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Da Correria à Busca de Significado

Da Correria à Busca de Significado

Vivemos em um mundo pós-pandemia, um mundo que, por longos meses, parou e mudou a forma como vivíamos. Ninguém mais é o mesmo depois daquela experiência; nós mudamos, e a ansiedade se tornou um fator constante. Acho que sempre fomos imediatistas, mas agora sofremos quando não conseguimos tudo para ontem. A sensação é que estamos sempre correndo e sempre atrasados. Mas por que corremos e por que estamos atrasados?

Não é nenhuma novidade que a sociedade nos impõe algumas metas desde tempos remotos: formar-se, comprar uma casa, casar, ter filhos, tudo antes dos 30 anos. Então, corremos mesmo sem perceber para alcançar esses objetivos antes do prazo, como também ficamos chateados por não conseguir alcançá-los e continuamos a correr mesmo depois deles. Além disso, você provavelmente também se sente desconfortável mesmo quando não se interessa pelas metas, como se não “pertencesse” a alguma coisa.

No entanto, todos esses dilemas acima fazem parte da nossa vida, e a maioria deles também fez parte das gerações passadas. Mas por que motivo até nos jogos estamos correndo? Essa necessidade de fechar um jogo logo para começar o próximo? Qual o objetivo de transformarmos a nossa maior fonte de diversão em uma corrida?

São muitos jogos hoje que não possuem uma “alma”, que não contam com uma lição por trás, algo contagiante e que nos remeta à reflexão. Jogos que fazem você parar, mergulhar naquele mundo e, com sorte, te ensinar algo, te tocar. E se jogos são cultura e a cultura é parte do que somos, será que esse vazio nos jogos não é apenas um reflexo de uma parte vazia da nossa humanidade?

Pensem, nos anos 90 os jogos esbanjavam criatividade porque a geração naquela época tinha algo que não nos permitimos ter hoje em dia: tédio. Mas tinha algo a mais, as histórias eram melhores, eram mais intensas, importavam mais. E isso mudou, não só nos jogos, mas também em filmes, séries e música.

Talvez tenha sido o consumo desenfreado de conteúdo. Nós consumimos muito mais do que antigamente, e para a indústria nos alimentar, ela continua lançando sempre as mesmas coisas com fórmulas que ela sabe que funcionam. No entanto, estamos ficando enjoados, não é mesmo? A gente sente a falta de algo, não estamos mais satisfeitos.

Não deve ter sido à toa que os remakes e reboots fizeram sucesso, pois os jogos antigos possuíam aquele algo a mais. Mas recontar histórias que já sabíamos não funciona para todo mundo; queremos sentir algo novo, queremos aprender algo novo. Por isso, quando um jogo é lançado de tempos em tempos e consegue nos contagiar, ficamos tão eufóricos. Nos sentimos até saciados por um tempo depois, como se estivéssemos de ressaca e nenhum outro jogo fosse ser páreo para nossa última jogada, porque provavelmente não será mesmo.

Então, o que acontece? Corremos desenfreadamente para jogar algo que nos preencha por dentro. Mas a indústria também é feita de pessoas, e essas mesmas pessoas também estão correndo, por isso é tão raro encontrar obras incríveis hoje em dia, porque nós, como humanos, também não estamos sendo incríveis. Talvez seja a hora de descobrirmos como parar de correr e ensinar as pessoas ao nosso redor a parar e viver o momento também. Dessa forma, vai saber, talvez o vazio seja preenchido, e com sorte possamos ver mais grandes obras novamente.


“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Continue lendo aqui.

 

 

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