Gotham Knights não será um amor à primeira vista, mas certamente trará uma boa experiência caso você permita se aprofundar na campanha.
Desenvolvido por: Warner Bros. Games Montréal, QLOC |
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Publicado por: Warner Bros. Games |
Gênero: RPG de Ação |
Série: Gotham Knights |
Lançamento: 21 de outubro de 2022 |
Classificação indicativa: 14 Anos |
Modos: 1-2 Jogadores |
Disponível para: PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC |
Os Defeitos
Sendo completamente honesta, comecei detestando Gotham Knights de todo o meu coração. Era tanta revolta, que nos primeiros minutos realmente vi um problema em ter me tornado responsável por essa análise. Todos os defeitos ficaram claramente visíveis para mim, a começar pelos gráficos.
Não compreendi porque o jogo não poderia rodar num PlayStation 4, já que não parecia ter aproveitado em quase nada a potencialidade do PlayStation 5. Com todo o mundo aberto de Gotham disponível para exploração e diversos cenários que poderiam tirar o fôlego, me senti como se estivesse jogando em um console inferior. Entenda! A arte do jogo é cativante e consegue dar vida a cidade dos morcegos de forma justa, porém a sensação é que você está jogando com uma qualidade média, apesar de poder aguentar uma alta. É decepcionante!
Os problemas aumentaram, quando percebi que a taxa de FPS, também, não saía dos 30 quadros. O que é interessante, já que geralmente não percebo esse tipo de defeito, mas em Gotham Knights é muito perceptível assim que você começa a pilotar a batmoto. Imagine você jogando com um dos automóveis mais rápidos do Batman e, na tela, tudo o que vemos é um efeito especial tentando simular uma alta velocidade, porque ela de fato, não existe. No meio do trânsito da cidade, as ultrapassagens são ridículas, já que você é pouco mais veloz do que os outros carros.
E depois, logo você se vê num mundo aberto, sendo obrigado a cumprir missões em diferentes pontos da cidade e perde totalmente a fluidez do jogo, ao ter que se deslocar lentamente de um ponto ao outro do mapa.
E as críticas não param por aí, pois eu ainda nem falei dos combates que, infelizmente, não usaram as habilidades do DualSense, tornando toda a jogabilidade menos imersiva. No entanto, mesmo com ela, a princípio você não irá curtir a mecânica de luta, as achando até mesmo, antiquadas.
E por fim, tem a história, na qual começa com um dos heróis mais queridos da DC morrendo. Isso mesmo! O Batman morre logo nas primeiras cenas, dando abertura para justificar estarmos em posse de seus ajudantes e, não, do justiceiro principal. Pergunto-me, até agora, se não foi isso que me deixou com raiva do jogo, no início. Afinal, tem que ter muita audácia pra matar o nosso querido Bruce Wayne. Entretanto, por mais incrível que pareça, essa análise não é negativa e sofre um revés.
As Qualidades
Eu comecei a ser fã do mundo do Batman assim que assisti a Birds of Prey, a série de TV que foi exibida entre 2002 e 2003 e passava aos sábados no SBT. Época de televisão aberta, era um dos programões da minha adolescência – aqui eu entrego que era bem nerd, por ficar em casa num sábado. Mas prosseguindo, essa série contava a história da Caçadora, filha do Batman e da Mulher Gato, criada pela Bárbara Gordon. A base delas ficava posicionada na torre do relógio em Gotham e, por sinal, é a mesma torre que servirá de QG para Gotham Knights.
A torre do relógio aqui é chamada de Campanário e será o nosso lar, já que a Batcaverna foi destruída com o Batman junto. Nele, teremos acesso a todos os casos em andamento, sejam das missões principais sejam das secundárias. O quadro não é meramente decorativo e fornece detalhes importantes sobre as missões, como a localização dos criminosos, os quais precisam ser interrogados, para conseguirmos prosseguir na investigação.
Há, também, uma zona de treinamento, em que é possível aprendermos a executar corretamente as novas habilidades que vamos adquirindo com o progresso do jogo. A árvore de habilidades é, inclusive, exclusiva para cada cavaleiro, tornando imprescindível você testar cada um para decidir qual deles é seu campeão favorito. A minha, obviamente, foi a Batgirl, não só pelas habilidades, mas porque se você me conhece, sabe que prefiro uma narrativa feminina.
Sobre a história, esta vai melhorando consideravelmente e, arrisco afirmar, que ela vai te conquistar. Afinal, você tem 4 personagens (Batgirl, Asa Noturna, Robin e Capuz Vermelho) e podemos alterar entre eles em qualquer momento no Campanário. Logo, com pelo menos um, o jogador deve se identificar e ficar curioso para descobrir os detalhes da sua vida. Esses pequenos detalhes, que fazem a trama além de toda a adrenalina, se tornarem cativantes.
