O Enigma de Outro Mundo foi lançado há 41 anos. Considerado o auge da produção de filmes de terror e ficção científica, bem como um dos maiores filmes de John Carpenter, a história de como chegou às telas é tão curiosa quanto a criatura do título.
O desenvolvimento do filme começou em meados dos anos 70, quando os produtores David Foster e Lawrence Turman quiseram adaptar a novela de ficção Who Goes There? Que havia sido adaptado em O Monstro do Ártico, de 1951. A Universal comprou os direitos de produção de Foster e Turman.
A escolha de Turman e Foster como diretor foi John Carpenter. O estúdio disse que não, pois eles já tinham Tobe Hooper sob contrato. Tobe Hooper dirigiu O Massacre da Serra Elétrica em 1974, então teve sucesso anterior em gênero horror.
O roteiro de Hooper era uma comédia de terror. Turman disse: “Teria sido um dos piores filmes já feitos.” O estúdio cedeu e escolheu Bill Lancaster como escritor e John Carpenter como diretor. Carpenter adorou O Monstro do Ártico, de Christian Nyby, e aceitou.
Alguns grandes nomes foram discutidos para interpretar o personagem principal RJ MacReady. Bill Lancaster escreveu o roteiro pensando em Harrison Ford e Clint Eastwood como Macready. E Nick Nolte e Jeff Bridges .
Carpenter voltou-se para seu amigo Kurt Russell. Eles trabalharam juntos um ano antes em Fuga de Nova York e também no filme de TV de Carpenter, Elvis. Com base nessas performances, o estúdio foi facilmente convencido a contratá-lo como MacReady.
Russell acrescentou ao personagem. Ele dava uma tragada no cigarro antes que Carpenter gritasse ‘Ação’ para tornar sua respiração mais visível. E na cena do helicóptero chegando no acampamento dos cientistas noruegueses, o piloto passou os controles para Russell. Se você observar, poderá ver o helicóptero balançar quando Russell assumir.
Havia uma história de fundo para MacReady. Ele era um ex-piloto de helicóptero do Vietnã envolvido em uma tragédia durante a guerra, que o deixou envergonhado e em desgraça. Por causa disso, ele sofre de TEPT, alcoolismo e insônia. esse fato explica sua queda por bebidas.
Thomas G. Waites interpreta o Windows, assim chamado porque usa óculos escuros praticamente o tempo todo. Waites apareceu durante os ensaios usando os óculos e disse: “Quero que todos me chamem de Windows de agora em diante”. Carpenter concordou e eles mudaram o nome.
Uma das primeiras cenas mostra MacReady jogando xadrez no computador. O computador foi dublado pela atriz Adriene Barbeau, que era a esposa de John Carpenter na época.
O cachorro do primeiro ato foi interpretado por um Cão-lobo chamado Jed. Nascido em 1977, o filme foi o primeiro filme de Jed, e ele apareceu na série Caninos Brancos.
Bill Lancaster era filho de Burt Lancaster, uma estrela de Hollywood na década de 1950. Diz-se que Lancaster se inspirou na epidemia de AIDS e também no comunismo e no macarthismo. A ideia de que qualquer um pode se tornar o inimigo – um inimigo interior.
O supervisor de efeitos especiais era Rob Bottin, de 23 anos, que trabalhou com Carpenter em A Bruma Assassina. Foi Bottin quem sugeriu que o monstro deveria ser capaz de se parecer com qualquer coisa. Carpenter disse que suas ideias eram “muito estranhas” e o fez trabalhar com Mike Ploog nos conceitos da criatura.
Bottin teve um momento estressante com a cena do desfibrilador. Durante as filmagens, Carpenter disse que queria chamas reais ao redor da cena. Como resultado, o modelo construído por Bottin pegou fogo. Demorou 4 meses para construir o primeiro e eles tiveram que construir um substituto em uma semana.
Bottin disse mais tarde que mal parou de trabalhar, o que cobrou seu preço. Ele estava trabalhando 22 horas por dia em um ponto, ficou doente e foi hospitalizado com exaustão severa, pneumonia dupla e uma úlcera hemorrágica. Ele também sofria de pesadelos com as criaturas que estava criando.
A sequência do canil foi supervisionada pela lenda dos efeitos Stan Winston. Bottin tinha acabado de trabalhar no filme de lobisomem Grito de Horror e disse: “Se eu tiver que fazer outro cão mecânico fedorento, vou enlouquecer! Eu não me importava se era mutante ou se estava em um skate. Chega de cachorros!”
O cachorro da sequência era uma marionete e o momento em que os tentáculos disparam foi feito com fotografia reversa. Para obter o som dos cachorros latindo freneticamente, o designer de som Colin Mouat colocou cães de rua em sua casa e caminhou pelo lado de fora batendo nas janelas.
