A Plague Tale: Requiem brilha emocionalmente e narrativamente com uma jornada fora de série.
Desenvolvido por: Asobo Studio |
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Publicado por: Focus Entertainment |
Gênero: Aventura |
Série: A Plague Tale |
Lançamento: 18 de outubro de 2022 |
Classificação indicativa: 18 anos |
Modos: Single-player |
Disponível para: PlayStation 5, Xbox Series e PC |
Não mais “Innocence”
Os irmãos Amicia e Hugo foram apresentados pela primeira vez, no ano de 2019, em A Plague Tale: Innocence, a única obra — até então — da Asobo Studio. Depois de três anos, aprendendo com seus erros e acertos do passado, a dupla retorna criando uma conexão ainda mais forte durante uma jornada narrativa emocional da família De Rune.
Em A Plague Tale: Requiem, você irá perceber nitidamente não apenas o crescimento de ambos, mas também da boa variedade de cenários fugindo da repetição retratada em Innocence. A Inquisição Francesa, que se seguiu à Prima Macula, se retira e entra novas ameaças locais, personagens que confundem a religião com ciência e muitos outros fatores ou ações que impactam diretamente nos seus sentimentos.
Será que essa aventura realmente vale a pena?
É hora da leitura!
A cura
Fragilizados pelos horrores vivenciados no passado, Amicia, Hugo, Beatrice e Lucas embarcam em uma jornada rumo à região de Provença, no sul da França, seis meses após os acontecimentos de Innocence, em 1349. Na esperança de encontrar uma maneira de quebrar a maldição, que se espalha pelo sangue do garoto, os irmãos não são mais inocentes. Com um relacionamento incrivelmente mais forte em Requiem, os De Rune se tornam inseparáveis.
Evitando ao máximo qualquer informação de spoiler para não arruinar a sua experiência, em meio à um paraíso ilusório, a praga tragicamente continua seguindo-os e a “realidade de paz” acaba sumindo em pouquíssimo tempo. É nítido que Amicia busca a qualquer custo proteger Hugo. Sonhando com uma ilha misteriosa onde se diz haver uma cura para a Mácula, segundo as visões de Hugo, a história permite ao jogador acompanhar a jornada diante a uma chuva de acontecimentos que, em um estalar de dedos, gera diferentes emoções de maneira frenética e em questão de minutos.
Ações
Ao longo dos 17 capítulos, a preocupação de Amicia com Hugo vai atingindo um estado alarmante — caso alcance a fase crítica do último limiar.
Exploraremos áreas com uma maior flexibilidade. Áreas, por mais que, ainda assim, lineares, são em mundo semiaberto possibilitando se movimentar furtivamente ou sem nenhuma piedade. É aqui que as ações impactam diretamente nas habilidades da heroína. Separadas em três categorias, a árvore de habilidades de Amicia evolui de acordo com sua abordagem pelo cenário. A Prudência, por exemplo, está relacionada ao avançar de forma silenciosa e, se possível, não letal. Por outro lado, a Agressividade, se aplica ao mundo semiaberto sem nenhuma piedade. E, por fim, mas não menos importante, o Oportunismo, que ao maximizar o nível, pode até duplicar a quantidade de itens.
É interessante destacar também que a resolução de quebra-cabeças é outro ponto forte em Requiem. É uma ótima fuga de descontração, permitindo, assim, descomprimir as emoções que foram se acumulando ao longo do caminho para conseguir voltar a respirar — o popular termo “A calmaria antes da tempestade”.
As novidades não se tratam apenas de Amicia, mas também de Hugo. O garotinho em frente às crueldades do século XIV e o quão podre um ser humano pode ser, a raiva, tristeza e nojo se tornam combustíveis para que a Mácula continue avançando pelo seu sangue.
Tsunami de ratos
Assim, agora além de detectar a presença dos inimigos, Hugo consegue controlar os pequenos roedores a seu favor. “Pequeno” só se for em tamanho, porque em quantidade o salto prometido pelo estúdio é estupidamente sessenta vezes maior. Se em Innocence vimos 5 mil ratos, em Requiem o Tsunami de ratos chega a ser de 300 mil. NPCs foram aprimoradas. Seja inimigo ou personagem secundário, você pode pedir uma ajudinha para despistar um soldado para uma direção X, enquanto você se desloca para direção Y.
Sobre a atmosfera, é impossível separar da musicalidade. A dinâmica que Olivier Deriviere, compositor da obra, criou é como se fosse um dueto. Os acontecimentos da tela são automaticamente transcritos pelos efeitos de sonorização interpretados pelo Coro de Câmara Filarmônico da Estônia, vencedor do Grammy. É um misto de emoções com uma intensidade melancólica, violenta ou triste, por exemplo.
Conheci a forma como Deriviere explora suas trilhas sonoras em Dying Light 2: Stay Human. E, até o momento, nenhum outro compositor utiliza a música para conversar com o player. Em ambientações contra guardas, por exemplo, quando você não consegue enxerga-lo, é como se a música dissesse: “O inimigo está se aproximando!” — dessa forma, o som vai aumentando gradativamente conforme o guarda se aproxima.
Imersibilidade
Para completar a cereja do bolo à equação de sucesso, o DualSense contribui para aumentar a imersão. Contamos com uma autenticidade bem legal. Por meio da Resposta Tátil, é possível sentir o movimento das folhas, água e passos do personagem, a título de exemplo, transmitido para a palma da nossa mão. Por outro lado, o Auto-falante brilha quando Amicia utiliza a Atiradeira e o Gatilho Adaptável na Balestra.
Com mínimas quedas de frames, mesmo a 30 FPS de acordo com especialistas em aspectos de desempenho, e alguns pequenos erros de tradução — com suporte ao nosso idioma, mas apenas em texto — ainda assim, se tornou grandioso.
A Plague Tale: Requiem vale a pena?
Em meio a tantos peixes grandes, A Plague Tale: Requiem se destaca em como sua história é contada. Laços, Família, Amizade, Acontecimentos históricos como A Praga de Justiniano, Peste Negra e Guerra dos Cem Anos — retratados ficticiamente —, entre outros, aprimoram a experiência. Pra mim, a segunda obra da Asobo Studio está longe de ser indie.
A Plague Tale: Requiem brilha emocionalmente e narrativamente com uma jornada fora de série. É sem sombra de dúvidas, um dos, se não o, maior jogo narrativo deste ano.