Desenvolvido por: ILCA |
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Publicado por: Bandai Namco Entertainment |
Gênero: RPG |
Série: One Piece |
Lançamento: 12 de janeiro de 2023 |
Classificação indicativa: 12 anos |
Modos: Singleplayer |
Disponível para: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC |
A menos que você tenha estado embaixo de uma rocha nas últimas duas décadas, definitivamente você já ouviu falar em One Piece, mesmo que nunca tenha lido o mangá ou assistido a um episódio sequer do anime. A franquia protagonizada por Monkey D. Luffy e o restante do bando dos Chapéus de Palha, assim como Dragon Ball e Naruto, é uma das mais populares e lucrativas de todos os tempos. E como não poderia deixar de ser, também é uma marca infestada por inúmeros games, porém, curiosamente, ainda pouco explorada no gênero RPG. One Piece Odyssey chega para mudar esse paradigma, tratando-se de um RPG repleto de elementos únicos de aventura da saga, altamente desejado pelos fãs, em um projeto que já vinha sendo desenvolvido há muitos anos. Mas será que toda a espera valeu a pena?
Uma grande saga filler em 3D
Sabe aquelas sagas fillers em um anime em que os personagens partem de determinado ponto na história e ao fim da saga retornam ao exato ponto de origem sem afetar o desenvolvimento da história canon do mangá? Então, One Piece Odyssey pode ser considerado um grande game filler. Na história do game, durante uma tempestade, Luffy e seus companheiros Chapéus de Palha acabam parando na misteriosa Ilha Waford, perdendo seu navio, seu chapéu de palha, e a tripulação se espalhando pela ilha. Luffy então parte para reunir rapidamente a tripulação. Os Piratas do Chapéu de Palha encontram Adio Suerte, um explorador errante, e Lim, uma jovem com a habilidade de roubar as habilidades das pessoas e selá-las em um cubo. Ela devolve o chapéu de palha de Luffy e rouba as habilidades da tripulação, dispersando o cubo que as contêm em pedaços por toda a ilha. A tripulação pirata deve então encontrar suas habilidades perdidas e explorar Memoria, um mundo construído a partir de suas memórias. Isso leva a tripulação a recriações do reino de Alabasta, Water 7, Enies Lobby, Marineford e Dressrosa, onde encontram amigos e inimigos familiares. One Piece Odyssey oferece assim uma narrativa alimentada pela nostalgia, com momentos de revisitação das melhores aventuras da tripulação do Chapéu de Palha.
Minha vez de bater! Sua vez! Minha vez!
Como todo JRPG básico, o jogador assume o controle em dois momentos diferentes:
- Durante a exploração dos cenários, o overworld, em que você controla Luffy, mas em certos momentos pode alternar para os outros personagens, quando necessita do uso da habilidade de algum deles para progressão no mapa. Existem dois tipos de habilidades: habilidades de batalha e habilidades de campo. As habilidades de batalha só podem ser usadas durante o combate, enquanto que as habilidades de campo são solicitadas quando um jogador está em um ambiente que suporta/necessita daquele tipo de habilidade. Cada personagem tem suas próprias habilidades de interação: Luffy pode atravessar lacunas com seus braços elásticos de borracha, Zoro pode cortar barras de metal, Franky pode construir pontes sobre lacunas específicas e Sanji pode sentir o cheiro de ingredientes frescos a uma milha de distância.
- E como não poderia faltar, característica de um tradicional JRPG, as famosas batalhas por turnos, a principal coisa que você fará em One Piece Odyssey, com seu ar próprio de inovação, onde os desenvolvedores realmente se empenharam em como replicar as brigas extensas e confusas da franquia em um mecanismo de combate convincente o suficiente.
Existem nove personagens jogáveis, e cada um deles pode usar técnicas especiais e habilidades. Durante sua progressão no jogo, diferentes personagens o ajudarão em suas batalhas. Também existem sete personagens convidados que lutarão ao seu lado em determinados momentos. Ao iniciar o jogo, cada personagem estará no nível 40, e cada um deles terá uma vastidão de habilidades, o que pode acabar causando estranheza em um primeiro momento, começar um RPG nivelado tão alto assim. Embora tenham um aperitivo de tais habilidades, aqueles que se aventuraram com Alucard, em Castlevania: Symphony of the Night, e/ou Kratos, em God of War II e III, experimentarão uma sensação de déjà vu, ao ver as habilidades serem retiradas dos personagens, ainda durante o Prólogo, como já foi citado acima. Não muito tempo depois, porém, você recuperará partes desse poder perdido, progressivamente, incluindo habilidades de travessia.
