ESPECIAL | Quando o Cinema Conquista a Inocência


Além de eu ter ido ao cinema com os meus pais eu cresci assistindo muitos filmes pela tv e tornando isso um aprendizado para a minha formação como crítico. Porém, até mesmo os desenhos animados de antigamente colaboraram para o meu conhecimento, como foi no caso da série “Muppet Babies” (1984). O desenho surgiu a partir do filme “Os Muppets Conquistam Nova York” (1984), onde em uma determinada passagem a personagem Miss Piggy ficava imaginando como seria se ela, Caco e os demais personagens cresceram juntos em um berçário.

muppetbabies_indiana Jones

Na maioria dos episódios os pequenos personagens sempre embarcavam em uma trama em que eles soltavam a sua imaginação e fazendo com que as aventuras quase se tornassem reais para eles. Quando isso acontecia, os produtores aproveitavam para colocar trechos de filmes clássicos para se casar com a trama principal e foi a partir daí que eu conheci os mais diversos longas-metragens. Era comum, por exemplo, surgir do nada cenas do clássico “O Fantasma da Ópera” (1923), “Em Busca do Ouro” (1925), e até mesmo filmes recentes da época que conquistaram a juventude como a trilogia “StarWars”  e “Indiana Jones”.

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Há também episódios que eram praticamente uma homenagem a determinados filmes, como quando os personagens decidem voltar no tempo e recuperar uma foto de uma época em que a Babá deles trabalhava em uma lanchonete. Eles, então, decidem criar uma máquina do tempo e fazendo disso uma forte referência ao já clássico “De Volta para o Futuro” (1985). E o que dizer do episódio em que eles imaginam terem encolhido para entrar no corpo do Scooter enquanto ele estava doente, sendo então uma referência clara ao clássico “Viagem Fantástica” (1966) e possuindo diversas cenas do próprio longa.

“Muppet Babies” foi produzida entre 1984 a 1991 pelo canal norte americano CBS e se tornando um enorme sucesso. É um caso raro e um belo exemplo de como uma série de desenhos animados fizeram com que uma geração de pequenos pudesse ter o primeiro contato com diversos clássicos da sétima arte.

Porém, com a chegada da nova versão de “Nosferatu”, comandada pelo diretor Robert Eggers, eis que me lembro de outro exemplo bastante curioso.

A série “Bob Esponja Calça Quadrada” criada pelo biólogo marinho e animador Stephen Hillenburg conta a história de uma Esponja marinha que trabalha em um restaurante fazendo hambúrgueres e cujo seu melhor amigo é uma estrela do mar desmiolada chamada Patrick. Além dela ser muito engraçada alguns episódios possuem passagem que beiram ao surrealismo e cuja algumas piadas surgem do nada, mas conquistando o público. Talvez um dos momentos mais inusitados da série seja no episódio “Turno Macabro”.

Bob esponja - cinema

Nele, Bob Esponja e seu amigo e colega ranzinza Lula Molusco estão trabalhando no restaurante do Siri Cascudo no turno da noite. Isso se torna uma bela desculpa para que a trama ganhe um teor mais sombrio, mas que se entrelace com momentos de puro humor. Tudo gira em torno da possibilidade de um assassino chamado Zé do Picadinho estar assombrando os protagonistas quando as luzes começam a piscar todo o tempo.  No final tudo não passava de uma brincadeira de ninguém mais ninguém menos de Nosferatu.

Esse momento, aliás, não tem o menor sentido, mas foi o suficiente para uma geração de crianças conhecer a figura cinematográfica até então desconhecida para eles, ao ponto de o clássico do expressionismo alemão ser redescoberto e revisto diversas vezes pelo Youtube. Recentemente o diretor Robert Eggers que comanda a nova versão do clássico reconhece que foi graças ao desenho Bob Esponja que Nosferatu se tornou conhecido pelo público jovem de hoje em dia.

Seja a geração que cresceu assistindo “Bob Esponja”, ou a minha que cresceu assistindo “Muppet Babies”, os desenhos animados são uma forma interessante de os pequenos conhecerem outras mídias como o cinema. Se os pais não se prezam em ensinar os filhos a conhecerem a história através dos livros, ao menos esses desenhos ajudaram a despertar a curiosidade desses mesmos para embarcarem no universo da sétima arte como um todo. Hoje como crítico de cinema só tenho mais do que agradecer quando em tempos de maior inocência eu tive o privilégio de conhecer a verdadeira magia do cinema e de uma forma bem divertida.

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