Coração de Ferro | Confira nossa crítica

Ficha Técnica
Título: Coração de Ferro
Ano de Produção: 2022
Dirigido Por: Sam Bailey, Angela Barnes
Estreia: 24 de Junho de 2025
Duração: 42–60 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Super-herói, ação, ficção científica
País de Origem: Estados Unidos
Sinopse: Após os eventos do filme Black Panther: Wakanda Forever (2022), a estudante do MIT, Riri Williams, retorna para casa em Chicago, onde se envolve com o enigmático Parker Robbins / Capuz, descobrindo segredos que colocam a tecnologia contra a magia e a colocam em um caminho de perigo e aventura

Se você, como eu, é “Marvete desde criancinha” e criou uma conexão forte com essa versão do universo Marvel transportado para o cinema — o maior universo compartilhado já criado entre mídias de entretenimento, o saudoso MCU — sua vida (assim como a minha) não tem sido fácil.

Desde a conclusão de Ultimato, quando foi definido que as produções passariam a integrar um universo compartilhado entre animações e séries disponíveis na plataforma de streaming da casa do Mickey, a “Casa das Ideias” aparentemente tem se esforçado bastante para diluir completamente o impacto gerado pelas três primeiras fases do universo. Lembram do hype e da expectativa gerados até Ultimato? Até para filmes menores (ba dum tss), como Homem-Formiga, o público tinha curiosidade, expectativa. Porém, o foco em quantidade acima da qualidade vem prejudicando bastante o apego que criamos ao nosso amado Universo Cinematográfico Marvel. Esta crítica será breve e conterá spoilers.


Coração de Ferro começa logo após os acontecimentos de Wakanda Para Sempre, mostrando a hiperinteligente Riri Williams sendo expulsa do MIT e tendo que retornar para Chicago. O que uma das mentes jovens mais brilhantes — capaz de criar uma armadura em um galpão — poderia fazer após ser expulsa de um conceituado instituto de tecnologia? Se você pensou: “Desenvolveria alguma aplicação, em tempos em que IAs têm sido recorrentes e facilitado o dia a dia dos desenvolvedores mais criativos”, pensou completamente errado.

A “hiperinteligente” Riri Williams rouba uma das armaduras do instituto e foge para Chicago. Mas há consequência nesse ato? De forma alguma. E isso é justamente um pequeno exemplo do maior defeito da série: o seu roteiro.

Por mais carismática que Dominique Thorne seja como Riri Williams. Por mais que Anthony Ramos se esforce para soar misterioso e ameaçador como Parker Robbins / O Capuz. Por melhor que sejam a fotografia e os efeitos digitais da série, que mostram Chicago com uma estética envolvente e colorida…

É impossível defender as escolhas de roteiro feitas por essa série. Sinceramente, para quem acompanha os quadrinhos desde criança e criou esse compromisso com o hype gerado pelas estreias do MCU, há decisões aqui que considero, de certa forma, ofensivas à inteligência do espectador. Como é possível pegar uma das mentes mais brilhantes da atualidade, responsável por criar um projeto capaz de identificar vibranium em outras nações, e vinculá-la a tantas atitudes incoerentes?

Isso, somado a escolhas questionáveis — como a criação forçada de uma IA, a descoberta de uma estudante de magia que, por coincidência, é filha de uma estudiosa de Kamar-Taj e, também por coincidência, amiga da mãe de Riri — entre outras. A série literalmente abre mão de qualquer esforço para justificar essas coincidências forçadas.

Veja bem, a jornada do herói inclui cair, levantar e aprender com a queda. Acho legal a série mostrar que Riri possui (muitas) falhas. O problema está longe de ser esse. Mas, ao fim da jornada, como nosso querido amigo da vizinhança ensinou: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. E a série entrega, literalmente em seu último segundo, uma das piores decisões possíveis para uma protagonista: apertar a mão do tinhoso.

Você vê os créditos começarem e pensa: O que foi aprendido nessa jornada? O que a Riri, que foge do MIT roubando um protótipo de armadura, aprendeu? Sim, ela aprende que há consequências para suas ações, por mais inteligente que seja. Mas… e daí? Pelo menos, ao fim de tudo, finalmente recebemos a confirmação de que o capiroto Mefisto agora vive no MCU, muito bem interpretado por um promissor Sacha Baron Cohen.

Mas, depois de dezenas de oportunidades para ser apresentado em WandaVision, Doutor Estranho, etc., que impacto tem sua chegada justo numa época em que o MCU precisa urgentemente descansar e se reinventar? Como um fã da Marvel muito otimista que sempre fui, espero que a Marvel aprenda que, por maior que seja o amor dos fãs pelas suas obras, não somos burros o suficiente para aceitar qualquer besteira jogada em um roteiro. Queremos ser tratados com respeito.

Prós e Cons

Pontos fortes:

  • Riri Williams é uma ótima protagonista: cheia de falhas, mas bastante carismática.
  • Efeitos digitais, estética e fotografia da série são muito bons.
  • O elenco coadjuvante até é divertido, e os episódios 3 e 6 são os melhores. Até gostei do Capuz, embora tenha sido mal aproveitado.
  • E uma certa participação especial ficou ótima.

Pontos fracos:

  • O roteiro é tão conveniente e contraditório que exige uma suspensão de descrença que chega a insultar o espectador.
  • Impossível “tankar” a forma como a IA da armadura é feita, a transformação do Joe, a loja de magia e a velocidade com que Riri monta as armaduras. É basicamente a Marvel tratando seu público como idiota.

Coração de Ferro: Vale a Pena?

Em resumo, Coração de Ferro representa um novo passo em falso de um MCU que parece cada vez mais distante da coerência e do respeito que outrora teve por seu próprio universo e por seu público. A série até acerta em aspectos visuais e na escolha do elenco principal, mas tropeça feio ao entregar uma história que subestima a inteligência do espectador, usando coincidências forçadas, decisões narrativas incoerentes e um desenvolvimento raso de personagens e conflitos. Para quem cresceu acompanhando esse universo com empolgação e esperança, o sentimento final é de frustração — mas persiste o desejo genuíno de que a Marvel volte a tratar suas histórias com o mesmo cuidado e paixão que honraram todo o trabalho empregado nas primeiras fases do Universo. A gestão da empresa já deu a entender que esse será o caminho, então sejamos otimistas.

Coração de Ferro está disponível no Disney +