Blasphemous 2 | Confira nossa review

Blasphemous 2 dá um abraço na nostalgia com os pés firmes na atual geração.

 

Por um momento pensei que essa análise não fosse existir. Entenda que não jogo um Metroidvania faz muitos anos, e então olhei pro Blasphemous 2 e pensei comigo, vamos jogar, por que não? E então veio vários motivos para ter evitado a fadiga: morria pro mapa, morria pros chefes, morria pros inimigos normais e ainda fiquei perdida no mapa por horas por conta da falta de hábito em explorar um mapa 2D. Mas continuei jogando e fui recompensada com um dos melhores indies que já joguei na minha vida.

A Humilhação

Nosso protagonista se chama “O Penitente”, mas bem poderia se chamar “O Humilhado” de tanta vergonha que passamos. De fato, morrer aqui é equivalente a morrer em um jogo de Soulslike, é natural e faz parte do aprendizado. No entanto, a humilhação não vem só na gameplay, mas na própria história, que utiliza de um linguajar enigmático o suficiente, pra você não entender nada e se questionar se o seu cérebro está funcionando.

Em contra partida, o jogo é intuitivo e indica no mapa o seu objetivo, então você pode apenas seguir na fé às cegas que vai dar certo, em algum momento. O bom é que a fé tem tudo a ver com a lore (risos).

O mapa é revelado conforme o penitente explora os cenários, e funciona no sentido vertical, ou seja, é como se você estivesse observando a planta de uma casa com vista lateral. É bem simples e funcional, principalmente com a opção de usar marcadores. Existe um conjunto de marcadores que você pode utilizar para marcar um ponto que ainda não consegue explorar ou quer voltar depois, como eles são variados, você pode associar um a cada obstáculo diferente que encontrar.

Orando por Ajuda

Blasphemous 2 é um jogo muito rico e recompensador. Explorar locais antes inexploráveis sempre resulta numa boa premiação. Dessa forma, é extremamente normal você querer revisitar todos os seus marcadores após liberar uma nova habilidade. A vontade de revisar é tanta, que isso pode acarretar em muitas horas a mais de gameplay. Porém existe o benefício de você ir melhor equipado para a próxima batalha ou região do mapa.

O Penitente pode escolher entre três armas no início do jogo, mas no decorrer da campanha, ele encontrará as outras que deixou para trás.

• Sarmiento e Centella: São duas espadas, extremamente velozes com dano fraco.
• Ruego Al Alba: Uma única espada, mediana em velocidade e dano.
• Veredicto: Uma arma pesada e lenta, mas com um dano poderoso.

Cada arma possui suas próprias características e habilidades que poderão ser aprimoradas seja com pontos de atributos ou até mesmo com o uso de figuras – um item que concede benefícios fornecido pelo escultor na cidade. Cada uma das armas também possui impacto no cenário, pois são suas habilidades únicas que permitem avançar através de alguns obstáculos.

Mas não é só da espada que vive o homem! Blasphemous 2 também conta com magias, aqui chamadas de orações. As orações podem ser em forma de versos “magias rápidas” e cânticos “magias poderosas”.

Colecionáveis e Atividade Úteis

Esqueça aqueles colecionáveis que não servem para nada e são incluídos nos mais diversos jogos por aí. Aqui cada itenzinho vale a pena! Qualquer coisa que você encontrar serve para algo. Seja dinheiro pra usar na loja, marcas para atribuir nas armas, uma pedra que fornece mais defesa mística, simplesmente tudo é útil.

O mesmo pode ser dito dos personagens que te fornecem alguma missão. Apesar de que muitas vezes você não faz ideia do que a criatura está pedindo, quando você finalmente descobre, é sempre gratificante. Pois os NPCs não garantem a você apenas uma única recompensa, mas basicamente várias recompensas parciais.

Digamos que você encontra um item chamado “cálice vazio”, então se desloca até uma determinada personagem, entrega o cálice pra ela, e no mesmo instante ela aumenta sua quantidade de vida total. Não tem rodeios!

Ir e vir não enjoa?

Não enjoa não, pelo contrário, vicia. Mas isso porque Blasphemous 2 não é tão terrível assim, ele concede para nós vários meios de locomoção que facilitam a transição entre as regiões do mapa. Existem pontos de viagem rápida, uma oração que permite que você volte a cidade e até elevadores e passagens que cortam caminho.

Tudo isso é permeado por uma excelente trilha sonora que praticamente nos hipnotiza e ficamos naquele transe de completa concentração. Igual os clássicos faziam, entrando na nossa mente de soslaio e criando aquele clima perfeito para se gastar horas e horas sem percebermos.

As regiões diferem não só na música ambiente, mas no próprio ambiente em si. Apesar da temática ser muitas vezes perturbadora, o visual em pixel art está deslumbrante. Todos os cenários são muito bem desenhados com um alto nível de detalhamento e escolha de cores. É um belo de um jogo.

Vai falar do combate não?

Guardei o melhor para o final. Blasphemous 2 conta com 65 tipos de inimigos, mesmo que alguns sejam apenas variações de cores e poderes elementais, a diversidade é grande. Cada inimigo possui um conjunto de movimentos diferentes que exigirão que o jogador os aprenda para conseguir derrotá-los. Apenas um pode causar problemas, mas quando eles se juntam, ah, o perigo é brutal.

Entretanto, o destaque fica é para os chefes. Criaturas horripilantes, cada qual com um desenho específico, um bom conjunto de movimentos e surpresas únicas. Se um chefe possui duas fases de batalha, o outro pode ter só uma, mas conseguir se regenerar, e assim o Penitente nunca sabe o que esperar da sua próxima batalha.

Para enfrentar tudo isso, contamos com armas, orações e um arsenal de movimentos que você pode ter adquirido ou não ao longo da campanha. Mas basicamente, dependendo do seu equipamento escolhido, você poderá: pular, desviar, atacar, realizar ataques especiais, bloquear, contra-atacar e muito mais. De certa forma, várias estratégias funcionam, mas em alguns casos algumas armas e movimentos se farão obrigatórios.

Blasphemous 2: Vale a pena?

Sim! Principalmente pra você que assim como eu não joga um Metroidvania faz um bom tempo, pois não exige que você tenha jogado o seu antecessor, e está relativamente mais fácil, tornando-o uma ótima oportunidade seja para matar a saudade ou conhecer o gênero.

O fato replay também é alto, pois você vai querer liberar 100% do mapa e para isso terá que superar alguns desafios que incluem vencer hordas de inimigos, explorar regiões perigosas do cenário ou vencer quebra-cabeças que exigem rapidez e precisão.

O mapa é gigante, conta com interface e legendas em PT-BR e focando em completar tudo, é bem provável que você gaste de 20 à 30 horas, o que torna um ótimo custo benefício para quem quiser adquiri-lo.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Continue lendo aqui.