Quanto à trilha sonora, esta é aquela que eu dou um 10, sem ao menos pensar duas vezes. Afinal, temos um jogo completamente localizado em PT-BR, com direito a uma dublagem espetacular, que consegue ser fiel aos seus personagens. Além disso, a sonoplastia escolhida para a exploração e combates não decepciona e a trilha sonora é simplesmente memorável. Querido leitor, a soundtrack é tão boa, que a coloquei entre as minhas favoritas do Spotify. Aliás, vou até linkar aqui pra vocês tirarem a prova.
Outras Qualidades
Vocês lembram que eu comecei odiando, certo?! Contudo, o sentimento foi mudando, gradativamente, e só para melhor. Confesso que o que deu início à mudança de opinião foram as missões secundárias, nas quais enfrentamos alguns vilões já conhecidos do universo do Homem Morcego. As missões não eram só interessantes por seu enredo, mas continham cenas de tirar o fôlego e algumas das partes mais divertidas de todo o jogo. Dica: Não deixem de jogá-las!
Por falar em vilões, temos uma ótima variedade deles que vão se revelando a cada passo da nossa jornada. Basicamente, a cada nova missão principal (um total de 8 partes), novos inimigos vão surgindo. Isto é, não somente os chefes vão mudar de cara, mas também os capangas, os quais possuirão suas próprias habilidades.
O jogo é rico e fica muito divertido conforme você pega o jeito da mecânica das lutas. Ademais, ele pode mudar muito, a depender da dificuldade escolhida. Ou seja, enquanto da normal para cima, você necessitará ser preciso e técnico, da fácil para baixo, você, apenas, precisará esmagar os botões.
O mundo aberto acabará se tornando seu amigo, quando você liberar novas ferramentas de trabalho que permitirão a opção para as viagens rápidas. O jogo se torna muito mais fluído e você poderá se divertir correndo pela cidade, seja atrás de missões de história seja resolvendo os crimes aleatórios e falando com seus contatos para aumentar sua experiência.
E, por se tratar de um RPG de ação, é necessário farmar um pouco de experiência na cidade – não, apenas, para se tornar mais forte, mas para adquirir matéria prima pra criar melhores armaduras e, também, comprar novas habilidades, as quais serão úteis nos mais diversos desafios que ressurgirão toda vez que você sair do Campanário. Além disso, até mesmo a batmoto se torna interessante quando você for estender seu jogo com os desafios de tempo.
Vale lembrar que a batmoto é personalizável, mas, infelizmente, apenas em seu exterior com algumas pinturas. No entanto, seu traje e armas podem ser melhorados de forma considerável.
E vou logo avisando: você vai prender a atenção de forma desnecessária, ao tentar melhorar o seu traje. Não, apenas, para o tornar mais potente, mas também, para adquirir visuais deslumbrantes. E digo mais, a vaidade fará com que você utilize muito o “modo foto”, que pode ser ativado praticamente em qualquer parte de Gotham Knights.
Pormenores
Ainda que eu tenha gostado, até demais, do jogo, tive uma grande ressalva por só vermos os outros ajudantes, quando alguém entra na sua sala online. É realmente estranho todos estarem presentes na torre do relógio, interagirem entre si e não os vermos fora dali durante as missões. Senti falta de cenas de combate com os quatro morcegos e até de uma dinâmica de combate entre eles.
E apesar de não ter jogado com nenhum amigo, tive a oportunidade de cruzar com outros jogadores que se aventuraram junto comigo em alguns crimes. Confesso que foi muito legal ter outra cabeça pensante metendo a porrada em inimigos ao redor da cidade. Dessa forma, se você tiver a oportunidade, combine com um amigo de explorar Gotham e tenho certeza de que vai deixar tudo, bem mais, interessante.
Também pude perceber alguns bugs que, graças aos deuses da programação, não impossibilitaram meu progresso na campanha, mas não deixaram de ser perceptíveis. Alguns eram visuais e outros ligados à completude de missões. Mas, eu ressalto que foram poucos e em nenhum caso houve a necessidade de ter que reiniciar o jogo ou algo parecido.
Gotham Knights: Vale a pena?
Sim, Gotham Knights pode não convencer de início, mas acaba prendendo a atenção do jogador em algum momento da trama. Sua história e trilha sonora vão empolgar o jogador e tornar as decepções, quanto aos gráficos e aos outros detalhes, aceitáveis.
Entretanto, vale ressaltar ainda que deveriam lançar esse jogo para os consoles da geração passada e, assim, permitir que uma maior parcela de jogadores possa aproveitá-lo.
O fator replay pode se tornar alto, se você quiser experimentar reviver a aventura com os outros justiceiros. Porém, a campanha principal, em si, é curta! Ou melhor dizendo, em torno de 20 horas, você alcança o 100% e isso inclui a busca dos vários colecionáveis que não citei, mas que revelam mais do mundo do Batman e suas velhas histórias.
É uma platina fácil, para quem aprecia caçar troféus, já que não possui troféus perdíveis e nada relacionado à dificuldade. No entanto, devido a sua duração, por não apresentar qualidades notáveis na sua parte visual e de performance, recomendo você aguardar uma promoção e esperar um preço que considere mais justo para o seu bolso.
Cópia de imprensa disponibilizada gratuitamente para PlayStation 5 pela WB Games para a elaboração desta análise.
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