As lutas em One Piece Odyssey são batalhas que usam um sistema pedra-papel-tesoura para determinar as vantagens e desvantagens, com quatro membros da equipe lutando ao mesmo tempo (podendo serem substituídos por membros reserva mesmo durante o combate), se revezando, onde cada membro do grupo pode enfrentar um grupo de inimigos separado, de até quatro inimigos, em sua própria parte do campo de batalha. Enquanto alguns ataques são limitados a atingir inimigos próximos, outros podem ser usados para atingir inimigos distantes. Personagens e inimigos são colocados em zonas aleatórias em relação à sua seleção de formação de batalha, permitindo que o combate seja de curto ou longo alcance, dependendo de onde eles são colocados antes da ação. Além disso, inimigos e tripulantes podem ocupar as mesmas zonas e serem movidos para diferentes zonas por meio do controle do jogador (para tripulantes) e ataques e habilidades (para inimigos). Este recurso, se utilizado estrategicamente, acaba sendo benéfico, pois você pode pré-determinar onde colocar a tripulação para cada luta, garantindo que os magos e healers tenham menos probabilidade de serem atacados, enquanto tanques e combatentes estejam na linha de frente.
Objetivos de bônus surpresa chamados Cenas Dramáticas são uma reviravolta extra. Às vezes, o jogo pedirá que você finalize um inimigo com um personagem específico ou resgate um companheiro de tripulação antes que ele seja atingido por um grande ataque carregado. A conclusão desses objetivos pode dar um grande aumento de XP e, às vezes, o sistema é usado para injetar um pouco mais de personalidade nas batalhas também, conferindo interações entre determinados personagens, conferindo bônus como Pontos de Força (PF, o equivalente em MP deste jogo) sendo totalmente recarregados.
Um mangá/anime tridimensional
One Piece é lindamente replicado em Odyssey, capturando o tom visual do anime, mas também canalizando um pouco do estilo do mangá ao renderizar sombras como linhas de sombreamento cada vez mais densas, emulando satisfatoriamente a arte de Oda, ajudando também os designs exagerados de monstros de olhos arregalados a funcionarem em 3D e se encaixarem naturalmente no restante daquele ambiente. Falando em ambientes, os mundos a serem explorados são ricos e cheios de belíssimos cenários, com cores bastante vibrantes em muitos deles. One Piece Odyssey é um dos poucos casos em que os personagens de One Piece ficam tão bem retratados em modelos 3D, o que não ocorreu em Jump Force, por exemplo, em que por serem de uma arte estilizada, não combinavam tão bem com ambientes realistas, causando um aspecto de algo irreal, por mais que não existam.
As animações de combate também são um deleite para os olhos, com cada personagem possuindo uma lista excessivamente longa de ataques que representam a maioria das técnicas até então retratadas no mangá/anime, até aquele momento. Essas animações são rápidas, limpas e repletas de nostalgia, porém, depois de repetidas execuções, podem acabar ficando repetitivas. Felizmente, há uma opção para dobrar a velocidade de todas as animações de combate.
Aspectos sonoros
A trilha sonora não entrega algo majestoso, mas também não entrega algo medíocre. Cumpre o papel. A dublagem não tinha como ser menos do que excelente, com um elenco experiente que já representa os personagens por mais de 2 décadas, aqui contando com uma quantidade considerável de linhas de diálogos, mas nem todos dublados.
Pontos negativos
Apesar de todos esses detalhes legais, One Piece Odyssey sofre de um desenvolvimento de trama um pouco arrastado, se refletindo no gameplay com excesso de backtracking, em cenários com level design não tão elaborados, apesar da rica variedade de ambientes, com vários momentos em que a livre exploração do ambiente acaba sendo limitada pela falta de determinada habilidade ou a necessidade de realizar determinada ação antes.
Não tem como considerar sendo um ponto negativo do game, pois não há obrigação de existir dublagem para outros idiomas, mas Odyssey contém apenas áudio em japonês. O ponto negativo trata-se justamente de algumas conversas incidentais, como as frases que os personagens dizem ao ganharem as batalhas, não serem traduzidas de forma alguma. Para quem não sabe japonês, acaba perdendo algo aí.
O game também carece de configurações de dificuldade, nivelando-a justamente pelo mais fácil, o que significa que as primeiras 5 a 10 horas são extremamente fáceis. Caso você jogue se atentando ao HP dos personagens, pode demorar até a primeira dezena de horas para que você veja seu primeiro personagem nocauteado, e ainda assim você conseguirá trazê-lo de volta com o simples uso de um item. A dificuldade tende a oscilar eventualmente, mas nada que chegue a oferecer um grande desafio.
One Piece Odyssey: Vale a pena?
Se você não tem familiaridade com a história, personagens, ou o restante dos elementos da lore, como saber pelo menos o que é um Fruto do Diabo, e está à procura de um ótimo RPG, talvez seja melhor investir seu tempo e diversão em outro produto. O excesso de backtracking, level design pouco criativos e limitados, e trama relativamente arrastada, pode não ser uma experiência tão agradável para quem não é familiar com a criação de Eichiro Oda. Já se você é um fã incondicional de One Piece, devorou as centenas de episódios que compõem o anime e/ou as centenas de capítulos do mangá, One Piece Odyssey é o jogo que você sempre sonhou, uma celebração da franquia, a aventura definitiva de One Piece em um videogame! É tocante poder revisitar as pessoas e lugares que compõem alguns dos arcos de história mais icônicos da série de uma forma rica e envolvente, principalmente se você passou as últimas duas décadas com Luffy e sua equipe, o que confere ainda mais brilho e charme a One Piece Odyssey.
Depois de tudo o que passamos juntos. De tudo o que eu fiz. Não pode ser em vão. Permaneça conosco.