigar ao universo branco cheio de regras e para assim obter a tão sonhada vida de mulher rica. Porém, ao adquirir isso, ela perde por completo a sua identidade própria e percebemos em seu olhar que ela não excitaria em tirar a sua própria vida por ter se vendido a esse sistema racista. A situação muda quando Irene surge na sua frente, como se fosse uma ancora para que ela não se perdesse e assim pudesse voltar a repensar a voltar a ser o que era antes.

Identidade 02

Mais do que o preconceito discutido no filme, a trama traz também sobre a relação e sentimentos das mulheres de ontem e hoje, mesmo que alguns desses assuntos fique somente nas entrelinhas ao longo da projeção. Não é preciso ser explicito com relação a isso, já que a câmera de Rebecca Hall se torna uma representação do olhar de Irene e Clare, ou vice versa e assistimos de acordo com que elas observam ao longo do tempo. Nitidamente se vê uma análise que ambas fazem uma na outra, como se houvesse um desejo reprimido ali a muito tempo adormecido, mas que não acorda devido as consequências que viriam.

Atuações

Ruth Negga se sobressai em um papel tão difícil e complexo, ao criar para a sua personagem inúmeras camadas de interpretação, mas fazendo com que a gente compreenda a sua situação, mesmo quando a tachamos de uma forma precipitada. Já Tessa Thompson nos brinda com a sua melhor atuação na carreira, ao criar para a sua Irene uma personagem que luta pelo que acredita, mas ao que tudo indica essa luta não é o suficiente para quebrar a barreira do preconceito e abraçar os seus sentimentos que sente por Claire.

Identidade 03

Veredicto


O resultado culmina em um ato final do qual cada um levantará a sua própria interpretação dos fatos que ocorreram ali e com certeza gerará um longo debate para aqueles que forem testemunha. Em tempos atuais em que as pessoas ainda lutam pelo seu lugar ao sol, o filme nos revela que está luta já perdura a tempos, porém, era um cenário que nos dava menos escolhas e gerando assim maior desespero. “Identidade” é sobre a prisão de não ser o que você é e tão pouco não podendo abraçar o seu verdadeiro ser.

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