Starfield | Confira nossa review

Starfield

É um RPG clássico da Bethesda, sem tirar nem por.

Starfield
Ficha Técnica
Desenvolvido por: Bethesda Game Studios
Publicado por: Bethesda Softworks LLC
Gênero: RPG
Série: Starfield
Lançamento: 6 de setembro de 2023
Classificação indicativa: 16 anos
Modos: 1 jogador
Disponível para: Xbox Series X, Xbox Series S e PC

 

É, para ser sincero, eu não sei nem por onde começar. Do começo então, Starfield, é a primeira nova IP da Bethesda, estúdios dos premiados Skyrim e Fallout 4, em 25 anos. Anunciado em 2018, Starfield teve um desenvolvimento no mínimo maluco. O objetivo de criar um grande RPG espacial sempre esteve na mente de Todd Howard, diretor do jogo, desde que ele iniciou sua jornada como desenvolvedor na Bethesda.

Após seu anúncio, muita pressão caiu em cima do estúdio por conta das expectativas não atingidas com seu último lançamento, Fallout 76. O que muitos não sabem, porém, é que Starfield já estava sendo desenvolvido em paralelo com ele, tendo como objetivo atingir um nível revolucionário para os RPGs.

Já não bastasse as altas expectativas levantadas em Starfield, aconteceu também uma pequena surpresa, quando em 2020, a Microsoft anunciou o plano de adquirir a Bethesda e todos o conglomerado da ZeniMax Media por uma bagatela que no final atingiu cerca de 8 Bilhões de Dólares! Com isso, Starfield se tornou um exclusivo de Xbox, o que subiu mais as expectativas já extremamente altas.

Starfield

Então, após 2 adiamentos para polir o jogo, trabalho realizado por toda a equipe da Bethesda em parceira com os estúdios de assistência e controle de qualidade da Microsoft, Starfield é finalmente lançado. E quem diria, é um grande jogo, mas talvez, não seja o grande jogo que todos queiram jogar.

Explorar e conquistar!

Sendo direto em retirar o elefante branco da sala, a exploração de Starfield é interessante e impressionante, sendo também um tanto decepcionante para os que esperavam algo que o jogo nunca se propôs a ser, um jogo de exploração espacial. Durante os eventos que mostraram Starfield de maneira mais aprofundada, a Bethesda foi honesta em como a exploração do jogo funcionaria, ao mesmo tempo, pode se dizer que ela talvez não tenha sido clara o suficiente nesse quesito.

A exploração de Starfield funciona por meio de uma mescla, entre conteúdo produzido a mão, vivo, bem trabalhado, complexo, sendo um dos, se não o melhor trabalho de criação de ambientes do estúdio até então, e uma grande quantidade de terrenos gerados de maneira procedural, sendo repetitivos e muitas vezes desinteressantes, embora, muito bonitos.

Dentro dos mais de 1000 planetas, luas, bases e cidades que você pode explorar, é gerada uma área procedural ao redor do ponto onde sua nave pousa. As áreas geradas são grandes, porém, tem limite, que normalmente varia de uma distância de 10 a 40 minutos andando em linha reta para ser atingido, também são repletas de recursos para coletar que podem ou não estar no planeta ou lua em questão. Fora isso, cerca de 10% dos planetas têm vida, sendo repleta de animais estranhos, que podem ou não se agressivos, e plantas, sendo estes também, os planetas com a maior quantidade de conteúdo.

Starfield

Após gerar a “área de pouso” o jogo insere elementos feitos a mão, como bases, missões, recursos etc., que podem ser explorados e escaneados pelo jogador, ou, simplesmente ignorados. Dito isso, apesar de suas limitações, que muitas vezes ficam escancaradas pela enorme quantidade de telas de loading, que embora rápidas sendo de 2 ou 3 segundos, podem sim incomodar, Starfield é um dos jogos em que eu tive a melhor experiência de exploração até então.

A sensação de constante progresso, onde eu exploro, enfrento inimigos, escaneio recursos, coleto materiais, e saio do planeta para outro e então repetir o processo, pousando as vezes em vários pontos do mesmo planeta, foi para mim extremamente interessante. Como já dito, Starfield não se propõe em ser um jogo de exploração espacial, e sim um RPG, sendo assim, o objetivo do que Starfield se propõe a fazer se difere de jogos como No Man’s Sky, onde o foco é a exploração.

