Banishers: Ghosts of New Eden | Confira nossa review

 

Os jogos da DON’T NOD sempre são dignos de atenção, desde Life Is Strange, Jusant até Vampyr. Desta vez, não foi diferente. Me mantive atento a cada trailer de Banishers: Ghosts of New Eden. Inicialmente, não entendia totalmente o que o jogo era: uma aventura? Um jogo focado em narrativa? Um jogo de ação? Não ficava claro, mas isso apenas aumentava minha curiosidade. Finalmente, Banishers: Ghosts of New Eden está entre nós, oferecendo uma combinação de aventura, ação e narrativa. Mas será que mantém a mesma qualidade de seus lançamentos anteriores? Confira neste review.

A tragédia

Em Banishers: Ghosts of New Eden acompanharemos a jornada de Red e Antea, conhecidos como Banishers, especialistas em caçar fantasmas, denominados espectros no jogo. Esses espectros têm o hábito de se prender aos vivos após a morte, drenando sua essência vital até deixá-los loucos. A missão dos banishers é libertar os vivos desse domínio.

Red e Antea não são apenas aluno e mestre, mas também amantes. Eles são convidados pelo amigo Charlie para a América colonial em 1695, em New Boston, uma cidade conhecida como New Eden. Ao chegarem, descobrem que Charlie foi morto pela entidade que assombra o local, uma entidade conhecida como o Pesadelo. Durante a investigação, Red é forçado a confrontar o Pesadelo, mas tudo dá terrivelmente errado quando Antea é assassinada pela entidade.

No entanto, a morte de Antea e sua missão incompleta a transformam em um espectro ligado a Red. Essa situação os coloca em um dilema complexo: enquanto Red deseja reviver Antea por meio de um ritual que consome essência vital, Antea aspira à ascensão ou ao banimento. No entanto, antes de tudo, precisam recuperar o corpo de Antea, que permanece em New Eden. Para evitar que Antea consuma a essência espiritual de Red, eles devem resolver casos ao longo de sua jornada até encontrarem o corpo de Antea.

A narrativa é bem elaborada e genuinamente cativante. Red e Antea emergem como personagens muito carismáticos, cujas personalidades contrastantes enriquecem profundamente a trama. Red, com sua natureza brincalhona, emotiva e esperançosa, oferece um contraponto a Antea, que é séria, centrada e disciplinada. Essa dinâmica entre os dois personagens acrescenta camadas de complexidade à história, tornando-a ainda mais envolvente.

Uma jornada de escolhas

Red e Antea embarcam em uma jornada para recuperar o corpo de Antea, mas logo descobrem que retornar a New Eden não será tão simples quanto imaginavam. A morte de Antea a coloca em uma posição onde ela precisa consumir essência para sobreviver. Para evitar que ela drenasse a essência vital de Red, eles devem continuar seu trabalho de banir ou ascender espectros ao longo do caminho, gerando assim essência espiritual para Antea.

A partir desse ponto, nossos objetivos durante a jornada ficam bem definidos, o que leva o jogo a criar missões principais e secundárias com base nesses objetivos. As missões secundárias envolvem ajudar as pessoas a resolverem problemas relacionados a espectros, exigindo investigação das circunstâncias, motivações e coleta de pistas para confrontar os envolvidos (tanto vivos quanto mortos). As missões principais seguem um padrão semelhante, mas os casos costumam ser mais amplos e complexos do que os das missões secundárias. Em ambos os casos, a narrativa e os personagens se destacam, tornando cada caso mais interessante do que o anterior.

No encerramento do caso, nós seremos colocados como juízes, com três opções distintas, dependendo da motivação do jogador. Podemos culpar a pessoa viva e puni-la por seus atos, o que resultaria em sua morte e na liberação de essência vital, contribuindo assim para o ritual de reviver Antea. Ou podemos optar por ascender ou banir o espectro, liberando essência espiritual para Antea se manter como espectro e evitar consumir Red até que recuperem seu corpo para sua ascenção.

Essas escolhas constituem uma parte essencial do jogo e de sua trama. A dinâmica das relações e conversas entre Antea e Red varia consideravelmente dependendo de como o jogador lida com cada caso, desde os secundários até os principais. Isso aproxima o jogador dos personagens e das situações enfrentadas. Devo admitir que em vários momentos me vi refletindo por longos minutos até chegar a uma conclusão sob qual escolha tomar, pois muitas delas não são fáceis.

