Demorei apenas um dia para maratonar os poucos 5 episódios de Cidade Invisível (dois a menos que a anterior) e eis aqui minhas considerações.
Após quase dois anos em hiatos, a série retorna com sua 2ª temporada com algumas incertezas que podem afetar uma possível 3ª temporada.
Título: Cidade Invisível |
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Ano de Produção: 2022/2023 |
Dirigido Por: Cassiano Prado, Graciela Guarani e Luis Carone |
Estreia: 22 de março de 2023 |
Duração: 209 minutos |
Classificação: 16 anos |
Gênero: Drama. Fantasia. Mistério Nacional. Suspense. |
País de Origem: Brasil |
Sinopse: Após dois anos ausente, Eric aparece em um santuário natural, protegido por indígenas e procurado por garimpeiros ilegais, perto de Belém do Pará. Ele descobre que Luna e a Cuca estavam morando nas proximidades com o objetivo de trazê-lo de volta à vida. Embora queira retornar imediatamente para o Rio de Janeiro com Luna, suas habilidades sobrenaturais recém-adquiridas o tornam necessário para proteger Luna e o santuário, que descobre serem intimamente ligados. |
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Cidade Invisível ou Mutantes?
Cidade Invisível ganhou notoriedade devido ao fato de trabalhar com a riqueza que é o folclore brasileiro. Aliás, foi por conta disso que o hype envolvendo a 1ª temporada foi gigantesco, afinal, era algo brasileiro com viés hollywoodiano.
Dava orgulho vê cada espectador (e isto em outros países, também) juntar as peças para conferir qual era aquela entidade do episódio. Eu, por exemplo, me via muitas vezes procurando no Google por cada uma delas.
A única questão que pecou foi não incluir em sua temporada de estreia, àqueles que realmente vivem e difundem essas lendas: os indígenas.
Nesta temporada, ao contrário, as lendas vieram com mais evidência, bem como o acréscimo ao elenco, de forma magnífica, de atores e atrizes indígenas, que falam em sua maior parte a língua dos povos originários, como o Tukano.
No entanto, o que ela fez bem em melhorar o tratamento das lendas do país, se distanciou daquilo que havia construído na temporada anterior.
A ideia que passou é da falta de comunicação entre ambas as temporadas, como se uma tivesse pouca ou nenhuma relação com a outra.
Aliás, algo que me deixou extremamente chateada foi a falta de complexidade do seu tema principal, qual seja, o combate ao desmatamento e a extração ilegal, deixando-a rasa e não atingindo o seu propósito propriamente dito, subestimando a capacidade do telespectador.
Devo confessor que em alguns momentos, me vi assistindo à novela Mutantes da Record do que uma obra da Netflix (embora algumas obras do serviço de streaming estejam, também, deixando a desejar).
Novas criaturas
Nesse sentido, a trama soube fazer bem o seu papel e me fez querer saber mais sobre entidades que até ontem eu não conhecia.
Efetivamente, os novos integrantes da série fizeram um excelente trabalho que, ao meu ver, ofuscaram àqueles que deveriam ser o foco da vez.
Isso porque, os temas envolvendo cada nova criatura foram muito mais interessantes do que o tema principal. Em outras palavras, a sensibilidade em tratar da violência doméstica e do papel da mulher da sociedade se destacaram em meio à extração de minérios da floresta.
Exemplo disso é a alegoria da Mula Sem Cabeça (não é um spoiler, isso está no trailer, rs), no que se refere aos problemas que a mulher enfrenta com o machismo, desde um simples “calma, mulher” ao “esteja ‘apropriada’ para isso ou aquilo”.
Eric, Luna e Cuca
Fiquei extremamente chateada com o fato dos personagens, que ganharam notoriedade na primeira temporada, se tornaram meros peões neste segundo ano.
Eric (ou Vampira dos X-Men), infelizmente, se tornou um personagem sem uma motivação concreta. Afinal, a incansável frase de que “eu queria só uma vida normal” não colou. O que de fato me preocupa, visto que o seu arco da temporada anterior tinha um enorme potencial, mas que se esvaiu nesta. Será que foi algo contratual? Não sabemos…
Em relação à Cuca, esta foi outra personagem extremamente mal aproveitada. Haja vista ser uma entidade que ganhou os ares da graça dos espectadores, principalmente, por fazer parte do imaginário cotidiano de muitos, mas que se tornou uma mera coadjuvante da coadjuvante, ainda que tenha tido seus bons momentos (até melhores do que o Eric, diga-se de passagem).
E no que se refere à Luna, tá aí algo que me atormenta desde a temporada anterior. Se a personagem é parte central da trama e sobre ela será jogado o peso de toda a série, isso deve ser melhor trabalhado em temporadas posteriores. O que me deixa intrigada, já que o final não transmitiu algo inovador ou que te fizesse querer assistir a mais uma.
E a questão técnica?
Devo dizer que a troca da floresta do Rio de Janeiro pela a do Norte do país foi um acerto. Uma vez que a fotografia da série ficou magnífica, principalmente, no que se refere aos frames dos passeios de barco pelos rios que permeiam a Floresta Amazônica.
Outro ponto que apreciei bastante foram as tomadas de perseguição, principalmente, àquela em meio à comunidade ribeirinha. A ideia de movimento foi extremamente excelente, digna de um exímio plano sequência.
Já o som deixou a desejar, ainda que a minha mídia estivesse no último volume, precisei colocar legenda para poder ouvir/entender o que os atores estavam falando (e não estou dizendo da língua Tukano, hein?!).
Interpretação Sem Igual
Marco Pigossi é um excelente ator e infelizmente fez o que pode com o que foi apresentado em suas mãos, assim como Alessandra Negrini. Uma pena!
Quanto ao elenco da temporada, igualmente, trabalharam perfeitamente, dentre eles, destaco: Ermelinda Yepario, Kay Sara, Adanilo, Letícia Spiller e Simone Spoladore.
Mas eu não poderia deixar de falar do destaque da temporada: Zahy Tentehar. A atriz é magnífica e soube conciliar os nuances e mistérios da sua personagem. Acreditem! Era só ela entrar em cena que ela ofuscava os demais.
Veredicto: Cidade Invisível (2ª Temporada)
Embora tenha tentado acertar em alguns pontos extremamente importantes em relação à primeira temporada, Cidade Invisível se perdeu em si mesma. Com uma temporada mais enxuta e um roteiro que deixou a desejar, a série transmitiu a seguinte e preocupante dúvida: se há fôlego para continuar com novas temporadas.
Até mais, e Obrigado pelos Peixes!
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