George R. R. Martin critica mudanças em A Casa do Dragão

George R. R. Martin, criador e autor de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, expressou suas opiniões sobre o que ele considera ser falhas na segunda temporada de A Casa do Dragão.

Em seu blog pessoal, em uma postagem intitulada “Beware the Butterflies”, Martin detalhou suas insatisfações com as mudanças feitas na série, que foram lideradas pelo showrunner Ryan Condal, e apontou as diferenças em relação ao seu livro “Fogo e Sangue”.

A crítica principal de George R.R. Martin está focada nas alterações feitas no enredo de Sangue & Queijo no episódio de estreia da segunda temporada, em comparação com a narrativa original de “Fogo e Sangue”. Afinal, o momento retrata dois assassinos que tiram a vida do filho do rei Aegon (Tom Glynn-Carney) e da rainha Helaena (Phia Saban), mas Martin destacou que essa adaptação mudou significativamente em relação à sua obra.

O ponto de discórdia para Martin foi a exclusão do príncipe Maelor, o filho mais novo de Aegon e Helaena Targaryen, que simplesmente não existe na série. Segundo Martin, essa mudança pode ter implicações importantes para o desenrolar da série, prevista para terminar na quarta temporada. Vale lembrar que na série, a retratação da cena foi bem menos intensa e violenta do que no livro, o que diminui o impacto narrativo.

“Ainda acredito que a cena do livro é mais impactante, e os leitores têm o direito de pensar o mesmo. Os assassinos são mais cruéis no livro. Os atores que os interpretam na série são excelentes, mas os personagens são impiedosos, implacáveis e mais assustadores em Fogo e Sangue. Na série, Sangue é um Manto Dourado. No livro, ele é um ex-cavaleiro, extirpado de suas funções por bater em uma mulher até a morte. O Sangue do livro é o tipo de homem que acredita que fazer alguém escolher qual de seus filhos deve morrer é uma diversão, ainda mais quando se eleva a crueldade ao assassinar o filho que ela tentava salvar. O Queijo do livro também é pior. Ele não chuta um cachorro, é verdade, mas ele nem tem um cachorro, e é ele quem diz a Maelor que sua mãe o quer morto. Também acho que Helaena demonstra mais coragem e força no livro, ao oferecer a própria vida pela do filho. Oferecer uma joia não é a mesma coisa. Na minha cabeça, a escolha era o elemento mais forte da cena, o mais sombrio, o mais visceral. Odiei perder isso, e, julgando pelos comentários online, a maioria dos fãs parece concordar.”

Martin também mencionou que as decisões de alterar o enredo foram tomadas em conjunto com o produtor e cocriador Ryan Condal. Ao que tudo indica, Condal justificou que as mudanças, incluindo a ausência de Maelor, foram necessárias por razões práticas, mas Martin demonstrou preocupação com as consequências dessas escolhas para a fidelidade da adaptação.

Quando Ryan Condal me disse pela primeira vez o que pretendia fazer, há muito tempo (em 2022, talvez), argumentei contra, por todos esses motivos. Ryan me garantiu que não estávamos perdendo o Príncipe Maelor, apenas o adiando. A Rainha Helaena ainda poderia dar à luz a ele na terceira temporada, presumivelmente depois de engravidar no final da segunda temporada. Isso fez sentido para mim, então retirei minhas objeções e concordei com a mudança. Não argumentei muito, nem com muita veemência, no entanto. A mudança enfraqueceu a sequência, eu senti, mas só um pouco. E Ryan tinha o que pareciam ser razões práticas para isso; eles não queriam lidar com a escalação de outra criança, especialmente uma criança de dois anos. Crianças tão novas inevitavelmente desacelerariam a produção, e haveria implicações orçamentárias.

O autor explicou ainda que o personagem Maelor, apesar de não aparecer na série, tem um papel significativo nos eventos futuros da guerra entre os Targaryen. No auge do conflito, Maelor é levado para um local seguro fora de Porto Real, mas acaba morrendo em uma emboscada dos partidários de Rhaenyra. Esse acontecimento é crucial, pois altera o apoio popular à Rhaenyra e contribui para o suicídio da rainha Helaena.

Ele é uma criança pequena, não tem uma linha de diálogo, não faz nada de importante além de morrer… mas onde, quando e como Maelor morre, isso importa. Perder Maelor enfraqueceu o final da sequência de Sangue e Queijo, mas também nos custou a cena de Bitterbridge com todo seu horror e heroísmo, minou a motivação para o suicídio de Helaena, e isso por sua vez enviou milhares para as ruas e becos, gritando por justiça para sua rainha ‘assassinada’. Nada disso é essencial, eu suponho… mas tudo isso serve a um propósito, tudo ajuda a amarrar as linhas da história, então uma coisa segue a outra de uma maneira lógica e convincente.

Dessa forma, Martin teme que as mudanças decididas por Ryan Condal e a equipe de roteiristas possam levar à exclusão de momentos e eventos essenciais que moldam a narrativa da Dança dos Dragões. Assim, ele aponta que essas adaptações podem comprometer a trajetória da história como foi originalmente concebida.

Será que tudo isso aparecerá na série? Talvez… mas não vejo uma maneira. Poderíamos usar a filha de Helaena como protegida, mas ela não pode morrer, já que terá um papel importante como próxima herdeira de Aegon. Poderíamos ter um Maelor recém-nascido, mas isso estragaria a linha do tempo, que já é uma bagunça. Não faço ideia dos planos de Ryan, ou até se ele tem algum plano, mas já que não tivemos Maelor na segunda temporada, o jeito mais fácil seria esquecê-lo completamente. Sim, é mais simples, e faz sentido tratando da agenda e do orçamento da série, mas o mais simples não é o melhor.

Além disso, Martin expressou uma preocupação específica com o desenvolvimento do arco da rainha Helaena. Ele teme que, com as mudanças, o impacto emocional e os desdobramentos envolvendo Helaena não sejam abordados com a profundidade necessária.

No rascunho de Ryan para a terceira temporada, Helaena ainda se mata… por nenhum motivo específico. Não há nenhum horror, nenhum gatilho que tira a frágil jovem rainha dos eixos.

Em tom de resignação, Martin finaliza seu post afirmando que outras mudanças estão planejadas para as temporadas três e quatro. Elas vão concluir a guerra que marca o início do fim da dinastia Targaryen“E há borboletas maiores e mais tóxicas por vir, se A Casa do Dragão prosseguir com algumas das mudanças que estão sendo contempladas para as temporadas 3 e 4…”, alertou Martin, sugerindo que as futuras adaptações poderão continuar se distanciando de sua obra original.

Mas horas após a publicação, George R. R. Martin removeu o post do seu blog, o que gerou especulações entre os fãs. Até o momento, ninguém se pronunciou oficialmente sobre a retirada do texto.

No entanto, a HBO já se pronunciou a respeito das recentes críticas do autor George R. R. Martin sobre as mudanças na adaptação de A Casa do Dragão. Há pouco, a emissora quebrou o silêncio sobre a polêmica e compartilhou uma declaração ao site Variety.

Há poucas pessoas que são mais fãs de George R. R. Martin e seu livro Sangue e Fogo do que a equipe criativa de A Casa do Dragão. Comumente, ao adaptar um livro para a televisão, com seu próprio formato e limitações, o showrunner precisa fazer escolhas difíceis sobre os personagens e as histórias que o público irá acompanhar. Acreditamos que Ryan Condal e sua equipe fizeram um trabalho extraordinário, e os milhões de fãs que acompanharam as duas primeiras temporadas continuarão a curtir essa adaptação.