A 2a edição do festival Clássicos do Brasil, que ocorreu nos dias 18, 19 e 20 de outubro na Marina da Glória, teve como objetivo promover um encontro de gerações de artistas que marcaram e continuam a marcar a cena musical do país.
O evento conseguiu atrair diferentes nichos de público, abrangendo desde o rock brasileiro até o samba e o pagode, com atrações como Titãs, Diogo Nogueira, Nando Reis, Samuel Rosa, Maria Gadú, Julia Mestre, Biquini Cavadão, IRA, Ana Cañas, Alcione, Simone e Tacy. Apesar de o line-up ter sido bem dividido, com gêneros musicais que se complementavam a cada dia, a variedade de estilos apresentados proporcionou uma experiência muito agradável.
O festival era claramente voltado para aqueles que viveram os anos 80 e 90. No entanto, será que o público-alvo realmente apreciou o evento? Em relação ao line-up e à pontualidade dos artistas, acredito que eles tenham adorado; no entanto, a estrutura deixou muito a desejar.
Nos três dias de festival, choveu intensamente, e no segundo dia a chuva não parou um só segundo desde a abertura dos portões. Infelizmente, a área onde os espectadores ficavam não estava coberta, e muitos saíram encharcados. O lounge também não apresentou grandes melhorias; a única diferença em relação à pista era que, ali, era possível sentar em bancos completamente molhados e comer um hambúrguer em mesas igualmente encharcadas. O único local coberto era o camarote e a praça de alimentação, que se tornou um refúgio para vários fãs durante os shows. Além disso, não havia tantos pontos de assentos, considerando que o festival atraía um público de idade mais avançada.
Primeiro dia de festival
As apresentações foram verdadeiramente maravilhosas! Julia Mestre abriu o festival interpretando canções de Rita Lee, sendo uma das poucas artistas atuais licenciadas para cantar todas as músicas da rainha do rock brasileiro. Ela animou o início da noite com vocais deslumbrantes. Os efeitos visuais do show não apenas destacaram a cantora, mas também exibiram cenas de entrevistas e clipes de Rita, criando um ambiente aconchegante e carinhoso ao assistir ao tributo.
Em seguida, Maria Gadú entrou, emocionando o público ao homenagear suas ancestrais com a canção “Dona Cila” e abordar questões cruciais, como os direitos dos povos indígenas e as destruições climáticas que o mundo enfrenta. Ela encerrou a apresentação com um poderoso grito de súplica: “Demarcação Já!”. Embora os efeitos visuais fossem praticamente inexistentes, limitando-se a um trabalho de iluminação, isso não fez falta; a presença de Maria Gadú e sua voz impressionante foram mais do que suficientes para deixar o público maravilhado com sua performance.
Nando Reis subiu ao palco cantando o clássico “Segundo Sol” e fazendo piadas sobre o tempo chuvoso. Ao interpretar suas canções icônicas, ele animou a multidão que já se encontrava sob a chuva. O cantor encerrou a noite com uma emocionante declaração: “Eu trocaria a eternidade por essa noite, Rio! Obrigado!”, em referência à sua música “Relicário”. O retorno do cantor estava claramente no tempo errado, coisa que Nando rapidamente solucionou ao pedir para o publico cantar junto com ele, um tempo depois o erro da produção foi ajustado. Agora, os efeitos visuais estavam lindíssimos e delicados, complementaram toda a apresentação de Nando, harmonizando-se perfeitamente com suas melodias.
O público parecia muito ansioso para a apresentação de Samuel Rosa. Cantando suas melhores músicas, ele encerrou a primeira noite do festival e agradeceu por estar em um evento que homenageia tantos artistas lendários da música.
Segundo dia de festival
O segundo dia do Clássicos do Brasil foi marcado por intensa chuva e uma forte ventania. Ana Cañas abriu a noite com uma emocionante homenagem ao grande poeta e cantor Cazuza, interpretando suas canções mais famosas. Apesar da falta de grandes efeitos visuais, a emoção e a presença de palco de Ana aqueceram os corações do publico, mesmo em meio a tanta chuva e frio.
