Atividade Paranormal: Ente Próximo | Confira nossa crítica

Atividade Paranormal: Ente Próximo tenta atualizar a franquia de found footage a partir das tendências do terror atual.

Atividade Paranormal: Ente Próximo (Paranormal Activity: Next of Kin, 2021) é o sétimo exemplar da franquia, dirigido por William Eubank, de Ameaça Profunda.

Ficha Técnica
Título: Atividade Paranormal: Ente Próximo (Paranormal Activity: Next of Kin)
Ano de Produção: 2021
Dirigido Por: William Eubank
Estreia: 29 de outubro de 2021 (mundial)
Duração: 98 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Terror
País de Origem: Estados Unidos
Sinopse: Um documentarista acompanha a jovem Margot até uma comunidade Amish na esperança de conseguir informações sobre a família dela. Após uma série de acontecimentos estranhos, ela logo percebe que este povo isolado pode estar escondendo algo sinistro.

 

Desta vez, o filme deve muito mais ao “found footage formalista” que o Shyamalan fez em A Visita do que propriamente aos outros Atividade Paranormal. O que faz bastante sentido nessa ideia de repaginar a franquia, tanto no visual quanto na filiação ao terror da moda, com elementos de folk horror.

O PÓS-HORROR

Margot, uma documentarista, dirige-se a uma comunidade Amish isolada na esperança de aprender sobre sua mãe há muito perdida. Tanto na premissa, de isolar os protagonistas em um meio rural culturalmente distinto, quanto nesta ambientação, Ente Próximo lembra Midssomar, de Ari Aster. Mesmo que a encenação dos diretores seja bastante distinta, começando pelo fato de, obviamente, este ser um filme found footage, de “filmagem encontrada”.

Ainda assim, o objetivo parece ser o de atrair o público que curte o tal do pós-Horror da A24. Mesmo em como ele usa como desculpa os equipamentos de filmagem mais modernos pra criar imagens limpas e “bonitas” de filtro de Instagram. Essa é uma característica da tendência dos terrores contemporâneos: uma certa vontade de “embelezar” suas imagens. Como se, para tirar o gênero de um nicho, fosse preciso transformá-lo em algo “elevado”, vestir o terror com uma roupagem séria e “de arte”.

Tendência essa que não deixa de ser despropositada, uma vez que o gênero sempre foi um dos que apresentam maior liberdade de experimentações e uma constância de ótimos filmes ao longo dos anos. A necessidade de se apoiar numa estética austera acaba soando mais como uma amarra do que como uma consagração para o terror.

Dá para pensar este Atividade Paranormal a partir desta perspectiva de filiação à tendência atual. E em como o diretor se utiliza disso para repensar o estilo que a franquia apresentava até aqui. Por exemplo, o que mais remete a um found footage “clássico” é a cena no quarto da mãe e tudo que acontece dentro da igreja.

Não por acaso, são esses alguns dos poucos momentos em que o terror tem algum peso. Especialmente como o Eubank usa dos planos contínuos para sugerir uma montagem enquanto os personagens tentam escapar do poço. Só o movimento da câmera, nessa cena, já cria uma tensão ao alternar entre o personagem pendurado e o monstro que se aproxima.

SUBVERTENDO AS TENDÊNCIAS

Mas, no geral, a diversidade de equipamentos que os personagens utilizam é usada apenas para criar uma decupagem super dinâmica. Nem existe mais uma preocupação com a coerência da diegese da câmera, por exemplo. Ou seja, em alguns momentos o diretor deixa de lado a ideia realista da câmera na mão para filmar com uma decupagem comum. Paramos de ter a câmera como um olhar subjetivo dos personagens e voltamos para a decupagem clássica de uma câmera que assiste aos acontecimentos de fora. Como num olhar privilegiado que simplesmente acompanha o que acontece.

É o que acaba fazendo com que o terceiro ato seja mais um filme de ação do que qualquer outra coisa. E isso o Eubank faz muito bem, principalmente com o uso esporádico da câmera lenta. No final das contas, o diretor parte de dois estilos aparentemente distintos, o found footage e o formalismo sóbrio do pós-horror. Mas, usa disso para subverter ambos e resolver sua real preocupação: o dinamismo e a plasticidade da ação.

Atividade Paranormal: Ente Próximo talvez seja, então, o filme mais divertido da franquia. Porque está mais preocupado com um cinema de atrações (a câmera lenta, os efeitos especiais, a estilização das imagens digitais) do que com a criação de atmosfera. Se for para ter outras cenas como a da aldeia inteira possuída, que continuem fazendo esses filmes.