God of War Ragnarök | Confira nossa review

O desfecho do capítulo nórdico da épica saga God of War!
Ficha Técnica
Desenvolvido por: Santa Monica Studio
Publicado por: Sony Interactive Entertainment
Gênero: Action-adventure, hack and slash, simulador de pai triste
Série: God of War
Lançamento: 09 de novembro de 2022
Classificação indicativa: 18 anos
Modos: Singleplayer
Disponível para: PlayStation 4 e PlayStation 5

 

God of War Ragnarök marca a oitava aventura do espartano mais famoso do mundo dos games nos consoles PlayStation.

Após os eventos ocorridos em God of War (2018), Ragnarök lança as expectativas de uma sequência e conclusão da saga nórdica em níveis estratosféricos. Mas será que o game supera ou pelo menos cumpre as expectativas?

Uma narrativa ainda mais madura

Quase uma década após a conclusão da saga grega em God of War 3, o God of War de 2018, lançado para PlayStation 4 (e, posteriormente, PC) reinventou a marca. Agora, conferindo uma nova roupagem à franquia, dando ênfase em uma narrativa mais madura e combate mais íntimo; tirando um pouco a jogabilidade mais livre em troca de uma câmera por cima do ombro.

Kratos deixou de ser um personagem bidimensional e se tornou um guerreiro assombrado por seu passado, contemplativo sobre seus feitos e determinado a criar seu filho para “ser melhor” do que ele jamais foi. God of War Ragnarök se baseia nesses fortes pilares fundamentais, sedimentando tudo que o game antecedente construiu, oferecendo uma sequência digna de uma franquia histórica e popular.

A jornada até agora…

O jogo começa não muito depois de onde God of War (2018) parou, contudo, para que você não experencie o game sem lembrar dos acontecimentos do game anterior, logo na tela inicial do game, está disponível uma recapitulação da história, de forma opcional, para aqueles que sentirem necessidade de se recordar de detalhes que possam ter esquecido.

Aliás, até mesmo durante o gameplay ocorrem essas recapitulações, de forma orgânica, e amarradas ao contexto daquela área explorada. É uma forma de lembrar os veteranos e orientar os novatos para que elementos importantes da trama não se percam.

Kratos e Atreus possuem um laço ainda maior nesta sequência do game de 2018, mas ainda assim conflitos acabam sendo inevitáveis entre o pai e o filho

Amadurecimento da relação entre Kratos e Atreus

Após os eventos do primeiro game nórdico da franquia, passaram-se três anos desde o início de Fimbulwinter, e a relação entre Kratos e Atreus continuou a evoluir ao longo desse tempo.

Enquanto a única prioridade de Kratos é treinar e preparar seu filho para o que está por vir; Atreus é impulsionado por sua curiosidade sobre seu destino e identidade como Loki.

O “garoto”, dessa vez, acaba sendo mais dirigido e impulsivo, mas não de uma forma infantil. E sim, como um adolescente agora mais independente, sem deixar de ser cauteloso. Isso acaba até mesmo sendo transmitido na forma como os demais personagens o veem. Isto é, com seu pai passando a chamá-lo quase que exclusivamente por seu nome, abandonando o meme do “garoto”.

Embora o comportamento de Atreus frequentemente coloque ele e seu pai em conflito, gerando desconfiança em Kratos, a maneira como eles resolvem esse conflito mostra a maturidade e o crescimento de seu relacionamento. Com a iminência do Ragnarök, ambos acabam empurrados para o centro de um conflito complexo que nenhum dos dois realmente busca, mas que sabem que devem enfrentar, e para que sobrevivam, devem se ajudar, a todo momento.

Explorando mundos novos e mundos familiares

A exploração do game se desenvolve em torno de um hub central – uma casa na árvore onde Kratos, Atreus e Mimir, junto de outros aliados, acabam estabelecendo sua base de operações em preparo para o vindouro Ragnarök.

Com a jogabilidade tendo os moldes do título anterior, o jogador segue um caminho linear ligado à narrativa, onde encontrará segmentos de mundo aberto que oferecem locais opcionais menores para explorar, geralmente com algum puzzle, algum combate de dificuldade variável e alguns equipamentos ou materiais de fabricação, nos quais podem ser usados como upgrades para equipamentos ou personalização de combate.

