Com as duas primeiras temporadas, “American Crime Story” manteve a sua qualidade intacta ao longo de sua jornada, ao retratar crimes reais que se tornaram conhecidos pela mídia e fazendo uma bela construção narrativa, tanto das motivações dos criminosos, como também criando uma crítica acida contra a imprensa que sempre persegue um furo. Porém, estamos falando de uma série que precisava ser renovada em sua proposta caso viesse o risco de ficar mais do mesmo. No caso da terceira temporada “Impeachment: American Crime Story” (2021) a série se renovou pelo fato da trama se enveredar mais para o lado das vítimas, além de tocar na ferida sobre um assunto que escandalizou o mundo na época.
Título: Impeachment: American Crime Story |
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Ano de Produção: 2021 |
Dirigido Por: Michael Uppendahl |
Estreia: 7 de setembro de 2021 |
Duração: 10 episódios |
Classificação: 16 anos |
Gênero: Série documental, Drama, Crime |
País de Origem: EUA |
Sinopse: Em 1998, um escândalo envolvendo o então presidente americano Bill Clinton (Clive Owen) se tornou manchete em todos os jornais. Clinton se envolveu em um relacionamento extraconjugal com uma das estagiárias da Casa Branca, Monica Lewinsky (Beanie Feldstein) e o caso entre os dois deu início a um turbulento processo de impeachment contra Clinton. |
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Narrativa
A trama se inicia em 1998, onde um escândalo envolvendo o então presidente americano Bill Clinton (Clive Owen) se tornou manchete em todos os jornais. Clinton se envolveu em um relacionamento extraconjugal com uma das estagiárias da Casa Branca, Monica Lewinsky (Beanie Feldstein) e o caso entre os dois deu início a um turbulento processo de impeachment contra Clinton.
Após vários anos desde aqueles eventos, é interessante rever essa história com um novo olhar, principalmente pelo fato que a gente acompanhava toda essa história mais através da mídia que, infelizmente, tratou tudo como um verdadeiro circo. Não deixa de ser notório, por exemplo, o fato de vários veículos de comunicação da época tratarem Monica Lewinsky como verdadeira vilã dos fatos, quando na verdade tudo deveria ter sido tratado com mais seriedade e imparcialidade com relação ao ocorrido. O que se tem aqui é o retrato de uma jovem ingênua que se deixou ser seduzida por uma fantasia de contos de fadas, quando na verdade mal sabia do conto de horror que participaria.
Comparação com as outras temporadas
Assim como as temporadas anteriores o terceiro ano caprichou reconstituição da época, onde os realizadores fazem questão de destacar a tecnologia daqueles tempos, principalmente em uma época em que a internet a recém estava engatinhando. Por outro lado, a obra é dinâmica pelos seus planos-sequências, além de uma edição frenética que nos conquista. Ao mesmo tempo, os realizadores criam, por vezes, um verdadeiro clima claustrofóbico, principalmente quando vemos Monica presa em um hotel em meio a inúmeros agentes do FBI.
Elenco de primeira
Mas nada disso seria o suficiente se não houvesse um grande elenco. Embora ainda seja muito jovem Beanie Feldstein se sai muito bem ao interpretar a peça central da trama. Sua Monica Lewinsky é pura inocência, ao ponto de que alguns irão dizer que a verdadeira Monica não era assim, porém, não há como negar que atriz se entrega em momentos puramente tensos, principalmente na já citada passagem do hotel. Já Sarah Paulson dispensa apresentações já que, novamente, ela nos brinda com uma atuação impecável, ao dar vida a Linda Tripp, mulher que viu a sua vida sendo destroçada no momento em que articulou todas as formas para que a relação de Monica e Clinton caísse nas mãos da oposição. Esse último, aliás, ganha uma interpretação segura de Clive Owen e cuja sua caracterização para dar vida ao Clinton na tela nos surpreende.
Porém, mesmo aparecendo em poucos episódios, Edie Falco é a que rouba a cena ao dar vida a Hillary Clinto. Embora seja casada até hoje com o ex presidente, muitas pessoas ainda se perguntam como ela ainda está com ele mesmo depois de tudo o que foi revelado naqueles tempos. A resposta vem graças a interpretação de Falco que entrega de corpo e alma ao interpretar a ex primeira dama.
Veredido
No saldo geral, a série um retrato mórbido de tempos mais machistas, controladores e que não mediam atos e consequências para arruinar determinadas pessoas. Após o escândalo estourar, a mídia sugou a história até se esgotar, ao ponto que a revelação de um possível estupro vindo de uma das vítimas do ex presidente já não interessavam mais, tanto para aqueles que desejavam derrubar o mesmo na época, como também o público que já se sentia saturado pelo assunto. No final das contas tudo não passa de uma grande piada, moldada por poderosos vindos da Casa Branca, como também da mídia viciada por audiência.
“Impeachment: American Crime Story” é um retrato cru de tempos conservadores que tentam esconder o seu lado hipócrita, mas que não são muito diferentes de hoje em dia.
Onde Assistir: Star+
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