Assassin’s Creed Mirage traz o melhor do parkour e furtividade sob uma jogabilidade mais atual.
Desenvolvido por: Ubisoft Bordeaux |
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Publicado por: Ubisoft |
Gênero: Ação e Aventura, Furtividade |
Série: Assassin’s Creed |
Lançamento: 5 de outubro de 2023 |
Classificação indicativa: 16 anos |
Modos: 1 jogador |
Disponível para: PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC, via Ubisoft Store e Epic Games Store |
Assassin’s Creed Mirage é aquele jogo em que eu definitivamente não me apaixonei à primeira vista, pelo contrário, poderia fazer uma lista gigante de problemas encontrados devido a minha resistência para encarar essa nova abordagem da Ubisoft e até mesmo em me sujeitar a jogar com o Basim. Mas, aos poucos, fui me permitindo abraçar a ideia e acabei me divertindo e sendo conquistada pelo conjunto da obra.
O Prólogo
O início pode ser revoltante para alguns jogadores, pelo menos foi para mim, principalmente por ter achado o prólogo feio e com acontecimentos irritantes. Fiquei realmente transtornada com os momentos iniciais, afinal, jogar com um vilão pode ser desconcertante. Eu não tinha simpatia alguma pelo Basim e me senti presa a um personagem pelo qual eu não me importava. Olhava para aquele cenário que o acolhia e achava tudo sem vida. Fiquei com raiva até da Roshan – mentora de Basim – por ousar treiná-lo para a ordem dos Ocultos. O que você vê nesse cara?
Entretanto a narrativa é bem construída e não demora muito para trocarmos qualquer desprezo pelo personagem por curiosidade, já que Basim é transtornado por visões aterrorizantes e juntos vamos querer encontrar respostas para entender o que está acontecendo. Da mesma forma que Assassin’s Creed Mirage busca mostrar a evolução de um ladino das ruas em um mestre assassino, o jogador também acaba por ter as suas opiniões sobre ele transformadas ao longo da aventura.
O melhor do parkour
Quando chegamos à Bagdá e finalmente iniciamos pra valer nossa história, o jogador já vê a cidade com outros olhos. Foi tudo construído para favorecer o parkour, e é inegável o quanto é divertido escalar e pular sobre os prédios com tudo se encaixando para permitir uma ampla locomoção pelos telhados. Não é só divertido, mas também muito bonito, pois no meio da correria, a iluminação muda com o decorrer do passar do dia e existe toda uma paisagem viva atrás servindo de moldura.
Andar a pé ou correr pelas ruas pode ser muito mais desafiador com alguém em seu encalço, por mais que exista andaimes a serem derrubados ou sacos de pó para distraí-los, é evidente que o jogo te induz a utilizar o parkour na parte superior da cidade.
Fazendo história
É impressionante a criatividade e o talento com o qual recriaram a capital iraquiana do século IX, mesmo porque quase não existe nada para se basearem, foi tudo feito com base em relatos de viajantes medievais, descobertas arqueológicas de cidades vizinhas, um livro sobre o Califado Abássida e algumas poucas construções remanescentes. Foi algo feito do zero com a ajuda de especialista e que nos permitiu uma experiência única de visitar uma das grandes potências da época.
No jogo existem quatro distritos (cultural, industrial, comercial e a sede do poder) e cada um possui características próprias, seja no figurino de seus habitantes como na própria arquitetura.
Exploração
Além das grandes cidades com edifícios encostados um nos outros, Bagdá também conta com alguns cenários desérticos onde podemos utilizar nosso camelo para lidar com distâncias maiores. Muitos rios também permitem o uso de jangadas para seguirmos viagem.
Os pontos altos para desbloquear o mapa e servirem de viagem rápida se fazem presentes mais uma vez e garantem belos saltos de fé. No entanto o mapa não é tão informativo quanto gostaríamos e necessita que aumentemos o zoom para poder encontrar alguns objetivos que ficam ocultos numa visão mais panorâmica.
Já os objetivos são definidos por uma mesa de investigação que não só define os próximos passos, mas garante um entendimento mais abrangente de tudo o que aconteceu e onde vamos chegar. A mesa não conta apenas com os objetivos principais da história, mas também missões e atividades secundárias que podem ser rastreadas.
Um habitante de Bagdá
Alfaiates e ferreiros farão parte do seu cotidiano, e para contar com seus serviços você precisará de diagramas escondidos em alguns baús, além de material para confeccionar ou melhorar armas e trajes.
Vendedores exigirão dinheiro que pode ser obtido ao vasculhar o cenário ou roubar alguns habitantes locais, esses últimos também podem possuir objetos que podem ser vendidos ou fichas de favores dos mais diversos tipos.
