Incrível ator holandês, falecido em 19 de Julho de 2019, Rutger Hauer deixa um legado incrível no cinema e na TV. O Teoria Geek traz pra você uma sucinta análise de alguns papéis de Rutger para o cinema, bem como sua biografia e filmografia. Aprecie a leitura!
Com uma carreira de mais de 50 anos, Rutger Hauer atuou em mais de 100 filmes, além de minisséries e seriados. Mas, sua história no cinema ficou marcada pelo vilão Roy Batty, em Blade Runner: O Caçador de Androides (1982). Hauer faleceu em casa e deixa um legado gigantesco para seus fãs. Outros clássicos do ator são: “O Feitiço de Áquila”, “A Sangue Frio”; “Fuga de Sobibor, o Campo do Inferno”; “Sansão”; “Um Dia para Viver”; “Batman Begins”; “Missão: Amsterdam”; “As Cartas de Madre Tereza”; “O Casal Osterman”; e “A Quinta Execução”, além do próprio “Blade Runner”.
Nome de nascimento: Rutger Oelsen Hauer.
Nacionalidade: Holandês.
Nascimento: 23 de janeiro de 1944 (Breukelen, Utrecht, Holanda).
Morte: 19 de julho de 2019, aos 75 anos de idade.
É difícil resumir os talentos e habilidades de Rutger Hauer em poucas linhas, tendo em vista a enorme importância de seus personagens para o cinema, e se formos analisar mais friamente, até pelo número de obras em que trabalhou para o cinema e TV. Além do talento, a longevidade de sua carreira, ao meu ver, também pode ser destacada como ponto positivo. Poucos atores e atrizes trabalharam por tanto tempo assim. Tudo bem que a partir dos anos 2000 até sua morte (2019) os trabalhos diminuíram e tiveram menor repercussão, mas, ainda sim, considero uma carreira bastante respeitável.
Para abrir esta biografia, já vou direto para o que o deixou mais famoso: o papel de sucesso no filme “Blade Runner”. Um dos mais marcantes momentos do filme é indiscutivelmente o monólogo final do seu Roy Batty (papel de Rutger), o vilão do filme Blade Runner: O Caçador de Androides (1982). Enquanto o caçador de androides o observa, o personagem de Hauer, que foi “programado” para durar um intervalo determinado de tempo e está se aproximando do final deste período, diz as falas que ficariam marcadas para sempre na mente dos fãs: “Eu vi coisas que vocês, humanos, nem iriam acreditar”. No documentário Dangerous Days: Making Blade Runner, lançado em 2007, foi revelado que o próprio Hauer foi o responsável pela versão final do discurso. O ator holandês cortou várias frases do texto original do roteirista David Peoples, e adicionou o trecho que faz referência a “lágrimas na chuva”. Descrevendo sua decisão de modificar o discurso sem avisar ninguém (nem mesmo o diretor Ridley Scott), Hauer comentou que o texto original era “como um trecho de ópera”, e que “não combinava com o restante do filme”.
Veja a cena clássica abaixo (legendada) na qual ele contracena com o ator Harrison Ford:
//www.youtube.com/watch?v=ZVD28yXOZtE
A importância de Blade Runner, o caçador de Androides (1982)
Embora o filme tenha fracassado na bilheteria na época de seu lançamento, em 1982, o filme se tornou cultuado ao longo dos anos, sendo hoje reconhecido como um dos mais importantes do gênero. Tendo, aliás, influenciado milhares de outros filmes e séries do mesmo gênero. Se hoje a gente acha que quase todo filme de fição futurista é quase tudo igual, pasteurizado muitas das vezes, muito disso se deve ao pionerismo de Blade Runner.
O que define a humanidade de uma criatura, sendo que, nas obras de ficção, os seres não são advindos somente do criacionismo? Hoje, essa resposta talvez seja mais fácil porque ainda é exclusivamente biológica. Mas, e no futuro? É esse campo que a grande ficção científica explora, testa, pergunta, provoca.
Blade Runner, embora cansativo no começo, mas divertido durante toda a jornada, propõe uma série de alegorias filosóficas sobre a existência e sobre a humanidade. Sobre os limites e as possibilidades de ampliação desses conceitos. No seu momento mais poético, as últimas palavras de Roy colocam a memória, o ter estado no mundo, como algo precioso, mesmo que artificial. Esta existência anterior, mesmo que falsa, torna-se verdadeira dentro de cada indivíduo. Por isso, diz Roy para Deckard:
“Eu tenho visto coisas que sua gente não acreditaria. Vi naves de ataque em chamas nos limites de Orion. Vi raios cintilando junto aos portões de Tanhäuser. Todos esses momentos vão se perder no tempo, como lágrimas na chuva.”
Ambientado em um futuro distópico, Blade Runner mistura em sua ficção científica subgêneros como o policial noir e a estética cyberpunk. Mas vai além disso. Utiliza esses elementos para contar uma história que reflete e propõe questões filosóficas e existenciais. No futuro, a humanidade passa a explorar e colonizar outros mundos. A tecnologia permite a fabricação de androides com aparência humana, destinados ao trabalho escravo em colônias fora da Terra. Chamados de replicantes, eles têm se tornado cada vez mais avançados. Até que exemplares de última geração, dotados de uma sofisticada inteligência artificial, se rebelam e fogem.
