BlackBerry | Confira nossa crítica

O filme “Blackberry” (2023) revela um capítulo meio que hoje obscuro nesta corrida de revolucionar o mundo, mas que com certeza irá despertar vagas lembranças de tempos indefinidos.

 

Narrativa

O mundo de hoje está correndo tão rápido em termos de tecnologia que se uma ideia for criada hoje amanhã ela pode estar ultrapassada. Quando Steve Jobs e sua Apple criaram o primeiro iphone 2007 ele simplesmente mudou o mercado de comunicação para sempre e cuja mudanças é sentida até nos dias de hoje. Porém, o filme “Blackberry” (2023) revela um capítulo meio que hoje obscuro nesta corrida de revolucionar o mundo, mas que com certeza irá despertar vagas lembranças de tempos indefinidos.

A ascensão e queda

Dirigido por Matt Johnson, a trama detalha a ascensão e queda do celular BlackBerry e a empresa canadense Research in Motion. Ela se tornou conhecida mundialmente por seus smartphones BlackBerry, o primeiro dispositivo desse tipo a se firmar no mercado. Os co-CEOs Mike Lazaridis e Jim Balsillie, foram dois dos empresários mais famosos do Canadá, e a região de Waterloo tornou-se o equivalente canadense ao Vale do Silício.

Porém, a introdução do iPhone da Apple em 2007 acabou sendo a sentença de morte para o BlackBerry. O filme explora tanto o universo da tecnologia como também a empresarial, já que uma não vive sem a outra nestes tempos da corrida pelo dinheiro. Porém, o diretor Matt Johnson constrói uma narrativa que faz com que a gente compreenda, pois o que vemos é um grupo de nerds que queriam vender a sua ideia, mas mal sabiam aonde chegariam nesta empreitada. Para começar, o roteiro procura focar principalmente em Jay Baruchel, interpretado Mike Lazaridis, sendo ele o inventor da blackberry enquanto Matt Johson interpreta Paul, o melhor amigo e tão genial quanto o seu parceiro.

Ambos em cena fazem com que a gente se identifique com eles, pois embora sejam gênios eles não deixam de serem seres humanos e cuja suas preferências de estarem sempre assistindo filmes da cultura pop sintetiza muito bem isso.

Por outro lado, não adianta ser gênio se também não entende o jogo de cartas que existe neste mercado e o empresário Jim Balsillie, interpretado por Glenn Howerton, representa a ambição e o lado desalmado que estas pessoas precisam para obterem os seus objetivos, mas que poderá ter um alto preço a ser pago.

Não é preciso ser gênio que a genialidade e ambição irão ter atritos durante o percurso, mas não havendo essa união não haveria essa história para ser contada para dizer o mínimo. Embora um tanto que desconhecido do grande público o diretor Matt Johnson tem chamado atenção pela sua genialidade em saber transitar ficção com a linguagem documental, sendo que ele foi o responsável pelo falso documentário “Operação Avalanche” (2016).

Ótimas atuações

Aliás, aqui se percebe que há momentos em que a câmera se encontra tremida, como se alguém estivesse documentando aqueles fatos realmente verídicos e que mudaria o quadro da telefonia como um todo. Esse modo de filmar se casa com perfeição pelo modo que os respectivos atores se entregam aos seus personagens.

Jay Baruchel, por exemplo, dá um verdadeiro show de interpretação, ao criar para o seu Mike Lazaridis uma pessoa com trejeitos incomuns, dos quais simbolizam uma pessoa que não se encaixa com o mundo real, mas que se vê disposto em mudá-lo, desde que seja do seu jeito.

Portanto, não deixa de ser curioso a sua não aceitação do modelo iPhone, ao negar o fato que a Apple deu um grande passo, mas o mesmo insiste no que ele acha realmente viável.

Mas se o seu defeito é ser pretencioso, o empresário Jim Balsillie corre contra o relógio para fugir das suas falcatruas e o ator Glenn Howerton nos brinda com uma de suas melhores atuações da carreira.

No final das contas, pode-se dizer que o filme é uma espécie de “A Rede Social” (2010) ao inverso, pois diferente do filme de David Fincher, aqui vemos a derrocada de uma empresa que não soube caminhar em passos largos que nem as suas concorrentes e que sabiam as ferramentas que tinham em mãos para avançarem.

Assista o trailer:

Veredicto

Em tempos em que tempo é dinheiro graças as regras impostas pelo sistema capitalista, quem fica pra trás sai perdendo e quem lucra é aquele que dá o melhor lance neste cenário cheio de números. “BlackBerry” é um filme com humor ácido, ao retratar gênios e empresários que queriam revolucionar o mundo, mas não contavam com a rapidez de outros como Steve Jobs para dizer o mínimo.