Quebra-cabeças quase que no sentido literal

Durante a exploração pelos reinos, algumas passagens estarão bloqueadas, requerendo alguma habilidade ainda não conquistada àquela altura, necessitando que você retorne naquela área, posteriormente, remetendo assim a títulos no estilo Metroidvania.

Alguns dos quebra-cabeças do jogo podem ser resolvidos com uma rápida olhada, mas outros podem travar o jogador por um bom tempo. Os companheiros de Kratos e/ou Atreus, vez ou outra, fornecem dicas após um determinado período de tempo, mas nem todas essas dicas são claras ou contribuem efetivamente para a solução do puzzle.

Seja na missão principal ou em missões secundárias, o jogador terá que usar bastante a cabeça se quiser sobreviver ao Ragnarök

Evolução natural do gameplay

Kratos, por sua vez, tem suas duas armas de assinatura, o machado Leviatã e as Lâminas do Caos. Juntamente, com novos brinquedos, que surgem ao longo do caminho, como um amuleto útil que oferece uma variedade de opções de construção, e uma nova arma.

Além disso, basicamente, todos equipamentos e habilidades presentes no game anterior, como armaduras, escudos, runas, a fúria espartana e afins, marcam presença novamente, com novas adições ao arsenal, alguns já disponíveis desde o início do game, e outros tendo que serem desbloqueados, com a possibilidade de serem aprimorados, fornecendo assim, infinitas possibilidades de builds, conforme a necessidade e desejo do jogador.

Dessa vez, o game fornece uma grande variedade de companheiros, alguns “comandáveis”, como Atreus era no game anterior, e outros agem exclusivamente por vontade própria. Destaque aqui para um momento inédito na saga God of War: a oportunidade de controlar outro personagem, que não Kratos, com sua jogabilidade própria!

Algumas inovações e conteúdos para dar de sobra

Algo que me deixou verdadeiramente surpreso, ainda mais pelo game, em momento algum abandonar o plano sequência. Com transições bem criativas para as mudanças de controle entre um personagem e outro. Tudo isso para que o game, assim como o anterior, ocorra em cena única, do início ao fim.

Cada encontro de combate oferece seus próprios desafios únicos e, às vezes, sem exigir que se faça uso de alguma habilidade especial. O nível de desafio de algumas lutas contra chefes destoa um pouco em comparação com as batalhas contra inimigos comuns. Mas, como no jogo anterior, as lutas verdadeiramente árduas são frequentemente encontradas nas missões secundárias, junto com algumas das melhores armaduras e atualizações.

E se você achou que o título anterior carecia de chefes e mais combates épicos, Ragnarök não te decepcionará, com boss battles, que transbordam adrenalina.

Já aqueles que gostaram dos desafios de Muspelheim, os puzzles dos baús Nornir e os combates contra as valquírias no game anterior, irão se deliciar novamente com o retorno de desafios semelhantes.

Não espere nada menos do que alguns dos melhores combates de toda a franquia, em Ragnarök

Mais ambientes a se explorar

Diferentemente da última aventura, em que a viagem pelos reinos estava limitada a apenas alguns deles, dessa vez todos os 9 reinos serão exploráveis e, conforme você viaja por eles, muitos apresentam mecânicas únicas para navegação e resolução de quebra-cabeças.

As peculiaridades mecânicas de cada reino influenciam a maneira como os níveis são construídos e navegados. No qual oferecem designs de níveis variados para manter as coisas frescas. Mesmo ao revisitar locais familiares do jogo anterior, que agora podem estar afetados pelos efeitos do Fimbulwinter, como por exemplo, locais que outrora eram aquáticos agora estarem congelados.

Novas formas de se locomover

Uma nova mecânica de exploração interessante é o uso das Lâminas do Caos como um gancho, impulsionando Kratos para beiradas em velocidades intensas ou como uma espécie de balanço. Muitas das vezes essa nova mecânica acaba sendo necessária para a resolução de um puzzle.

Além disso, assim como no game anterior, há segmentos em que a exploração ocorre fazendo-se uso de canoas e também através dos estreantes trenós com animais, uma mecânica que agiliza bastante a locomoção entre um ponto e outro mais distante.

Trenós tornam o deslocamento menos entediante entre pontos distantes do mapa

Diálogos suficientes para que não se repitam

A todo momento, seja na missão principal seja em missões secundárias, ocorrem ricos diálogos entre os personagens, que além de servir como uma maneira de recapitulação do game anterior e contextualização com aquele reino, servem também como uma forma de aprofundar a compreensão dos personagens pelo jogador, e o relacionamento entre os personagens.