Ao contar esta história, o filme cria uma atmosfera noir dentro de uma realidade futurista suja, de espaços urbanos superpopulosos, escuros, estreitos, barulhentos, asfixiantes e visualmente poluídos. Já os ambientes internos são compostos de contrastes de luz e sombra, assépticos mas também escuros, refletindo o caráter ambíguo e melancólico dos personagens que vivem e transitam nesses espaços.
O filme “Feitiço de Áquila”, sucesso no Brasil e considerável popularidade no mundo
O tema universal do amor impossível é o fio condutor deste simpático filme de aventura medieval que é interessante e, consideravelmente, criativo dirigido pelo subestimado Richard Donner. Sua premissa inteligente já seria suficiente para garantir doses respeitáveis de drama e romantismo, mas este pequeno conto medieval vai além, apresentando uma estória encantadora, com boas atuações e uma direção competente. Por isso, mesmo apresentando pequenos defeitos, consegue envolver o espectador de maneira bastante agradável.
No século XII, a pequena cidade européia de Áquila é o palco para uma incrível história de amor. Ao perceber que sua amada Isabeau (Michelle Pfeiffer) está apaixonada pelo líder de sua guarda – o cavaleiro Navarre (Rutger Hauer) – o Bispo de Áquila (John Wood), enlouquecido de ciúme, lança uma terrível maldição sobre o casal. Durante o dia ela se transforma em um falcão e durante a noite ele se transforma em um lobo, impedindo assim que o casal consiga viver o seu amor. Com um bom roteiro nas mãos, Richard Donner consegue imprimir um ritmo ágil à narrativa, mantendo a atenção do espectador constantemente, sem por isso deixar de criar uma crescente expectativa para o esperado reencontro do casal.
Trechos clássicos do filme
Soldado: Onde está Navarre?
Phillipe: Navarre? Navarre? Ah, sim. Homem grande, cavalo negro. Eu acho que o vi seguindo para o sul.
Soldado: Ha! Então vamos para o norte.
Phillipe: Não é nada educado pensar que uma pessoa é mentirosa quando você acaba de conhecê-la.
Soldado: É claro! E você sabia que faríamos isso. Vamos para o sul.
Phillipe, falando com Deus: Eu falei a verdade, senhor. Como posso aprender alguma lição moral se você fica me confundindo desse jeito?
Etienne Navarre: Eu preciso que você me guie.
Phillipe: Nem pela vida da minha mãe! Mesmo que eu soube quem foi ela.
Phillipe, com o falcão nos braços: Me pediram para trazer esse pássaro para você, padre. Ele está ferido.
Imperius: Boa pontaria! Traga-o para dentro, e jantaremos juntos.
Phillipe: Nós não podemos comer esse pássaro, padre.
Imperius: O quê? Oh, Deus, já é quaresma de novo?
Phillipe, mentindo: “Você deve salvar este falcão”, ele (Navarre) disse. “Porque ela é a minha vida, minha última e melhor razão para viver.” E então ele disse: “Um dia, nós vamos ser tão felizes quanto duas pessoas sonham, mas nunca conseguem ser.”
Isabeau: Ele disse isso?
Phillipe: Eu juro pela minha vida.
Biografia
Em 1962, ele começou a frequentar uma escola em Amsterdam, mas logo retirou-se para se juntar ao exército. Ele quase imediatamente estava entediado com o estilo de vida militar e assim que ele tinha se declarado inapto para o serviço militar, foi demitido.
Ele voltou para a escola, desta vez para ficar, e, por um curto período, trabalhou também em Basel (Suíça) para o “Centrum Antroposofisch” como um ajudante de palco, jardineiro e engenheiro térmico. Lá ele conheceu sua primeira esposa e tiveram uma filha, Barbara, agora atriz. Em 1968, ele conheceu , Ineke, uma escultora e pintora muito talentosa. Eles se casaram em 1985. Sua estreia no cinema ocorreu em 1969 com ‘Monsieur Hawarden’, mas suas cenas não foram incluídas na versão editada. No mesmo ano, ele ganhou enorme popularidade no papel de protagonista na série de TV preto e branco ‘Floris’.
Em 1973, Rutger estourou na cena de cinema europeu em ‘Doces’ do diretor Verhoeven. Baseado em um romance controverso do escritor holandês Jan Wolkers, o filme recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1974.
Nesse período ele também estrelou em ‘Keetje Tippel’, ‘Spetters’ e ‘Soldado de laranja’. No último filme, ele desempenhou o papel de um lutador corajoso, underground, que lhe trouxe sucesso merecido e reconhecimento internacional.
Voltar para casa por um curto enquanto em setembro de 1981, período no qual recebeu o prêmio “Gouden Kalf” (bezerro de ouro) de melhor ator. Um ano mais tarde, ele estrelou no aclamado papel do comovente replicante Roy Batty, de Ridley Scott, ‘Blade Runner’.
