Batman Vol.1 | Confira nossa crítica

Ficha Técnica
Autor: Chip Zdarsky
Editora: Panini Comics
Ano de lançamento: 2023
Sinopse:

O aclamadíssimo roteirista Chip Zdarsky se une ao lendário artista Jorge Jimenez para levar o Batman a uma nova era! Bruce Wayne está sendo assombrado por sonhos de um futuro sombrio, enquanto os bilionários de Gotham City estão sendo terrivelmente assassinados. Com a descoberta do envolvimento de um arqui-inimigo e uma tragédia que se segue, os pesadelos do Cavaleiro das Trevas estão apenas começando. 

LANÇAMENTO PELA PANINI

Em fevereiro deste ano, foi publicado pela editora Panini Comics o primeiro volume das novas fases do Homem-Morcego, contendo os três primeiros capítulos da nova fase de Chip Zdarsky (Demolidor) na frente da mensal Batman e o primeiro capítulo da run de Ram V (Monstro do Pântano) na mensal Detective Comics.  

Para esclarecer, nos EUA o personagem Batman possui 2 (duas) séries mensais regulares (além de uma infinidade de minisséries) com histórias que se passam, aparentemente, no mesmo universo e momento. Contudo, estas histórias possuem enredos completamente diferentes – a homônima Batman, e a já ancestral, Detective Comics.

É costume, portanto, eleger 2 (dois) autores diferentes para cada uma destas revistas, dois autores que, diga-se de passagem, possuem não apenas um renome do mercado editorial norte americano, mas também estão “na boca do povo”, e ninguém melhor que os recém indicados ao Eisner, Ram V e Chip Zdarksy.

O QUE ESPERAR DE CHIP ZDARSKY

Pois bem, em julho de 2022 estreou nas páginas do homem morcego, nos EUA, o autor Chip Zdarsky.  Contudo, esse não foi o primeiro trabalho de Zdarsky nas revistas do personagem. Um pouco antes de estrear na mensal, este atuou na minissérie Batman – Cavaleiro, que recentemente também foi publicada pela Panini Comics aqui no Brasil.

Zdarsky vinha de um aclamado início com a mensal de Demolidor, chegando inclusive a concorrer, como já citado, ao Prêmio Eisner, o famigerado “Oscar dos quadrinhos”.

A mensal do Demolidor alçada ao estrelato por um início contagiante e bem escrito, foi duramente criticada após o megaevento Reinado do Demônio (também recentemente publicado no Brasil).

Para muitos, e eu me faço incluso nesse ponto, a fase do Demolidor de Chip se revelou ao mesmo tempo uma grande homenagem às fases anteriores do personagem (em especial, a passagem de Brian Michael Bendis pela revista). Mas também um ar de renovação, encaminhando o personagem a ter que lidar com situações e questionamentos nunca antes vistos.

Zdarsky, como premissa inicial de sua run na frente da mensal do personagem, coloca este para enfrentar seus dogmas e valores, ao fazê-lo enfrentar as consequências do pior ato que já cometeu, da proibição número um, que um personagem cristão e super-herói, jamais poderia cometer, matar uma pessoa.

Ao colocar o personagem para enfrentar tal situação, Chip revisitou não somente a célebre Queda de Murdock, mas colocou o personagem a se questionar moral e eticamente sobre seus deveres enquanto humano, advogado e super-herói, revelando todas suas falhas e acertos.

Em minha opinião, talvez a fase de Zdarsky na frente do Demolidor tenha sido a visão mais “humana” do personagem que já tivemos, maximizando tudo que já tínhamos visto anteriormente em outras runs

Questionamentos sobre a diferença entre Matt Murdock e o Demolidor; do símbolo que representa o Demolidor para a sociedade de Hells Kitchen; e se os vigilantes deveriam, ou não, estar acima da lei.

Mas o que isso significa para a nova fase do Batman?

INICIANDO NO PERSONAGEM

Chip, já tendo realizado tal feito na fase do Demolidor tenta replicar a fórmula, até certo ponto, nas páginas da revista do homem-morcego.