As fichas de favores são como uma amostra de credibilidade que podem ser utilizadas para contratar músicos, mercenários ou um grupo de pessoas para passar despercebido de um ponto a outro. Existem diferentes fichas, com diferentes propósitos, se o jogador encontrar uma ficha de erudita, poderá usá-la para desfazer sua notoriedade – pondo fim a perseguição dos soldados e desespero dos habitantes – ao invés de arrancar cartazes por aí com a sua caricatura.
Os ocultos possuem algumas bases distribuídas pelos mapas que permitem ao jogador aceitar missões extras, como também melhorar suas ferramentas, que vão sendo liberadas em um dos três conjuntos da árvore de habilidades. Contamos com facas arremessáveis, dardos tranquilizantes, armadilhas venenosas, bombas de fumaça e um criador de ruído.
Podemos tudo
Assassin’s Creed Mirage coloca todas as suas apostas na furtividade e garante uma ótima experiência ao nos esgueirarmos pelas sombras em prol de nossos objetivos. Existem muitos caminhos a serem escolhidos, diversas ferramentas ao seu dispor que vão sendo desbloqueadas e uma águia que permite realizarmos o reconhecimento do local.
As missões variam entre: obter informações ao investigar documentos, escutar conversas ou falar com alguém; roubar ou localizar algum objeto ou pessoa, e obviamente, matar determinados alvos. Porém a estratégia que você usa para realizar o feito ou descobrir como agir faz parte da diversão.
Se mandam você matar alguém dentro de uma mansão fortificada com soldados, seu primeiro passo pode ser utilizar sua águia para marcar a posição dos inimigos no mapa ou ainda achar uma entrada secreta. Porém você também pode meter dardos soníferos nos guardas no portão e se esconder em um arbusto para decidir seu próximo passo. As opções são vastas e sentimos que podemos tudo, mas apenas na furtividade.
Melhor se manter nas sombras
Você vai evitar confrontos diretos, pois Basim infelizmente não é um exímio guerreiro e a mecânica utilizada parece querer nosso mal. Nosso protagonista tem uma estratégia mais defensiva e, portanto, ao invés de amassarmos o botão de ataque, devemos é aguardar o momento correto para esquivar ou defender para então contra-atacar. O problema, é que nem sempre funciona.
A janela para realizar a defesa parece desbalanceada e quando nos vemos com diversos inimigos na tela, ter habilidade pode não ser suficiente. Para contornar o problema eu arremessava bombas de fumaça para poder aniquilá-los naquele curto espaço de tempo ou então sem ser percebida, utilizava o ataque especial no qual somos capazes de marcar vários inimigos e matá-los sucessivamente.
Quanto aos inimigos, são em sua maioria soldados com uma ou duas espadas, arqueiros, e alguns brutamontes com armadura que exigem ser dominados pelas costas.
Aspectos técnicos
Assassin’s Creed Mirage pode ser jogado no modo de qualidade (4K) ou desempenho (60 FPS), mas não senti muita diferença entre eles, além de uma pequena fluidez na taxa de quadros. Os gráficos no geral parecem inferiores ao que vimos em Assassin’s Creed Valhalla e o mesmo pode ser dito das feições, expressões faciais e sincronia de dublagem que estão mais pobres do que estamos acostumados.
A trilha sonora agrada com algumas faixas que devem se tornar memoráveis, pois é gostoso de ouvir as melodias que dominam os ambientes de Bagdá e também parar para escutar um músico na rua que pagamos para distrair os guardas. Entretanto, a dublagem em PT-BR apesar de não deixar a desejar, também não traz nenhum destaque.
Os carregamentos são rápidos, e o jogo funcionou bem, com poucas anomalias ligadas a objetos sólidos sendo atravessados. E de resto, as funções do DualSense não foram utilizadas, o que é uma grande pena, já que The Crew Motorfest soube as usar tão bem.
Assassin’s Creed Mirage: Vale a pena?
Considerando que Assassin’s Creed Mirage era realmente pra ser um jogo de menor escopo que inclusive refletiu no desconto no seu preço de lançamento, ele é sim uma boa compra e vale a pena. Focado numa campanha narrativa com menos objetivos e atividades secundárias, sua campanha deve durar em torno de umas 10 a 15 horas e sua platina algo em torno do dobro do tempo.
Assassin’s Creed Mirage consegue trazer o melhor dos jogos clássicos com a volta do parkour e furtividade sob uma jogabilidade mais atual, então é quase certo que se você é um fã dos clássicos vai amar e se não for, mas tem carinho pela série, vai acabar se deixando levar. No entanto, ele não traz uma contraparte eficiente para aqueles que preferem um combate mais direto e parece realmente existir uma queda perceptível na qualidade visual, principalmente em relação aos seus personagens principais.
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Continue lendo aqui.