A primeira escolha de compositor de Carpenter foi Jerry Goldsmith. Quando ele faleceu, o estúdio sugeriu a lenda do Spaghetti Western Ennio Morricone. Carpenter voou para Roma para encontrar Morricone, que disse: “[John] ouviu algumas peças que eu escrevi, disse ‘menos notas’ e depois saiu.”
O filme se passa no Pólo Sul, mas foi filmado em Los Angeles e na Colúmbia Britânica. Portanto, os cenários e palcos foram refrigerados a 4 graus Celsius, quando na verdade estava em torno de 40 graus lá fora. Portanto, todas as cenas em que podemos ver a respiração dos atores na tela são reais.
O título de abertura de The Thing ( No original ) é uma versão adaptada do título do original de 1951. O efeito foi feito colocando o logotipo atrás de um tanque cheio de fumaça coberto por um saco plástico. A bolsa foi incendiada, criando o efeito do título queimando na tela.
O filme começa com um cachorro sendo baleado por dois noruegueses em um helicóptero. Se você conhece o idioma norueguês, há um spoiler quando o cientista grita “Dê o fora daqui. Isso não é um cachorro, é algum tipo de coisa! Está imitando um cachorro, não é real! AFASTE-SE SEUS IDIOTAS!!”
Vemos o cachorro entrar no quarto de alguém, o que presumivelmente é como os cientistas foram infectados. Não podemos dizer de quem é o quarto porque vemos apenas uma silhueta na parede. Para manter a identidade do personagem escondida, Carpenter usou um personagem extra para projetar a sombra.
A sequência do desfibrilador é inesquecível. Para conseguir o efeito dos braços de Copper sendo arrancados, eles fizeram um amputado da vida real usar uma máscara do ator Richard Dysart. Eles sangraram seus braços amputados, e é isso que aparece no filme.
Uma das cenas mais populares é o exame de sangue. O ‘sangue saltitante’ era uma longa peça que incluía uma mão falsa. Momentos antes do sangue pular, cortamos da mão de Kurt Russell para a mão falsa e assim nos acostumamos com a mão falsa.
No final da cena, MacReady utiliza um lança-chamas. No dia seguinte, Russell apareceu coberto de bandagens e disse a Carpenter: “Fui queimado. Não consigo terminar a cena.” Carpenter ficou perturbado, mas Russell então tirou as bandagens e disse “aaaaaaahhh”
O clímax do filme mostra MacReady enfrentar a criatura em um confronto. Carpenter brincou com a ideia de usar animação em stop motion para mostrar a Coisa emergindo do solo. Carpenter criou alguns testes de stop motion e decidiu não usá-los muito.
Carpenter e Bottin optaram por um fantoche animatrônico. Foi necessária uma equipe de 50 técnicos para operar o boneco. Bottin se arrependeu depois de dizer que ficou sem tempo e poderia ter feito algo melhor.
O diretor de fotografia de Carpenter foi Dean Cundey. Eles usaram uma paleta de cores suaves e uma câmera em constante movimento para criar ótimas imagens.
As explosões no clímax foram reais e no momento em que MacReady joga a dinamite, criou-se uma explosão muito maior do que Kurt Russell esperava. Você pode ver Russell ao lado se protegendo da explosão na cena.
O final do filme foi teorizado por anos. Carpenter queria um final ambíguo e foi Kurt Russell quem teve a ideia dos dois homens se encarando naquele final.
Bill Lancaster escreveu dois finais. Um terminou com MacReady e Childs se transformando na Coisa. O outro terminou com MacReady e Childs sendo apanhados por um helicóptero de resgate e MacReady dizendo: “qual é o caminho para uma refeição quente?”
Uma teoria gira em torno da garrafa de uísque que MacReady entrega a Childs. MacReady lançou coquetéis molotov momentos antes, e dizem que esta garrafa está cheia de gasolina, não de uísque. Childs bebe e, por ser a Coisa, não consegue perceber a diferença.
E, em uma convenção de terror em 2008, perguntaram a Keith David (Childs) se ele sabia quem, no final, era a Coisa. Ele disse: “Bem, eu não sei sobre Kurt, mas com certeza não era eu.”
O Enigma de Outro Mundo foi um grande fracasso em seu lançamento em 1982. Com um orçamento de produção de $ 15 milhões, O filme arrecadou apenas $ 19,6 milhões. Os críticos também não gostaram muito do filme naquele momento.
O fracasso de do filme foi atribuído a ET, o Extraterrestre. ET foi um grande filme familiar sobre um alienígena amigável, os comentaristas disseram que o público não estava procurando pelo horrível monstro assassino que Carpenter estava vendendo.
Com o tempo, O Enigma de Outro Mundo cresceu em estatura e agora é considerado um clássico. Para finalizar, a brilhante cena do exame de sangue.