Uma jornada de confrontos

Banishers: Ghosts of New Eden segue um ciclo de jogabilidade bastante familiar, envolvendo exploração, interações com NPCs e combate. Em certos aspectos, assemelha-se a uma mistura entre The Witcher 3 e God of War (2018), o que, teoricamente, parece uma combinação excelente, porém possui suas falhas.

Durante nossa jornada de exploração, atravessaremos uma variedade de ambientes, desde minas sombrias até florestas, vales e montanhas mergulhadas em neve. Essa variedade de cenários proporciona uma ideia envolvente de um mundo vivo e complementando essa experiência, os gráficos excelentes elevam ainda mais o encanto visual de nossa jornada.

No aspecto do combate, os primeiros defeitos do jogo começam a surgir. O sistema de combate se mostra desajeitado e carente de impacto, dando uma sensação inicial desagradável. A medida que avançamos, novas ferramentas de combate são introduzidas na tentativa de mitigar os problemas iniciais, porém, o jogo apresenta uma quantidade excessiva de arenas de combate com uma variedade muito limitada de inimigos, agravando ainda mais o fraco combate do jogo.

O jogo apresenta algumas batalhas contra chefes ao longo da jornada, porém, infelizmente, o combate limitado e as poucas lutas contra chefes não ajudam na experiência. Acredito que o sistema de combate poderia ter sido mais elaborado e refinado para justificar tanto a frequência do combate quanto a falta de variedade de inimigos encontrados.

Uma jornada de desenvolvimento

Para tentar remediar o problema do combate subdesenvolvido, o jogo incorpora uma variedade de sistemas de RPG familiares. Os jogadores têm à disposição um arsenal de equipamentos para Red, bem como uma árvore de habilidades que abrange tanto as habilidades de combate de Red quanto as de Antea. Essa árvore oferece uma gama diversificada de bônus e técnicas únicas, adicionando profundidade e estratégia à jogabilidade.

A mecânica de equipamentos no jogo é bem decente. Desde as armas que Red pode empunhar até os acessórios, existe uma grande diversidade de opções disponíveis. Cada item proporciona melhorias nos atributos e uma variedade de efeitos passivos. A capacidade de aprimorar todos os itens com recursos encontrados durante a jornada permite aos jogadores criar combinações que se alinham perfeitamente com seu estilo de jogo, acrescentando uma camada adicional de personalização à experiência.

À medida que vencemos combates e cumprimos missões, acumulamos experiência e, por consequência, ganhamos níveis e pontos de habilidade para investir em nossa árvore de habilidades. Essa árvore é dividida em diversas categorias, e à medida que progredimos na jornada, novas categorias são desbloqueadas. Embora existam poucas habilidades ativas, a maioria consiste em efeitos passivos que complementam e fortalecem suas habilidades de combate.

Visuais e perfomance

É fundamental destacar que Banishers: Ghosts of New Eden é um jogo deslumbrante, com um investimento de desenvolvimento categorizado na indústria dos games como Double A ou “AA”. Isso significa que seu desenvolvimento não recebe o mesmo nível de investimento que lançamentos de destaque como The Witcher 3 e God of War (2018). No entanto, mesmo com recursos limitados, a DON’T NOD conseguiu entregar visuais impressionantes, ambientações belíssimas e expressões faciais detalhadas para os personagens Red e Antea.

No entanto, tudo isso teve um custo, e esse custo reflete na otimização do jogo. Joguei no PlayStation 5 utilizando o modo performance, que teoricamente deveria garantir uma experiência de jogo de 60fps. No entanto, isso não acontece de forma consistente. O jogo apresenta quedas significativas de quadros por segundo ao entrar em novas áreas e durante o combate. O impacto dessas quedas na fluidez da jogabilidade é bastante perceptível e fere a experiência.

Banishers: Ghosts of New Eden: Vale a Pena?

Sim e não. Vamos analisar: do ponto de vista da narrativa e da jornada, essa experiência foi extremamente positiva. As situações apresentadas ao jogador são bem diversas, com dilemas morais complexos surgindo de diversas escolhas ao longo do jogo. Essa variedade, somada ao carisma dos personagens Red e Antea, contribui para uma narrativa emocionante e envolvente.

Na parte do combate, a falta de desenvolvimento não consegue justificar a quantidade de confrontos apresentados no jogo. Além disso, a escassez de variedade de inimigos e o número limitado de batalhas contra chefes são fatores que prejudicam a experiência como um todo, principalmente somado a má perfomance do jogo.

Banishers: Ghosts Of New Eden é produzido pela DON’T NOD e publicado pela FOCUS entertainment e chegou em 13 de fevereiro para Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC.