O cinema perdeu um de seus rostos mais enigmáticos. Björn Andrésen, o ator sueco eternizado como o “garoto mais belo do mundo”, faleceu no último sábado (25), aos 70 anos, em Estocolmo.
A notícia foi confirmada pela agência AFP e repercutida por veículos como The Guardian e El País.
De mito a mortal
Björn Johan Andrésen nasceu em 26 de janeiro de 1955, em Estocolmo, e tinha apenas 15 anos quando foi lançado à fama no clássico “Morte em Veneza” (Death in Venice, 1971), dirigido por Luchino Visconti.
Na pele do jovem Tadzio — o símbolo etéreo da beleza inalcançável — ele se tornou uma lenda instantânea. O próprio Visconti o apresentou ao mundo como “o menino mais belo do planeta”, uma frase que marcaria (e assombraria) sua vida para sempre.

Porém, o que parecia um conto de fadas cinematográfico logo se revelou um fardo, pois Andrésen passou anos lidando com a fama precoce e a objetificação. Por isso, ele mesmo revisitou com brutal honestidade esse tema no documentário “The Most Beautiful Boy in the World” (2021)
Uma carreira de altos, baixos e renascimentos
Depois do estouro nos anos 1970, Björn manteve uma carreira discreta no cinema europeu, entre papéis na Suécia, França e Japão.
Ele ressurgiu para o público geek e cinéfilo mais jovem ao aparecer em “Midsommar” (2019), de Ari Aster — um retorno simbólico às suas origens: o horror da beleza e o mistério do olhar.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão:
- A Love Story (1970) – estreia no cinema sueco.
- Death in Venice (1971) – o papel que o eternizou.
- Midsommar (2019) – o reencontro com o cinema cult moderno.
- The Most Beautiful Boy in the World (2021) – documentário sobre sua trajetória e as cicatrizes da fama precoce.
Do cinema à cultura otaku
Além disso, a influência de Björn Andrésen ultrapassou as fronteiras do cinema europeu. Seu rosto angelical e melancólico inspirou artistas japoneses, que encontraram em sua aparência o arquétipo do “bishōnen” — o “belo jovem” andrógino que se tornaria um dos pilares visuais do anime e mangá.
Personagens como Howl (O Castelo Animado, de Hayao Miyazaki), Griffith (Berserk), Ash Lynx (Banana Fish) e até o clássico Oscar François (A Rosa de Versalhes) carregam traços que remetem à estética criada em torno de Andrésen após Morte em Veneza.
Portanto, em entrevistas, artistas japoneses chegaram a citar diretamente o ator como uma das referências da chamada “era dourada do bishōnen”, nos anos 70 — quando beleza e tragédia começaram a se misturar nas narrativas visuais do Japão.
Um ícone cult que atravessou gerações
Ademais, Andrésen era mais que um rosto bonito: era um símbolo de como a cultura pode elevar e engolir alguém ao mesmo tempo.
Sua imagem inspirou filmes, músicas, ilustrações e personagens — uma verdadeira mitologia visual que transita entre o cinema de autor e o imaginário nerd.
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