Ele nos apresenta, inicialmente, a um Batman derrotado, um Batman sem recursos e sem dinheiro. Nos apresenta, na realidade, um Batman que sequer possui um Bruce Wayne, representando um personagem que transformou seu “alter ego” em ego. 

Não mais o Bruce Wayne se transforma em Batman para cumprir sua missão, agora Batman se transforma em Bruce Wayne apenas quando necessário.

Em meio a isto, nós encontramos um mistério nada corriqueiro para Gotham. Alguém está assassinando ricos e milionários – que já nasceram com esse status –  tendo como o principal suspeito de ser o mandante, o Pinguim.

Como dito, trata-se de um capítulo inicial, cuja função é apresentar o plot central da nova fase que permeará a vida do homem-morcego, pelo menos por um tempo. Isso, como já realizado na fase do Demolidor, Chip Zdarsky faz muito bem.

Chip, novamente, coloca um personagem à beira do precipício. Isto é, retira dele, em um espaço curto de tempo, duas coisas que são imprescindíveis para a moral do homem morcego.

——————— AVISO DE SPOILERS ———————–

Em primeiro lugar, durante uma investigação do Batman, Tim Drake sofre um tiro em sua jugular, o que acarreta não somente flashback do que tinha acontecido com Jason Todd na saga de Morte em Família, mas também demonstra um Batman mais evoluído, que toma decisões, aparentemente, mais corretas que outrora, mas que, ao mesmo tempo, levou sua família, seu filho (ou seu soldado), a quase morte.

Em segundo lugar, ao enfrentar o mandante da tentativa de assassinato, o Pinguim, ele descobre um vilão em estado terminal. O que acaba por se concretizar enquanto este ainda está na sala médica, incriminando o Batman pelo assassinato do vilão.

De uma vez só, assim como realizado anteriormente no início de sua fase no Demolidor, Zdarsky tira o vigilante de seu status de agente da lei, agente da justiça (ao menos para aqueles que acreditam que a morte foi causada pelo Batman), bem como coloca o personagem em questionamento sobre o motivo de estar fazendo aquilo, o motivo de permanecer colocando a vida de sua família em risco.

Como dito anteriormente, é uma amostragem muito pequena para identificar se o autor terá sucesso à frente do personagem. Todavia, os primeiros capítulos cumprem a sua função de estabelecer o marco inicial da nova fase com maestria.

Igualmente genial se apresenta o desenhista Jorge Jimenez, que não apenas possui um traço fantástico, como constrói a composição da narrativa de forma brilhante, sendo parte fundamental dos plot twists que acontecem na revista.

Aliás, o bom desenhista não é apenas aquele que desenha bem e bonito. Mas aquele que se utiliza desses desenhos para aperfeiçoar e se integrar com a narrativa que está sendo apresentada. E, isso, Jorge Jimenez fez de maneira magistral.

Se tratando de uma pequena amostragem, é difícil saber se os questionamentos apresentados serão aprofundados, ou se serão descartados nos próximos capítulos. Acredito que um ponto negativo desse primeiro capítulo seja justamente as pontas soltas que foram deixadas em seus questionamentos, principalmente com relação ao atentado sofrido pelo Robin.

Contudo, nada que não poderá ser revisitado nos próximos capítulos.

SOBRE A EDIÇÃO

Com relação à edição da Panini, o preço de R$ 19,90  está condizente com o mercado. No entanto, é visível a piora no material utilizado nas páginas da revista. Merece elogios também o acerto editorial em juntar ambas as mensais (Batman e Detective Comics) em uma mesma revista mensal (Ignorando a péssima decisão anterior de lançar ambas as mensais, quinzenalmente, em encadernados de números alternados).

Por fim, há um erro na edição – pelo menos na minha –  com relação às revistas americanas que compõem a Brasileira. Enquanto na contracapa constam as revistas Batman (2016) 125, Batman (2016) 126 II e Detective Comics (2016) 1062 I, na parte interna da revista constam as revistas Batman (2022) 125, Batman (2022) 126 II e Detective Comics (2022) 1062 I.

Por fim, o volume 1 se traduz em um excelente início para o personagem, apresentando conceitos interessantes que representam um excelente ponto inicial. Dependerá apenas do escritor, que já se demonstrou competente em suas trabalhos anteriores

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