Elementos | Confira nossa crítica

A natureza trazida em forma de imigração entre países, com romance e comédia ao melhor estilo da Pixar!

Ficha Técnica
Título: Elementos
Ano de Produção: 2023
Dirigido Por: Peter Sohn
Estreia: 15 de Junho de 2023
Duração: 1h42m
Classificação: Livre
Gênero: Animação/Romance/Comédia
País de Origem: Estados Unidos
Sinopse: Em uma cidade onde os habitantes de fogo, água, terra e ar convivem, uma jovem mulher flamejante e um rapaz que vive seguindo o fluxo descobrem algo surpreendente, porém elementar: o quanto eles têm em comum.

 

Uma história do gueto

O filme Elementos, da Disney Pixar, traz consigo uma história de imigração e bairros que unem, e ao mesmo tempo separam, todos os elementos, como se cada elemento fosse de uma nacionalidade diferente. Alguns elementos conseguem ser referências à mais de uma etnia, como o Fogo, que acaba representando famílias árabes e indianas, por exemplo.

Há alguns atritos entre personagens de elementos diferentes, apesar de todos conviverem em uma suposta harmonia. O filme serve tanto como crítica social à segregação de bairros nos Estados Unidos (bairro latino separado de bairro negro, separado de bairro de árabes, palestinos, etc), quanto como um filme que brinca com clichês de romance em que o casal se conhece inicialmente com um atrito, e aos poucos criam laços de respeito e sentimentos um pelo outro.

Ember Lumen (Leah Lewis) é uma jovem imigrante que vive em um mundo dividido entre as diferentes espécies elementais: fogo, água, terra e ar. Na Zona do Fogo, onde ela reside com seus pais, a tensão entre essas espécies é palpável. Mas tudo muda quando Ember conhece Wade (Mamoudou Athie), um ser de água com quem ela rapidamente se apaixona. O problema é que essa relação é proibida e perigosa, colocando Ember e Wade em risco.

Música que envolve

A trilha sonora envolve bem o espectador em cada cena, quase como sendo uma personagem secundária, que está ali, ajuda a acontecer, mas, ninguém vê, apenas sente, o que é muito bom.

Algumas músicas até passam a sensação de “isso me é familiar’, por misturar estilos musicais diferentes em uma coisa só, o que torna a trilha tão bonita.

Suave e com mensagem forte

Preconceitos são mostrados logo em seguida de vermos a chegada de vários elementos diferentes neste novo país. Alguns se misturam mais, outros tem raiva contra os diferentes. A família de fogo chega ao país com dificuldade em encontrar um lar, apenas pelo fato de serem de fogo, o que retrata bem a dificuldade que muita gente tem ao mudar de seu país de origem e chegar em um lugar totalmente novo. Pode ser bem familiar à pessoas que se mudam para os Estados Unidos e até Japão, por exemplo, em relação à busca de lugar para alugar.

O filme retrata de forma sutil e poética a questão da intolerância e do preconceito, abordando temas atuais como a xenofobia e o racismo, em uma espécie de “Romeu e Julieta” atualizado. Leah Lewis entrega uma atuação sensível e emocionante como a protagonista, enquanto Mamoudou Athie traz uma humanidade tocante ao seu papel. A estética visual deslumbrante dá vida a este universo mágico e complexo, criando uma atmosfera envolvente e cativante. Um dos destaques fica por conta da diferença de animação entre elementos de água e fogo, que são utilizadas técnicas diferentes de colorização, como um leve toque de “Aranhaverso” de qualidade.

No entanto, apesar dos pontos positivos, “Elementos” falha em desenvolver profundamente os personagens secundários e algumas sub-tramas, deixando lacunas na narrativa. Mesmo assim, o filme é uma obra corajosa e necessária, capaz de emocionar e provocar reflexões sobre a sociedade em que vivemos.”

Uma história particular

“Elementos” é uma animação que aborda temas importantes e atuais, como preconceito e xenofobia. A história de amor entre os personagens Ember e Wade é afetada diretamente pelo preconceito presente na Cidade dos Elementos, onde seres de fogo são vistos com ojeriza por muitos habitantes.

O diretor Peter Sohn traz sua história pessoal para a produção, já que cresceu em Nova York, onde vivenciou situações de xenofobia e tem pais imigrantes coreanos. Essa perspectiva autêntica contribui para a criação de personagens e situações realistas, capazes de emocionar e sensibilizar o espectador. A mensagem de empatia e aceitação é transmitida de maneira sutil e não forçada, tornando “Elementos” um exemplo de cinema engajado e consciente.

Veredito final

Elementos é um filme bonito visualmente, envolvente, e que brinca com clichês sem perder a magia da novidade. Vale a pena ver em família ou em casal.

*Já leu os livros de Elementos?*