Clair Obscur: Expedition 33 | Confira nossa review

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Ficha Técnica
Desenvolvido por: Sandfall Interactive
Publicado por: Kepler Interactive
Gênero:: RPG
Série: Clair Obscur: Expedition 33
Lançamento: 24 de abril de 2025
Classificação indicativa: 14 Anosro
Modos: Um jogador
Disponível para: Xbox Series S|X, PS5e PC

 

Esse era um dos jogos do qual mais estava ansioso para jogar e devo dizer que cumpriu com todas as minhas expectativas, na verdade, superou muitas delas de tão incrível que esse título foi.

História – Entre pinceladas e condenações

A trama de Clair Obscur: Expedition 33 se passa em um mundo onde a realidade é moldada e apagada pela arte. Todos os anos, uma entidade conhecida apenas como “a Pintora” pinta nomes em uma tela mágica, e aqueles cujos nomes são registrados desaparecem da existência. Literalmente apagados da realidade, como se nunca tivessem vivido. O ciclo da destruição é inevitável e cruel, regido por uma lógica incompreensível. Você assume o papel de um membro da Expedição 33, a última linha de resistência que busca quebrar esse ciclo e confrontar a Pintora antes que todos desapareçam.

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O enredo é misterioso, envolvente e muitas vezes poético. Não há uma exposição direta ou diálogos explicativos excessivos. A narrativa é entregue de maneira fragmentada, por meio de conversas enigmáticas com NPCs, documentos perdidos, eventos ambientais e as próprias batalhas, que revelam mais sobre o mundo e os personagens conforme avançam. Essa abordagem exige atenção e sensibilidade por parte do jogador, mas recompensa com momentos poderosos e uma construção de mundo rica e provocativa.

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Temas como a efemeridade da vida, o poder da criação artística, o medo do esquecimento e a luta contra o destino estão no centro da narrativa. O jogo faz uso de metáforas visuais e narrativas para explorar essas ideias, criando uma experiência que é tanto introspectiva quanto épica.

Jogabilidade – Turnos com alma de ação

Embora seja classificado como um RPG por turnos, Clair Obscur: Expedition 33 adiciona camadas interativas ao combate, trazendo dinamismo e uma sensação de controle muito mais tátil do que o comum nesse gênero. Cada ataque exige uma execução no tempo certo, seja para potencializar o dano, defender com precisão ou contra-atacar. Isso faz com que cada batalha tenha um ritmo único e mais engajado, lembrando sistemas híbridos como os de Legend of Dragoon ou Paper Mario, mas com um toque mais refinado e contemporâneo.

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Os combates são desafiadores e variados. Inimigos apresentam padrões únicos de comportamento e fraquezas específicas, o que exige constante adaptação da parte do jogador. Os chefes, em especial, são espetáculos à parte. São verdadeiros testes de estratégia, reflexos e persistência. O sistema de turnos com execução ativa não só eleva a tensão, como evita a repetitividade comum em muitos JRPGs.

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Fora do combate, há uma boa dose de exploração, com áreas semiabertas que escondem segredos, itens, desafios opcionais e pedaços de lore. A movimentação é fluida, com elementos leves de plataforma e quebra-cabeças ambientais que servem como respiro entre os momentos de ação. O ritmo do jogo é bem balanceado, oferecendo momentos intensos seguidos de pausas contemplativas e oportunidades para mergulhar mais fundo no mundo.

Sistemas de Progressão – Customização com profundidade

A progressão em Expedition 33 é construída sobre uma base sólida de personalização e liberdade tática. Cada personagem da equipe possui uma árvore de habilidades específica, com ramificações que permitem ao jogador moldar o estilo de luta conforme sua preferência. Há habilidades ativas, magias, bônus passivos e combos que incentivam sinergia entre os membros do grupo.

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Além disso, o jogo apresenta um sistema de afinidade entre os personagens, que influencia tanto os diálogos quanto o desempenho em combate. Quanto mais os personagens interagem e evoluem juntos, mais habilidades combinadas e bônus situacionais são desbloqueados, reforçando a importância de pensar no grupo como uma unidade coesa.

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Itens colecionáveis, melhorias permanentes de atributos e equipamentos raros complementam o sistema de evolução. Há também escolhas narrativas ocasionais que impactam o desenrolar de certos eventos ou abrem caminhos diferentes, embora o foco principal esteja na progressão tática. O jogo convida o jogador a experimentar, explorar possibilidades e encontrar a configuração ideal para cada desafio.

Aspectos Técnicos e Artísticos – Um quadro em movimento

Se há um aspecto em que Clair Obscur: Expedition 33 brilha intensamente, é na sua direção artística. Cada cena parece uma pintura em movimento. As paisagens misturam ruínas melancólicas com flora vibrante, cenários urbanos decadentes com espaços oníricos e surreais. A estética inspirada no impressionismo e no simbolismo francês se traduz em uma paleta de cores ousada, com contrastes marcantes, efeitos de luz dramáticos e texturas que imitam pinceladas de tinta.

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Os personagens são visualmente distintos, com figurinos que refletem não apenas suas funções no combate, mas também suas personalidades e histórias. Os inimigos, por sua vez, parecem ter saído diretamente de sonhos perturbadores — monstruosidades que misturam forma humana com traços abstratos, remetendo a esculturas modernistas ou quadros expressionistas.

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A trilha sonora, composta com sensibilidade, reforça o tom emocional e dramático da narrativa. Há temas melancólicos com piano e cordas, trilhas etéreas durante a exploração e músicas épicas nas batalhas principais. A música não apenas ambienta, mas participa da narrativa, aumentando a imersão e o impacto emocional.

No aspecto técnico, o jogo é bastante sólido. As versões para PC e consoles de nova geração rodam de forma fluida, com bons tempos de carregamento e quase nenhuma ocorrência de bugs graves. A interface é limpa e intuitiva, e há boas opções de acessibilidade e customização gráfica.

Vale a pena jogar?

Sim. Clair Obscur: Expedition 33 é um daqueles jogos que merecem ser vividos com calma e atenção. Não é uma experiência genérica, nem feita para consumo rápido. É uma jornada artística, emocional e estratégica, que desafia o jogador tanto no gameplay quanto nas reflexões que propõe.

É verdade que o jogo pode não agradar a quem prefere uma ação mais direta ou uma história simples e linear. A narrativa densa, os sistemas de combate exigentes e a estética fora do convencional pedem um público disposto a mergulhar fundo em uma proposta mais autoral. Mas para quem valoriza originalidade, profundidade temática e experiências audiovisuais marcantes, este jogo é um presente raro.

Em um mercado saturado de fórmulas repetidas, Clair Obscur: Expedition 33 se destaca como uma obra que não apenas joga com as convenções dos RPGs, mas as reimagina com identidade e ousadia. Mais do que um bom jogo, é uma experiência artística feita com paixão e visão.

Teoria Geek agradece a Kepler Interactive pela cópia de imprensa disponibilizada gratuitamente para PC para a elaboração desta análise.