Convidado para ministrar uma masterclass no BFI London Film Festival, o cineasta Martin Scorsese relembrou um período difícil de sua carreira, quando acabava de realizar uma das obras-primas do cinema americano.
Voltando a 1976, ano de lançamento de Taxi Driver , coroado com a Palma de Ouro em Cannes no Festival de Cinema de Cannes, Martin Scorsese disse que ficou muito deprimido depois de filmar seu filme com Robert De Niro . Em questão ? Um conflito muito tenso com os estúdios da Columbia Pictures. Na verdade, Taxi Driver recebeu originalmente uma classificação X, dada a natureza violenta do filme e especialmente o seu clímax ultra-sangrento . Impossível aos estúdios distribuí-lo desta forma, o que obriga Scorsese a fazer cortes nesta sequência e uma nova edição.
O filme foi muito, muito, muito mal recebido pelos estúdios. O problema era que tínhamos classificação X e, naquela época, isso significava matar o filme. (…) A United Artists me disse “diga à Columbia que vamos comprar de você, diga a eles que compraremos com essa classificação X e vamos lançar”. Mas ao mesmo tempo os estúdios não me ouviram e quase me expulsaram da sala de edição dizendo: ou você volta para a classificação R, ou a gente faz.” (…) Tive que cortar um pouco violência no final, mas não todos.
Por fim, ao limitar os cortes e principalmente mexendo nas cores para que o sangue fique menos vermelho – critério determinante para a classificação da MPAA – Martin Scorsese obtém classificação R para o filme . Mas a provação foi difícil e ele então perdeu o rumo.
O filme ficou comigo e foram cerca de dois anos e meio vagando sobre o que eu faria a seguir, para onde iria. Tentei com Nova York, Nova York, tentei coisas diferentes, mas não sabia onde estava indo criativamente, e isso me deprimiu muito, quase me perdi completamente.
E como sua filmografia confirma, ele felizmente não se perdeu e acertou as contas com Touro Indomável, outro filme que está entre os seus maiores.