Cada conversa adiciona contexto à região explorada ou ao que ocorre em tela. O que acaba mantendo o jogador envolvido com a narrativa, mesmo durante aqueles momentos de exploração mais silenciosos entre o combate e as cenas. Tudo isso em meio a alguns dos melhores cenários e paisagens já reproduzidos em um game.

Kratos e Ratatoskr, um dos muitos personagens estreantes na saga

Há uma grande variedade de inimigos e chefes, com cada reino oferecendo seus próprios oponentes únicos para Kratos e Atreus enfrentarem. Ainda assim, alguns tipos de inimigos acabam se repetindo entre um reino e outro. Mas, nunca deixando de se encaixar com o contexto do cenário ou do que é apresentado em tela. E se o número de personagens coadjuvantes do game anterior podia ser contado nos dedos, dessa vez, há uma enxurrada deles. Com alguns regressos, como a vingativa Freya, e os anões Sindri e Brok. E, claro, outros estreantes, como o deus da guerra nórdico Tyr, o imponente deus do trovão Thor, e o rei dos deuses nórdicos, Odin.

Acessibilidade

No que diz respeito à acessibilidade, o game tem quase tantas opções de acessibilidade quanto The Last of Us. Isso porque, brilha em legibilidade de texto e legendas, com várias opções de customização para tamanho e cores. Os jogadores encontrarão várias maneiras de ajustar a experiência do jogo principal em um nível que seja mais adequado para eles, inclusive podendo mapear os botões do controle. No entanto, várias áreas, como informações cruciais não suportadas pelo leitor de tela e combates cada vez mais exaustivos, com alguns inputs múltiplos, podem frustrar a jogabilidade.

Um game ou um filme blockbuster?

Além das incríveis performances dos dubladores de Kratos e Atreus (Christopher Judge e Sunny Suljic, respectivamente), elogios especiais devem ser dados à Danielle Bisutti, como Freya, transmitindo um luto tão intenso, transbordado em cada linha de diálogo. Assim como Ryan Hurst, como Thor, com uma presença imprevisível e ameaçadora em cada cena em que ele está. O Odin, de Richard Schiff, inicialmente pode decepcionar, por não ter um ar tão ameaçador quanto Zeus, na saga grega, mas conforme a progressão do jogo, atende as expectativas.

No entanto, nem tudo no game são elogios! Ragnarök apresenta sérios problemas com o ritmo em que tudo se desenrola. No qual, tudo começa a ficar um pouco mais maçante no meio da história, melhorando no terço final, à medida em que mistérios são resolvidos e perguntas são respondidas.

Apesar de os roteiristas terem sido corajosos com o destino de alguns personagens, poderiam ser mais ousados e fazer jus ao mote principal do game. Mas, ainda assim, entregam um final bastante comovente e no mínimo satisfatório, como conclusão da duologia nórdica, com custscenes e boss battles únicas apresentadas até então em um game, que irão ficar na memória de muitos jogadores pelos próximos anos.

Dublagem de excelente qualidade

Para os que preferem acompanhar a história em nosso idioma nativo, a dublagem do jogo está sensacional. Sendo, por agora, um dos melhores trabalhos já feitos nos games em nosso idioma. E aqui, destaca-se Ricardo Juarez, intérprete de Kratos, realizando um trabalho ainda melhor do que o de 2018.

God of War Ragnarök: Vale a pena?

Oferecendo um excelente custo x benefício, com uma duração razoavelmente longa, God of War Ragnarök proporciona uma experiência audiovisual extraordinária. Majoritariamente, focada na narrativa, e mesmo pecando em ritmo, encerra com maestria o capítulo nórdico da saga do “Cleitinho Bom de Guerra”.

Se você investiu nesses personagens e em suas aventuras pelo mundo de Midgard e além, God of War Ragnarök é uma sequência extremamente valiosa. Um exclusivo da família PlayStation que entra sem muito esforço no hall dos melhores títulos da marca de todos os tempos. E, sem sombra de dúvidas, é o game com mais chances de levar o Game of the Year 2023. Não deixe de conferir!

Caso queira conhecer também um pouco mais de toda a história que antecede Ragnarök clique aqui e caso seja um ávido Trophy Hunter, preparamos um guia de troféus resumido de todos os games anteriores da franquia. Confira aqui!


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