Commandos: Origins | Confira nossa review

commandos
Ficha Técnica
Desenvolvido por: Claymore Game Studio
Publicado por: Kalypso Media
Gênero:: Real time strategy
Série: Commandos
Lançamento: 9 de Abril de 2025
Classificação indicativa: 14 anos
Modos: Um jogador
Disponível para: PC

Commandos: Origins marca o retorno de uma das franquias mais emblemáticas da estratégia em tempo real. Desenvolvido pela Claymore Game Studios e publicado pela Kalypso Media, o título chega com a promessa de resgatar a essência tática e desafiadora dos clássicos, ao mesmo tempo em que busca se modernizar para um novo público. Mas será que ele cumpre essa missão com sucesso? Vamos analisar em detalhes.

História: a origem dos lendas

Como o próprio nome sugere, Commandos: Origins serve como uma prequela à saga iniciada em 1998 com Commandos: Behind Enemy Lines. A história nos leva aos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial, focando na formação da unidade especial de elite responsável por realizar operações secretas atrás das linhas inimigas. Liderados pelo carismático Sargento Jack O’Hara, o lendário Boina Verde, acompanhamos a reunião de uma equipe de especialistas, cada um com habilidades únicas que serão fundamentais ao longo da campanha.

O enredo é contido, mas funcional. Não se trata de uma narrativa cinematográfica ou cheia de reviravoltas, mas de uma estrutura que serve ao gameplay, estabelecendo o contexto de cada missão e dando personalidade aos membros da equipe. Ainda assim, há momentos memoráveis, como infiltrações noturnas em fortalezas nazistas, sabotagens em portos ocupados ou resgates em regiões geladas da Noruega.

As interações entre os personagens, embora discretas, ajudam a estabelecer vínculos. Há uma sensação de camaradagem crescente entre os soldados, o que torna mais satisfatória a progressão da equipe. Apesar de não ser o ponto mais forte do jogo, a história cumpre seu papel de maneira sólida, com ambientações históricas bem trabalhadas e um ritmo que favorece a imersão.

Jogabilidade: cérebro, não força bruta

A jogabilidade de Commandos: Origins mantém-se fiel às raízes da série. Trata-se de um jogo de estratégia tática em tempo real com forte ênfase na furtividade, no planejamento e na execução precisa das ações. Cada missão é como um quebra-cabeça gigante que desafia o jogador a pensar como um comandante, observando rotas de patrulha inimigas, usando o ambiente a seu favor e combinando as habilidades dos personagens.

Os seis membros jogáveis possuem funções distintas: o Boina Verde é ideal para combate corpo a corpo e escaladas; o Atirador de Elite pode eliminar alvos à distância; o Mergulhador acessa áreas aquáticas e é essencial em operações navais; o Espião pode se disfarçar para enganar os inimigos; o Sapador lida com explosivos e armadilhas; e o Piloto facilita extrações e suporte logístico. A chave para o sucesso está em explorar o potencial de cada um de forma complementar.

Uma novidade bem-vinda é a possibilidade de controlar dois personagens em coop local ou online, o que incentiva estratégias mais dinâmicas e compartilhadas. A interface foi redesenhada para se adaptar melhor a controles modernos, e a câmera 3D — que pode ser girada e inclinada — oferece mais controle visual sem comprometer a sensação clássica da série.

No entanto, o jogo continua sendo desafiador. Os inimigos têm campos de visão rígidos, e qualquer erro pode significar o fracasso da missão. Isso obriga o jogador a salvar o progresso com frequência, o que pode ser frustrante para iniciantes, mas é um elemento tradicional da franquia. Para quem aprecia esse estilo mais metódico, Commandos: Origins oferece uma experiência profundamente satisfatória.

Progressão: tática que recompensa

A progressão em Commandos: Origins se dá por meio de 14 missões principais, ambientadas em locais históricos variados — de desertos africanos a vilas europeias ocupadas. Cada missão apresenta objetivos primários e secundários, e embora não haja um sistema tradicional de evolução de personagens, a complexidade das situações exige que o jogador aprenda com cada tentativa.

O jogo não oferece muitos incentivos extrínsecos, como desbloqueio de equipamentos ou árvores de habilidade. A recompensa está no próprio domínio das mecânicas e na superação de desafios que, à primeira vista, parecem impossíveis. Isso cria uma curva de aprendizado consistente, mas que exige paciência.

Há também colecionáveis e informações extras espalhadas pelos mapas, incentivando a exploração cuidadosa. Esses elementos adicionam profundidade sem comprometer a proposta mais centrada na tática e no realismo.

Se há uma crítica nesse aspecto, seria a falta de variações de missão mais ousadas. Embora o design seja sólido, em certos momentos as missões seguem um padrão previsível. Uma maior variedade de objetivos poderia tornar a campanha ainda mais memorável.

Aspectos técnicos e visuais: tradição com modernidade

Graficamente, Commandos: Origins é um salto em relação aos jogos anteriores da série. Utilizando a Unreal Engine 5, o título entrega cenários detalhados, com iluminação realista, texturas de alta qualidade e ambientações ricas em pequenos detalhes. O nível de cuidado com a arquitetura das bases inimigas, vegetação, clima e destruição é impressionante. Ainda assim, o estilo visual mantém uma estética sóbria e funcional, que serve à clareza tática.

A trilha sonora é discreta, com temas militares que ajudam a construir a tensão sem distrair o jogador. Os efeitos sonoros, por sua vez, são precisos e imersivos — o som de passos, alarmes e disparos contribui para a sensação de estar em uma operação real. As dublagens estão disponíveis em múltiplos idiomas, incluindo um bom trabalho em português do Brasil, algo raro e bem-vindo em jogos do gênero.

Em termos de performance, o jogo roda de maneira fluida na maioria das plataformas, incluindo PCs de médio porte e os consoles atuais. Bugs são raros, e a IA dos inimigos, embora ainda possa ser previsível em certos momentos, foi bastante aprimorada em relação a jogos anteriores.

Vale a pena jogar?

Se você é fã de estratégia tática, jogos desafiadores e missões que exigem planejamento meticuloso, Commandos: Origins é altamente recomendável. Trata-se de um retorno respeitoso às origens da franquia, que mantém a essência clássica enquanto introduz melhorias visuais e de acessibilidade.

Por outro lado, jogadores acostumados a experiências mais rápidas ou focadas em ação direta podem encontrar dificuldades com o ritmo cadenciado e o alto nível de exigência do jogo. Commandos: Origins não tenta agradar a todos — e essa é uma de suas maiores virtudes.

No fim, o jogo funciona como uma carta de amor aos fãs veteranos e uma introdução acessível para novos jogadores que desejam entender por que Commandos é considerado um marco dos jogos táticos. Ele não revoluciona o gênero, mas solidifica seu legado com elegância e competência.

Teoria Geek agradece a Kalypso Media pela cópia de imprensa disponibilizada gratuitamente para PC para a elaboração desta análise.