A banda IRA! subiu ao palco logo em seguida, cantando seus maiores clássicos. Apesar da chuva, Nasi, o vocalista, pegou um guarda-chuva e começou a cantar junto com o público, criando uma conexão especial. A banda estava extremamente carismática, fazendo várias brincadeiras com os fãs durante a apresentação. Ao encerrar o show, a banda cantou “Envelheço na Cidade” e o vocalista exclamou: “Não queria falar sobre política, mas o Rio precisa de IRA!”. Os efeitos visuais foram bonitos e muito elaborados, combinou bem com a proposta do show.
A banda Titãs subiu ao palco e o público foi à loucura! Considerados os mais aguardados da noite, eles cantaram seus hits atemporais. A apresentação foi bem organizada, com os holofotes destacados de maneira a valorizar cada integrante. O público, encharcado pela chuva e pelas lágrimas, ficou emocionado ao ouvir “Epitáfio,” que se tornou o ponto alto da noite. Os fãs também ficaram maravilhados ao ver Branco de volta aos palcos; ele agradeceu o carinho demonstrado pelo público. A banda encerrou o show deixando um gostinho de quero mais, e mesmo com o público pedindo bis, a apresentação chegou ao fim. Os efeitos visuais foram simples, consistindo apenas no logo da banda e algumas luzes. Apesar do visual não ser grandioso, foram bonitos e se encaixaram bem na proposta do show.
Biquini Cavadão iniciou sua apresentação, e a plateia se divertiu imensamente! Chamando até fãs para o palco, a banda não apenas ofereceu um show repleto de clássicos, mas também demonstrou um carisma contagiante. Não foram apenas os espectadores que ficaram molhados; o vocalista pegou uma garrafa d’água e se jogou água durante a apresentação, adicionando um toque de empatia ao publico que estava tomando um banho de chuva desde ás 17h. Eles encerraram a noite do segundo dia em grande estilo.
Os efeitos visuais se limitaram apenas a luzes, o que se encaixou perfeitamente na proposta da apresentação.
Terceiro dia de festival
O terceiro e último dia do festival teve como abertura a cantora e compositora Tacy, que fez um emocionante tributo à lendária Cássia Eller. Tacy interpretou as canções icônicas da artista, animando a multidão. O público também ficou maravilhado com a impressionante semelhança vocal e física de Tacy em relação à falecida Cássia Eller. Visualmente, a apresentação utilizou apenas o nome de Tacy ao fundo e um jogo de iluminação, que complementou de forma elegante o show.
Mais adiante, com 37 minutos de atraso, a lendária Alcione subiu ao palco. Saudando a Mangueira, ela fez um show espetacular, cantando e encantando a plateia. O público exclamava o quão importante a artista é para a história do Brasil. Com dançarinos e coreografias impressionantes, Alcione apresentou seus clássicos, envolvendo todos na sua performance. No entanto, os visuais deixaram a desejar; pareciam com aquela famosa figurinha que sua tia manda no WhatsApp dizendo “bom dia”. Para uma artista de tamanha importância, acredito que a parte visual deveria ter sido mais bem elaborada.
Com 43 minutos de atraso, a cantora Simone entrou em cena e emocionou a todos. Ela conversou com a plateia, agradecendo por estar em um festival que celebra a nossa música. Para encerrar o show, Simone presenteou o público com rosas brancas, criando um momento especial. Devido ao atraso, a apresentação foi mais curta do que o esperado. Visualmente, ela utilizou uma asa de borboleta e um fundo em preto e branco, que, embora simplório, foi bonito.
A atração mais aguardada da noite era Diogo Nogueira. Assim que ele entrou no palco, a gritaria da plateia foi ensurdecedora; todos gritavam seu nome em uníssono. A abertura do show contou com a participação de oito dançarinos, criando um grande espetáculo! Cantando seus maiores clássicos de maneira charmosa, Diogo encerrou o festival Clássicos do Brasil de forma memorável. Os efeitos visuais variaram e foram bem elaborados, complementando a performance. O artista realmente parecia oferecer um show completo, com dançarinos, coreografias e um visual deslumbrante.
Evento coberto por: Clara Mendes
Instagram: @claramendessr
Confira a seguir as imagens do festival