Diferente de outros jogos do gênero, eu nunca senti um momento em que não tinha nada para fazer em Starfield. Sempre tem uma missão, um ponto de interesse, um recurso, um coletável, e esses pequenos momentos, de mini objetivos que aparecem de maneira extremamente natural durante a jornada, me fizeram ficar horas vidrado em Starfield. Apesar das constantes telas de carregamento, sempre fui recompensado por elas com ambientes belos, sendo os internos muito bem construídos e cheios de coisas para se interagir, portas para invadir, inimigos para batalhar etc. Basicamente, a melhor parte da experiência para mim, foi quando eu simplesmente esquecia do que tinha que fazer, e começava a andar, sem rumo, pelo espaço.

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Porém, isso não é nem de longe uma regra. Sendo assim, não é estranho alguém não se sentir imerso na proposta de exploração de Starfield, que muitas vezes envolvem uma grande quantidade de telas de loading, viagens rápidas e menus, muitos menus! Starfield é grande e para alguns, pode ser grande demais.

Tudo em um!

Após falar da exploração, o elemento da gameplay com certeza é o mais importante, e bom, agora sim eu não faço ideia de por onde começar! Starfield tem mais jogos dentro dele do que eu estou acostumado a ver. Seja o combate em primeira ou terceira pessoa, a criação e pilotagem de naves, criação e gerenciamento de bases, isso sem contar as variadas formas de se jogar graças a grande variedade de possibilidades e armas que o jogo entrega! Fora isso, o jogo também tem uma ampla árvore de habilidades, onde o jogador distribui os pontos baseado nas suas ações durante a gameplay.

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Normalmente, esse é o momento em que eu diria que o jogo seria como um pato, anda, nada, voa, faz de tudo um pouco, mas não é excepcional em nada, mas não, de maneira até surpreendente para mim, Starfield é bem descente em tudo que se propõe, o que não o isenta de defeitos, mas agrada, muito!

O combate de Starfield é uma suave evolução do que vimos em Fallout 4, sendo de ação com foco no uso de armas, mas que também permite o uso de corpo a corpo. Dentro desse âmbito, Starfield apresenta uma grande variedade, tanto pela grande quantidade de armas e seus tipos, sendo de balas ou lazer, quanto pela grande variedade de formas com a qual o jogador pode abordar, focado em ação, corpo a corpo, stealth, sniper, etc. Essa grande variedade, porém, é muito afetada pela IA dos inimigos, que muitas vezes vai de 8 à 80.

Starfield

Muitas vezes os inimigos se posicionam, cercam o jogador e acertam tiros absurdamente precisos mesmo na dificuldade normal, porém na mesma quantidade de movimentos inteligentes, tem também momentos burros, as vezes hilários, de inimigos correndo contra a parede ou se batendo um no outro sem querer, o que faz rir, sim, mas ainda é uma falha. Com isso, é muito difícil ter situações em Starfield onde a IA seja a causa da dificuldade, sendo que normalmente ela fica mais acentuada por meio do ambiente, dos animais agressivos e da grande quantidade de inimigos em bases maiores quando eles ficam muito mais agressivos.

Saindo da parte direta do jogador, as naves são com certeza um ponto onde o jogo brilha! De início, o jogador já tem acesso a uma nave, e a pilotagem dela pode ser um tanto desafiadora, existe muito para se controlar, desde a força dos motores, armas, escudos, até a velocidade da mesma, que interfere diretamente no quão rápido você pode virar ou mirar, tendo até mecânicas de turbo e giro, sendo extremamente importantes para se desviar de projeteis em meio a combates espaciais. Combates esses que podem ser extremamente intensos, necessitando de uma boa habilidade de pilotagem e controle de energia nos diferentes pontos da nave.

A customização também é impressionante, permitindo o jogador criar desde naves pequenas e estilosas até impressionantes bases espaciais móveis cheias de armas e escudos. A montagem de naves requer um estudo próprio, o que significa que caso não saiba o que está fazendo você pode literalmente deixar sua linda primeira nave uma porcaria. O balanceamento de armas, motores, compartimentos de carga, tripulação etc. são de extrema importância.

