Resgate Implacável | Confira nossa crítica

Se você é do tipo que gosta de ver Jason Statham quebrando pescoços com um olhar sério e frases curtas (mas afiadas), Resgate Implacável é exatamente o prato cheio que você pediu com gosto de soco na cara. Dirigido por David Ayer — o mesmo que entregou tensão urbana em Marcados para Morrer e tentou organizar o Esquadrão Suicida —, o filme é um retorno elegante ao básico: um herói silencioso, mas eficiente, enfrentando inimigos que subestimaram o homem errado.

Ficha Técnica
Título: Resgate Implacável
Ano de Produção: 2024
Dirigido Por: David Ayer
Estreia: 27 de Março de 2025
Duração: 116 Minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Ação, Suspense
País de Origem: Estados Unidos
Sinopse: Levon Cade (Jason Statham) é um ex-agente de operações secretas que abandonou sua perigosa profissão para viver de forma simples e trabalhar na construção civil, dedicando-se integralmente à criação de sua filha. No entanto, sua nova vida é abalada quando Jenny, a filha adolescente de seu chefe, desaparece misteriosamente.

O resgate é simples — mas não é raso

Baseado no livro Levon’s Trade, de Chuck Dixon, o roteiro, escrito pelo próprio Ayer em parceria com Sylvester Stallone (sim, o Stallone!), aposta na velha fórmula do “homem com passado sombrio tentando viver em paz”. Mas Resgate Implacável acerta onde muitos tropeçam: ele respeita esse clichê. Não tenta reinventar a roda. Ele a deixa rodar… por cima dos vilões.

Statham interpreta Levon Cade, um ex-agente de operações negras que agora se contenta com uma vida simples na construção civil, enquanto cria a filha adolescente. Tudo muda (óbvio) quando a filha do patrão desaparece — e Cade volta à ativa, um homem contra um sistema corrompido. O que se segue é uma mistura bem dosada de John Wick e Busca Implacável, só que com aquela pegada pé-no-chão e quase melancólica que só um inglês careca com expressão de impaciência pode entregar.

Ação com A maiúsculo

O que faz Resgate Implacável se destacar? Coreografias de luta viscerais, câmera próxima e suja (no bom sentido), e uma brutalidade que não glamouriza a violência, mas a mostra como ela é: crua e sem floreios. Ayer filma os combates com peso e consequência, e o diretor sabe que menos é mais. Sem pirotecnias exageradas — só punhos, facas, e uma dose certa de ira contida.

Elenco enxuto, mas funcional

Além de Statham, o elenco traz David Harbour, Michael Peña e Jason Flemyng, todos entregando personagens carismáticos e críveis, mesmo com pouco tempo de tela. Arianna Rivas, como a filha do chefe desaparecida, tem uma atuação decente, ainda que o roteiro a coloque como peça de movimentação narrativa, mais do que um personagem tridimensional.

Curiosidades que valem o ingresso:

  • O livro original é parte de uma série, e há planos reais para transformar Levon Cade no novo “herói contínuo” do cinema de ação, ao estilo Jack Reacher ou Ethan Hunt.

  • Sylvester Stallone foi quem convenceu Jason Statham a aceitar o papel, dizendo que Cade era “um Rambo com filha adolescente”.

  • As cenas de luta foram coreografadas por um time que já trabalhou em John Wick 2 e Atomic Blonde.

  • David Ayer revelou em entrevista que algumas das frases mais icônicas do personagem foram improvisadas por Statham no set.

  • O filme quase se chamou Homem de Fardo no Brasil, mas a distribuidora optou por Resgate Implacável pra pegar carona no sucesso de Busca Implacável (Liam Neeson agradece).

Veredito final

Resgate Implacável é como aquele riff de guitarra que você já ouviu antes — mas quando é bem tocado, arrepia do mesmo jeito. Statham entrega um personagem intenso, humano e crível, num filme que respeita a inteligência do fã de ação. Não espere revoluções narrativas, mas sim uma execução quase cirúrgica do que o gênero pede. E, numa época em que muitos filmes tentam ser tudo ao mesmo tempo, Resgate Implacável tem um mérito raro: ele sabe exatamente o que quer ser — e entrega com gosto.

(Com direito a bônus emocional se você curte filmes de ação raiz com alma de filme B e corpo de blockbuster.)