RESENHA | FILMES: Hereditário – 2018

Polêmico desde sua primeira aparição no Festival de Sundance, Hereditário (Hereditary) arrebatou grandes públicos pelos cinemas norte-americanos, antes de vir para o Brasil. Apontado pela crítica como um filme revolucionário para gênero desde o Exorcista, de 1973.

Não por acaso, assemelha-se em tensão e terror psicológico ao filme A Bruxa pois foi a mesma produtora de ambos os filmes, sendo os dois os melhores exemplos do gênero de horror nos últimos anos.

A expectativa de Hereditário, de fato, não era tão grande assim até sua estreia por aqui em terras brasileiras. Mas foi isso acontecer que o longa, o primeiro da estreante na direção Ari Aster, mostrando-se altamente competente e não sendo apenas mais um filme de terror, mas também uma das mais perturbadoras experiências já vividas.

Família, problemas psiquiátricos e o sobrenatural

Hereditário, retrata um filme sobre uma família devastada em meio a crise instalada e repleta de tensão junto a seus membros. Logo nos primeiros minutos, situações no mínimo sinistras são apresentadas ao telespectador. No papel de Annie (Toni Collette), reage de forma estranha à morte de sua mãe, nos dando assim alguma pista sobre o seu passado e o relacionamento com sua mãe. Já seus dois filhos, Peter (Alex Wolff) e Charlie (Milly Shapiro), reagem de diferentes forma à perda da avó. Peter, já acostumado com a ausência da avó, parece não se importar muito; No entanto, Charlie, que cresceu sob sua guarda, se pergunta como irá sobreviver no mundo agora que perdeu um de seus principais pilares.

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Diante disso, e aliado aos claros transtornos psicológicos que possui, Charlie possui dificuldades de relacionamento pessoal, mesmo entre seus familiares. Na figura paterna, temos Gabriel Byrne como Steve, atuando de forma exemplar no papel de um pai cansado e devastado pela crise familiar mas ainda assim, sempre disposto a intermediar os conflitos familiares e garantindo o equilíbrio necessário para sua esposa e os filhos.

Percebemos ao longo da trama que a vida secreta da avó morta, conduzirá o enredo de todo o filme, havendo consequências graves e nefastas para toda a família, sendo este aspecto justamente onde Hereditário brilha, graças ao seu elenco de peso e atuações primorosas tornam o filme tão visceral. Hereditário é perturbador não apenas pela forma como aborta o mal que irá recair sobre essa família, mas pela forte construção de relações repletas de extrema carga emocional. O filme pretende chocar o telespectador, mas sem sustos ou sangue em demasia, mexe forte com a tensão e o terror psicológico. E ele cumpre essa função.

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A opção de fugir à ação e aos jump scares é muito clara nessa produção, e se enquadra perfeitamente na construção de um atmosfera tensa que permanece por todo o longa, sufocando e perturbando o espectador. As casas de boneca sempre presentes são também utilizadas para transmutar a trama, reproduzindo cenas que ocorreram fora da tela, mas que são fundamentais para a compreensão de toda a trama.

Naturalmente, Hereditário vai mudando o tom de sua narrativa e ruma sem escalas para o horror sobrenatural, deixando para trás todo o drama psicológico familiar. Nesse ponto são introduzidos elementos nos quais o espectador poderá perguntar-se : “Mas que raios está acontecendo ali?”. E é justamente essa a grande sacada do filme, mesmo que isso possa fazer com que muitos gostem de Hereditário e outros tantos, o odeiem fervorosamente. Não se trata, no entanto, de um filme cabeça com final em aberto e sem resposta. Nada disso. TUDO foi meticulosamente pensado e colocado na película para todos pudessem ver (e perceber) do que se tratava, desde do início do filme.

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Não iremos revelar nada da trama de Hereditário para não estragar a experiência ímpar a que ele se propõe. É impossível ficar indiferente a Hereditário. Seu objetivo é nos chocar e nos perturbar durante todo o filme, o qual executa com louvor essa tarefa.

O maior mérito de Hereditário é a capacidade de criar medo sem depender de sustos, apenas pela excelente construção de ótimos diálogos e atuações impecáveis.

Hereditário funciona para qualquer espectador?

Hereditário relata uma angustiante e inquietante história sobre problemas familiares e a forma como os pais atuam na formação dos filhos, antes de entrar na área do sobrenatural. Com atuações primorosas de Toni Collette (digna de indicação ao Oscar) e Gabriel Byrne (no papel de um pai cansado, apático e reprimido). O filme está repleto de momentos angustiantes e tensos que afligem o espectador, além de mas Hereditário poderá confundir aos mais desatentos durante o segundo ato. Inegavelmente é uma das experiências mais legais que se pode ter ao assistir um filme de horror, que vai ficar na cabeça e será assunto por muito tempo em rodas de discussão.

Nota IMDb: 7,3 / 10,0

Minha Nota: 8,7 / 10,0

Ficha Técnica:

Direção: Ari Aster

Elenco: Alex Wolff, Gabriel Byrne, Toni Collette, Milly Shapiro, Ann Dowd

Gênero: Drama, Horror, Mistério

Duração: 127 minutos

Orçamento: US$ 10 milhões

Receita: US$ 44.096.456