Starfield

A criação de bases, ou como o jogo chama, entrepostos, também compartilha de alta complexidade, podendo servir como um extrator de recursos dos planetas ou simplesmente como uma casa. Dito isso, o jogador também pode comprar ou ganhar várias casas no jogo e pode deixar os companheiros trabalhando em suas bases ou em nas naves, para auxiliar deixando alguns processos automáticos e ativando alguns pontos de habilidade, que mudam de personagem para personagem.

Embora tenha uma grande quantidade de coisas para aprender, pontos em que eu admito, não cheguei nem perto de me especializar, é inegável que Starfield entrega uma grande variedade de conteúdo, e mesmo com seus defeitos, não deixa de ser extremamente satisfatório! É muita coisa para fazer, e o melhor, é que caso não tenha gostado de algo, em grande parte, você pode ignorar, como o sistema de naves e bases que pode ser totalmente ignorado, assim como a exploração e coleta de recursos. Novamente, é muita coisa para fazer, se você quiser fazer.

Histórias, contos e personagens!

Sendo sincero, a história principal dos jogos da Bethesda, até mesmo de Skyrim, nunca chegou a ser grande coisa, embora não fosse necessariamente ruim, a grande parte das boas histórias dos jogos estavam nas missões secundárias. Em Starfield, a situação mudou! A missão principal de Starfield é simplesmente ótima, sendo extremamente interessante para mim e com boas reviravoltas que realmente me pegaram de surpresa!

Além disso, as secundárias em grande parte também mantêm o nível de qualidade Bethesda. Claro, existem muitas atividades repetitivas como em qualquer RPG, porém, há uma grande gama de missões aprofundadas e variadas, além de diversas oportunidades de se aliar a facções até mesmo como infiltrado!

Os personagens, que muitas vezes funcionam como companheiros de jornada e/ou trabalhadores nas instalações do jogador também me agradaram muito, sendo memoráveis e muito bem inseridos na história, que por sua vez, como sempre, é muito baseada em escolhas e diálogos que realmente podem mudar o rumo da aventura! E essas decisões ocorrem desde o início do jogo na personalização de personagem, que apresenta uma grande variedade de possibilidades.

Starfield

Vale ressaltar, porém, que a modelagem dos personagens que não são os principais, como os NPCs que pedem missões secundárias ou andam nas ruas das cidades, são bem abaixo da qualidade que vemos nos personagens principais, e as vezes, até os principais possuem uma movimentação facial defasada, o que tira o impacto de algumas das cenas principais da história de Starfield.

A trilha sonora vinga?

Sim. É absurdamente perfeita. Não tem o que analisar aqui, pode descer para o próximo tópico.

O som se propaga nas TVs de tubo!

Já não bastasse a incrível trilha sonora de Starfield, toda a sonoplastia é absolutamente incrível. Os passos, sons das armas, sons de interface e de longe o que mais brilha, a sonoplastia da nave e dos combates espaciais. É tudo muito limpo, bonito, casando-se bem os momentos seja de combate, exploração ou o que for.

Starfield

A sonoplastia de Starfield, jogo com seu estilo de arte NASA-Punk resultam em uma experiência extremamente linda, equilibrada e crível. As interfaces não são sempre perfeitas, principalmente nos inventários onde podem confundir um jogador iniciante, porém, são todas lindíssimas, desde os menus até as telas de lockpick e hud de escaneamento. Tudo é muito bonito e satisfatório de ver e ouvir, o que acaba compensando a ineficácia em se navegar, que as vezes, pode acontecer.

Starfield

Naves com cara de foguete, armaduras que mais parecem trajes de astronauta, telas de tubo, fontes de baixa resolução. A arte de Starfield me levou a uma realidade onde o futuro chegou a muito tempo. É uma mescla estranha, porém, simplesmente linda. Mescla essa que de muitas maneiras, conversa perfeitamente com o visual e a iluminação do espaço e dos planetas. Para entusiastas espaciais, Starfield certamente renderá bons papeis de parede!

Desempenho bruto.

A Bethesda tem uma relação complicada com Bugs e desempenho dos seus jogos, mas olha só, não é que o adiamento valeu a pena? Sim, ainda existem bugs, alguns do que tive durante minhas horas com o jogo foram consertados no patch mais recente, patch esse que também trouxe uma melhoria na performance geral do jogo.