Para se ter uma ideia, “Blade Runner” foi tão especial e marcante, que este filme tornou-se um clássico da ficção científica, um verdadeiro ‘filme-cult’, apesar de sua baixa bilheteria nos cinemas pelo mudo. Sua primeira versão foi adicionada para o arquivo de filmes nacionais, mantido pela biblioteca do Congresso americano.
Em 1985, ele atuou no mágico filme ‘Ladyhawke’ (No Brasil “O Feitiço de Áquila) ao lado de Michelle Pfeiffer. Nesse mesmo ano ele também estrelou em “Carne e sangue’, que ganhou dois prêmios holandeses chamado”Gouden Kalf”, como melhor filme e melhor diretor.
Em seguida interpretou dois papéis importantes: John Ryder em ‘The Hitcher’ e o caçador de recompensas Nick Randall em ‘Wanted – Dead or Alive’.
Na década de 1990, Rutger ficou conhecido pelos comerciais bem humorados da cerveja Guinness. Quanto ao cinema, ele fez vários filmes de baixo orçamento, ficando conhecido por seu papel no filme “Buffy the Vampire Slayer”, de 1992. Trabalhou com Kylie Minogue no videoclip de “On a Night Like This”. Rutger também trabalhou em vários filmes britânicos e norte-americanos para a televisão, como Inside the Third Reich, Escape from Sobibor, pelo qual ele recebeu o Golden Globe de melhor ator coadjuvante em minissérie ou filme para televisão, e Amelia Earhart: The Final Flight’. Participou de várias séries de televisão como Merlin (1998), The 10th Kingdom, Smallville, Alias, e Salem’s Lot. Em 1999, recebeu o prêmio holandês Rembrandt Award de Melhor Ator do Século.
No filme de 2003, Confissões de uma Mente Perigosa, Rutger interpretou um assassino. No filme de 2005, interpretou o vilão em Sin City – A Cidade do Pecado e depois o executivo das empresas Wayne, em Batman Begins (2005). Interpretou o Conde Drácula, protagonista do filme de 2005 Dracula III: Legacy. Em 2009, apareceu no filme holandês Dazzle, tido como um dos mais relevantes filmes do ano no país. No mesmo ano, trabalhou com o diretor italiano Renzo Martinelli em Barbarossa. Em abril de 2010, foi escalado para trabalhar no filme Grindhouse.
Em 2011, ele interpretou o caçador de vampiros Van Helsing, no filme Dracula 3D, de Dario Argento. Na série de televisão The Last Kingdom, de 2015, ele interpretou Ravn.
Rutger também trabalhou na sexta temporada da série da HBO’ True Blood, como o personagem Niall Brigantin. Em 2017, dublou o personagem aniel Lazarski no videogame Observer, que se passa em uma Polônia pós-apocalíptica, criado pelo Bloober Team. Em 2019, dublou o personagem Master Xehanort em Kingdom Hearts III, no lugar de Leonard Nimoy.
Fontes: //www.rutgerhauer.org/biography/biography.php
//www.imdb.com/name/nm0000442/bio
//pt.wikipedia.org/wiki/Rutger_Hauer
Filmografia
1975 – The Wilby Conspiracy
1979 – Soldaat van Oranje (br: Soldado de Laranja)
1980 – Spetters
1981 – Nighthawks (br: Falcões da Noite)
1982 – Blade Runner (br: Blade Runner, o caçador de andróides)
1983 – The Osterman Weekend (br: O Casal Osterman”)
1985 – Ladyhawke (br: Ladyhawke, O Feitiço de Áquila”)
1985 – Flesh+Blood (br: Conquista sangrenta)
1986 – The Hitcher (br: A Morte Pede Carona)
1987 – Wanted: Dead or Alive (br: Procurado vivo ou morto) e também Scape of Sobibor (br: Fuga de Sobibor)
1989 – The Legend of the Holy Drinker
1989 – Blind Fury (br: Fúria Cega)
1990 – Salute of the Jugger
1991 – Wedlock (br: Aliança Mortal, com Mimi Rogers)
1992 – Split Second (br: O Destruidor)
1992 – Buffy the Vampire Slayer
1994 – Surviving the Game
1994 – Fatherland (br: A Nação do Medo)
1996 – Crossworlds
1996 – Precious Find
1996 – Omega Doom
1997 – Deathline (Redline ou Linha Vermelha)
1997 – Bleeders
2001 – Flying Virus
2002 – Confessions of a Dangerous Mind (br / pt: Confissões de uma mente perigosa)
2004 – Salem’s Lot (br: A Mansão Marsten)
2005 – Sin City
2005 – Batman Begins
2007 – Goal II: Living the Dream (br: Gol 2: Vivendo o Sonho)
2009 – Oogverblindend (Dazzle) (Cyrus Frisch)
2011 – The Mill and the Cross (br: O Moinho e a Cruz)
2011 – The Rite (br / pt: O Ritual)
2012 – Dracula 3D
2013 – RPG
Fonte: //m.imdb.com/name/nm0000442/filmotype