De cara, o que posso dizer é que o desempenho no console agrada, mas não impressiona. O limite de 30 FPS, embora possa ser meio justificado pela enorme quantidade de físicas e cálculos feitos pela engine da Bethesda, funciona, mas não deixa de incomodar. A CE 2.0 engine usada pela Bethesda, demonstra uma grande quantidade de física em tela, e lida com o tipo de jogo que o estúdio faz da melhor maneira possível, ainda assim é possível notar suas limitações em algumas texturas e modelos, que tem a qualidade reduzida em prol do desempenho.

Para muitos, o desempenho de Starfield não vai incomodar, o jogo é bonito, grande, tem uma bela iluminação e a taxa de quadros se manteve extremamente estável nas minhas horas de jogo antes e depois das últimas atualizações. Porém para mim, com certeza faz falta um modo de jogo, que pelo menos pudesse oferecer a taxa de quadros liberada variando como uma opção.

No PC, porém, a situação é mais complicada, tendo alguns problemas de desempenho. De uma maneira interessante, Starfield é extremamente fácil de ser jogado no PC até 30 FPS, porém para atingir os 60 FPS, as máquinas necessárias são extremamente mais caras e mais poderosas, o que deixa claro que de fato, os 30 FPS foram o foco da otimização de Starfield.

Um erro banal, mas vital.

Após uma longa seção de elogios, chegou o momento de falar do principal defeito que envolve toda a produção de Starfield, e no que eu acredito que seja a forma de resolver esses problemas. Basicamente, Starfield, assim como qualquer jogo, tem suas limitações. Seja pela grande escala como pelas limitações da engine, que sim, lida muito bem com os ambientes menores, mas não tão bem com ambientes grandes e com muitos do NPCs. Porém muitas vezes o jogo falha em mascarar as suas limitações, ponto este em que muitos jogos acertam.

Por exemplo, se ao invés de, ao entrar numa porta o jogador se deparasse com uma tela preta de 2 segundos com loading, ele na verdade deparasse uma pequena animação do personagem abrindo a porta enquanto o loading funciona em segundo plano? Essa mudança iria mascarar muito bem a grande quantidade de telas de loading de Starfield e este é só um exemplo.

Na verdade, Starfield, apesar de novamente, ser sim um ótimo jogo, tem diversas situações em que eu pensei, “ok eu entendo essa limitação, mas porque não esconderam isso?”, sendo que muitas vezes são detalhes que podem acabar quebrando a experiência da imersão. Sendo esse o problema, qual a solução?

Mods, muitos mods. Assim como todo jogo da Bethesda, a adesão dos mods em Starfield é gigante, na verdade, os mods já são parte até mesmo da cultura da empresa, que sempre desenvolve seus jogos tendo em mente as ferramentas que a comunidade usa para modificar o seu jogo. A importância dos mods e do suporte de comunidade para os jogos da Bethesda é tanta que o estúdio faz questão de liberar mods de maneira gratuita nos consoles também, sendo eles a principal razão de jogos como Skyrim e Fallout 4 viverem por tanto tempo sendo jogados por tantas pessoas.

Dada a natureza simples de alguns problemas do jogo base, é natural prever que vários mods resolverão esses problemas, como sempre aconteceu e já está acontecendo neste exato momento na versão de PC do jogo. Se tratando da Bethesda, mods fazem uma parte importante da experiência, não à toa o suporte de mods na versão de console para Starfield já está confirmada para o início de 2024. Uma coisa é certa, em 4 anos, Starfield já será outro jogo, com features melhoradas e uma quantidade absurda de conteúdo que já está sendo adicionado pela comunidade.

Starfield: Vale a pena?

Starfield entrega uma experiência que eu quis ter por muitos anos. Ainda assim, ele tem suas claras limitações. É fácil recomendá-lo para qualquer um quer goste de RPG ou da temática espacial, mas nem tanto para quem espera uma exploração muito profunda ou um combate rápido. Starfield tem sua proposta, seu público, que atende bem, e ao mesmo tempo, não faz questão de tentar agradar o tipo de jogador que já não gosta dos jogos da Bethesda. Com certeza, Starfield viverá por muitos anos recebendo conteúdo da Bethesda e da comunidade por meio dos mods, logo, é uma recomendação certa, desde que o jogador saiba que tipo de jogo vai encontrar, um RPG clássico da Bethesda com a temática espacial, sem tirar, nem por.

 

LEMBRETE: todas as imagens do artigo foram capturadas no Xbox Series S e comprimidas por software, ou seja, não representam a qualidade real do jogo e servem somente como ilustração.